Deixei exposto uma série de reflexões sobre o problema da captação, fomento, fidelização e transição do minibásquete para o universo do basquetebol.
Vou a partir de hoje apresentar uma proposta de alteração para os escalões depois do minibásquete e outras sugestões.
Como já foi mencionado nos artigos anteriores aumentar o número de praticantes e conseguir que a base mais alargada da captação desça dos 14 para os 12 anos é decisivo para a consolidação e evolução do basquetebol. É evidente que a simples mudança de escalões não resolve de per si todos os problemas. A solução passa entre outros, pela definição clara e estratégica de onde é que o basquetebol se quer e deve implantar e crescer, qual a reorganização geográfica da modalidade e como devem ser aplicados os recursos em função desses objectivos.
Há uma coisa que tenho a certeza. As mesmas soluções dificilmente conduzirão a resultados diferentes. Enquanto as decisões sobre os problemas de fundo, após um amplo debate, não forem tomadas podemos pelo menos, passo a passo, ir fazendo alterações que poderão contribuir para:
- 1º Facilitar a transição do minibásquete para o basquetebol
- 2º Possibilitar aos Mini-12, que já são praticantes há vários anos poderem jogar a modalidade a um nível mais exigente.
- 3º Não fechar as portas, (pela via competitiva, em que em função de classificações, apuramentos para provas nacionais, etc, só tem lugares os “melhores”), às crianças que chegam à modalidade no último ano de minibásquete.
Com esta alteração a transição seria menos abrupta. Todos os Mini-12 mais evoluídos, sem ficarem vinculados ao escalão acima, poderiam jogar nos Sub-13 e os Mini-12 que acabam de chegar à modalidade, teriam espaço de aprendizagem do jogo nos convívios e concentrações de minibásquete.
Concretamente e em termos práticos a proposta de alteração é a seguinte:
- Minibásquete masculino e feminino: Mini-8. Mini-10 e Mini 12
- Escalões com quadro competitivo formal para clubes a nível federativo:
- Masculinos. Sub-13, Sub-15, Sub-17 e Sub-20
- Femininos: Sub-13, Sub-15 e Sub-18
As razões já expostas, (ver entre outros artigo “Escalões que Idades?”), pelas quais propusemos esta alteração prendem-se fundamentalmente com razões de maturação biológica e o facto de se verificar um fosso enorme entre um tipo de competição entre o escalão dos Mini 12 e o escalão dos Sub-14. As diferenças, entre estas duas formas de competição, tão bem observadas pelo Ricardo Rodrigues, foram relatadas, num artigo a que já fiz referência.
Todas a alterações tem prós e contras e um dos argumentos que questionava esta proposta residia na necessidade de concordância com os escalões da Fiba Europa. Ora uma recolha dos escalões dos diversos países da Europa demonstra, que embora haja vários países que se pautam, pelos escalões da Fiba-Europa, não há unanimidade e cada país organiza os escalões e a existência ou não de campeonatos nacionais nesses escalões de forma completamente diferente uns dos outros, e cada um e sempre em função das suas necessidades e realidade.
Para a semana continuaremos a falar das vantagens desta proposta e desde já lançamos o desafio para reflectirem e nos informarem sobre eventuais desvantagens. Podemos e devemos olhar para outros modelos, mas as soluções dependem das realidades. Olhemos nós para a nossa realidade e em função desta tomemos decisões.
Comentários
Terei todo o gosto em encontrar-me contigo para compreender melhor as tuas sugestões, mas há um ponto que não tenho dúvidas; ou a minha proposta está mal explicada ou não compreendeste a minha sugestão. Pois em situação alguma na minha proposta um jovem de 13 anos poderá jogar com uma criança de 8 anos.
Na minha proposta, com as vantagens e as desvantagens que esta implica, nunca uma criança de 13 anos que chega à modalidade poderá jogar com uma criança de 8 anos, mesmo que esta já tenha já saiba mais do jogo.
Um abraço
A alteração de escalões proposta é o princípio duma lógica que se entronca nas análises que tenho vindo a expor.
Nos vários comentários, vem ao de cima dois momentos sensíveis que nos devem preocupar, a transição do minibásquete para o basquetebol e a transição para seniores, necessidade ou não do escalão de Sub-20
.
Sejam quais forem as soluções a minha preocupação quer num caso quer no outro é sempre a mesma. Evitar o abandono e encontrar formas de fidelizar os praticantes à modalidade.
Mais uma vez obrigado pelos vossos comentários
Pela 1ª vez vou discordar de si,dizendo q o estado de maturação no basquetebol não é apenas uma questão biológica. C/ essa alteração que propõe, vai continuar a ter miudos Sub 13 que aparecem em Setembro a jogar vs miudos q começaram em Sub 8 e tem uma maturidade competitiva superior. A mudança não está nos escalões,mas nos métodos de trabalho.Cada vez se "capta" + tarde, cada vez se treina c/ menos exigência(1 pouco à imagem das escolas,em que os profs tambem já não podem ser "mais rudes" c/ os alunos q não querem aprender), e cada vez se compete menos, e se cria oportunidades de convivio, situação de jogo, situações de decisão etc. Julgo que esta discussão é muito importante e concordo c/ a fase de transição de Sub12 para Sub 14, coisa q cabe a cada Associação moldar de acordo com os clubes e numero de atletas existentes. Em Lisboa, há o campeonato SUB 13 que já faz isso. Ñ faz sentido isso em Associações c/ 2 ou 3 equipas.
grande abraço
Apenas posso comentar relativamente ao sector masculino onde trabalho e aí concordo fundamentalment e com a criação do escalão de sub13 (fundamental!). Depois menos de acordo com o Sub15 e Sub17. Prefiro a criação do escalão de Sub13, Sub14, Sub 16, Sub18 e extinção pura e simples do Sub20 para uma verdadeira revolução da actual CNB2 com diferentes modelos competitivos e até talvez limite de idade (por exemplo: 30-32 anos) afim de evitar que continuem a existir equipas nesta divisão que deveriam jogar INATEL.
Isto é apenas uma opinião minha, com o objectivo de desenvolver o basquetebol português.
O único pormenor que não concordo é com o escalão de sub-20.
Como se sabe, o basquetebol é uma modalidade que não tem capacidade de ser o ganha-pão dos atletas e deste modo estes optam, obviamente, pelos estudos, mais concretamente, universidade (atletas com 18, 19) anos. É sabido, também, que o nível basquetebolísti co do escalão referido tem vindo a decrescer. Um grande factor para este fenómeno é o seguinte:
- o facto de que alguns jovens conciliarem estudos com o basquetebol e o facto das univ estarem situadas (maior parte dos casos) no centro do distrito, faz com que os clubes próximos a estas juntem os melhores jogadores possíveis tendo como consequência a diminuição de equipas e de competição, obrigando a optar-se por um tipo de competição que aconteceu este ano.