Humberto Gomes em entrevista
 
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Humberto Gomes em entrevista

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Humberto GomesEscreveu o Prof Olímpio Coelho na sua carta em que justificava as suas escolhas para os cem nomes do basquetebol português:

Não me parece razoável ignorar aqueles que durante muitos anos dinamizaram a actividade regional e, nessa função, granjearam o respeito e reconhecimento dos seus pares como, por exemplo Humberto Gomes.”

No entanto, não foi o seu passado que nos levou a esta entrevista, foi o presente, nomeadamente o facto de ser um dos mais assíduos comentadores do Planeta Basket e é por aí que vamos começar a nossa entrevista.


Os teus frequentes comentários no Planeta Basket, são um sinal que continuas muito atento e a reflectir sobre o basquetebol no nosso país. Que contributo achas que o Planeta Basket tem dado à reflexão da modalidade?
O Planetabasket tem dado aquele contributo, que a modalidade exige e merece. É um espaço disponível e aberto a quantos queiram dar um pouco de si e do seu conhecimento para engrandecer o mais completo desporto de equipa É pena que não haja mais e melhor participação, quando temos tantos e tão bons companheiros em condição de o fazer. Só a título de exemplo, talvez por ser bem recente, veja-se o brilhante contributo do companheiro Sebastião Mota (parabéns, boa malha !)

Os teus comentários são normalmente mais um contributo para a reflexão. O que te leva a comentar com tanta frequência?
O simples facto de estabelecer “feed-back” com os companheiros que oferecem a disponibilidade de "marcar presença". Também para manifestar o meu reconhecimento por de forma voluntária e graciosa "darem a cara", razão pela qual me "obrigam" também a ir a jogo, não obstante poder falhar uma ou outra bandeja mas, porque não, também mostrar que sou capaz de recuperar uma bola, que parecia perdida ou até fazer um contra, quando sofrer dois pontos era quase eminente...

Gostarias de ver mais pessoas a manifestarem publicamente as sua reflexões e opiniões, quer em artigos quer em comentários?
Pelo que já expressei, obviamente que sim. Mas deixa-me aproveitar a circunstância, porque vem um pouco a propósito, para "juntar" os companheiros já veteranos e recordarmos aqueles momentos (esses sim, difíceis) quando atrevidamente nos vinha à mente fazer uma pergunta ao "monstro" (sinónimo de carinho, mestre!) prof. Teotónio Lima. Comigo, juro que é verdade, em certa ocasião jantei com a pergunta, dormi com ela. Na manhã seguinte ao fazer a barba  - a pergunta - veio de novo à baila, a seguir, ao pequeno almoço. Teimosamente a magana -até talvez traiçoeira - permanecia "cá dentro" e quando fui para a sessão lá vai disto fiz a pergunta. Não, dessa vez não fui triturado porque sabia metade da resposta! Que alívio, meu Deus. Esses sim, tempos difíceis, mas ao mesmo tempo extraordinariamente valiosos e de grande contributo - cá está a palavra- para o basquetebol. Hoje o convite está permanentemente aberto e os "noivos", para um casamento feliz e mais duradouro, dificilmente aparecem. Sinais dos tempos...

Mudando de assunto e para que as gerações mais novas saibam um pouco mais de ti conta-nos um pouco da tua história na modalidade desde quando e aonde começou a tua ligação com o basquetebol e o que fazes actualmente?
Tarefa um pouco extensa, pois são 44 anos de treinador (5 no futebol profissional, ao serviço de Olhanense, Portimonense e Louletano)! Com alguns anos de prática, enquanto jogador, quando com regularidade se jogava no nacional maior, sempre que se era campeão regional, na circunstância no Algarve. Recordo que na véspera de ir para o serviço militar (assentei praça em Tavira) defrontámos o Sporting e coube-me marcar HxH o prof. Hermínio Barreto. Situemo-nos enquanto treinador: durante muitos anos a treinar, época após época, a equipa de seniores masculinos e sempre, como complemento, uma de  formação. Vários títulos regionais, algumas dezenas. Sagrei-me campeão nacional da 3ª divisão nacional, ao serviço de "Os Olhanenses", na final com a Ovarense. Da 2ª divisão nacional, ao serviço do Farense, na final com a Académica. Já anteriormente - 5 épocas antes- havia subido de divisão. Campeão nacional da 1ª divisão, ao serviço do Imortal de Albufeira, na final com o Barreirense, por 23 pontos de diferença, e correspondente subida à Liga Profissional. Nessa final, recordo-me do comentário do então seleccionador nacional, prof Alfredo Almeida: "correu tudo tão certinho, Humberto". Foi realmente uma grande joga e uma tarde memorável.14 anos decorridos continuamos a reunir essa extraordinária família, por ocasião do Natal. Ainda na última 6ª feira a anteceder o dia de Natal nos reunimos a relembrar esses momentos.

Desde o ano  2000 que integrámos a Rede Nacional de Coordenadores Zonais de Formação (Algarve). Formador, por inerência, da ENB. Formador Regional, na área específica. Subdirector do curso grau I. Coordenador de Estágio (graus I e II) e tutor de estágio grau III. Enfim, muito tempo e muitas vivências (quase todas muito gratificantes). Percurso de que me orgulho, mas com a consciência de que nada teria sido possível sem a preciosa e fundamental ajuda dos verdadeiros protagonistas do jogo: os jogadores. Uma palavra e o reconhecimento aos mestres que tiveram a paciência de me aturar, sintetizando o contributo de todos na pessoa e na mensagem histórica e de extraordinário alcance, do prof. Teotónio Lima: "Quando quiseres deixar de aprender, deves deixar de ensinar!"

Depois de nos falares um pouco de ti e do passado uma pergunta sempre difícil: como perspectivas o futuro da modalidade e que podemos fazer para a melhorar?
Não receando  que a "bola" me queime as mãos, mas o companheiro João Ribeiro tem dado muitos e importantes contributos para a melhoria da modalidade; bastará relê-los e pô-los em prática. Pela minha parte, subscrevo-os na íntegra. Mas permito-me ir um pouco numa visão mais globalizante, socorrendo-me de mestre Manuel Sérgio, quando nos lega: "A criação de um desporto novo passa por um maior apoio e respeito aos pequenos clubes - que não tentem ser o reflexo do que se passa, nos grandes clubes! Todo o Desporto deveria ser, necessariamente uma pedagogia e uma política". E nós acrescentamos: isso existe? Irá algum dia existir?

Como não podia deixar de ser uma pergunta sobre o minibasquete, que importância tem o minibasquete dentro da modalidade?
Tem toda a importância. É o verdadeiro embrião para que, mais á frente, a modalidade sénior: o basquetebol possa ser designada como o mais completo desporto de equipa ! É no minibasquete que o verdadeiro amor a uma causa tem uma roupagem verdadeiramente nobre e contagiante!

O Planeta Basket vai através da iniciativa 50 anos 50 depoimentos comemorar os 50 anos de minibásquete em Portugal? Queres colaborar nesta iniciativa e como profundo conhecedor da realidade algarvia não nos queres sugerir nomes, que de algum modo possam enriquecer a história do minibásquete, através de uma entrevista, depoimento ou pequena narração de um acontecimento?
Esta é uma pergunta de difícil resposta. Mencionar nomes sem me esquecer de ninguém não é tarefa fácil. Contudo gostaria de mencionar Joseph Lisboa, dirigente do CD “Os Olhaneneses” grande impulsionador da modalidade sendo este clube o primeiro a ter minibásquete no Algarve. Este primeiro movimento do minibásquete no Algarve do CD “Os Olhanenses” culminou com uma iniciativa designada “Porta-aberta160” que chegou a mobilizar cerca de 250 crianças. Hoje em dia, praticamente todos os clubes do Algarve têm minibásquete. Sem querer susceptibilizar ninguém, sei que felizmente, há muita gente interessada no minibásquete e que se tem fidelizado a esta causa, como são os casos da Carla Frederico, Sofia Vieitas, Paulo Sousa, Ricardo Ovelheira, Emanuel, Ricardo Xufre, Artur Rombinha, Irina Ferreira entre outros.

Terminamos como de costume, que pergunta gostarias que te fizessem e que resposta darias?
Aí vai: Na tua já grande vivência na modalidade que pensamento/mensagem mais te impressionou?
A resposta veio do outro lado do Atlântico, da pátria do jogo, dos EUA, e pela voz do saudoso John Wooden, como sabemos 7 vezes campeão universitário, pela Universidade de UCLA.

"O talento é um dom de Deus, seja grato; a fama é um dom dos homens, seja humilde; a presunção é um dom de si próprio, seja cuidadoso!"

 

Comentários 

 
+1 #5 Humberto Gomes 09-07-2016 07:09
Meu caro José António,engenhe iro e gestor de profissão e, ao seu tempo, discípulo e atleta de eleição :
Foi um acaso, gratificante acaso, encontrar este teu comentário. Só possível com a bondade - porque é um pouco imerecido - e a formação de um ex-praticante e desportista que sempre soube fazer, ser e estar.
Mais não fui realizando do que, em função da "exigência" dos meus atletas e, para poder corresponder, ir tentando umas ideias e alicerçá-las num projeto, para construirmos - nós, a equipa ! - uma identidade.
Aqui, sim, sinceramente penso que o teremos conseguido, e é o mais importante, tem perdurado - e vai continuar - pela vida fora.
Razão pela qual, José António, Jorge Leitão, Zé Cocco, Inácio, Miquelino, Mascote, Tozé Guerreiro, Brito, Camanel, João, Febo, Serginho, Àlvaro Santos (paz à sua alma !) e outros mais que, de momento, não nos ocorrem, continuam no nosso saudável universo de relações.
A todos o meu sentido obrigado.
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+1 #4 José António 08-07-2016 22:39
Excelente entrevista no que respeita às questões e como sempre às excelentes respostas do Humberto Gomes.
Tive oportunidade e a felicidade de o ter tido como treinador e posso dizer que muitos dos seus ensinamentos extravasaram o basket e foram um pilar na gestão de equipas durante toda a minha carreira profissional. Ainda hoje aplico muitos desses ensinamentos.
Espero que o Humberto continue a manter os seus comentários e a dar a sua contribuição para o desenvolvimento da modalidade.
Abraço
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+3 #3 Fernando Henriques 01-03-2014 23:37
Conheço o Srº Humberto Gomes (sim, Srº...) à cerca de 35 anos, desde os tempos do mini basket no saudoso CD "Os Olhanenses" e quero deixar aqui o meu testemunho de um episódio que se passou comigo no minibasket. Um dia o Srº Humberto enquanto coordenador do clube, observou um treino e olhou para mim e disse-me: "temos que trabalhar esses pés!".... e eu com 9 anos levei anos a pensar: "mas que raio têm os meus pés de mal????....."... :)
Grande abraço!
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+5 #2 João Ribeiro 29-01-2014 11:27
Um segundo comentário apenas para enaltecer a escolha da frase com que termina a entrevista. Não restam dúvidas que as palavras e a mensagem nelas contida tem realmente muita força. Despertou-me a vontade de reler John Wooden e alimentar o sonho de um dia o nosso país entender a sua mensagem e podermos ter o Basquetebol como pioneiro de uma verdadeira filosofia desportiva em que a formação numa modalidade andas de braços dados com um percurso académico.
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+4 #1 João Ribeiro 29-01-2014 11:25
Caro Amigo Humberto
Desta vez é a minha vez de comentar.
O meu enorme respeito e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido em prol do Basquetebol do Algarve, pelo qual tenho enorme consideração.
E como estamos em tempo de recordação, enunciar a formar como ouvi primeiramente falar do Coach Humberto: primeiro através do meu colega de curso e quarto Mário do Ó (que imensas vezes o referiu como referência na sua formação como jogador) e depois pelo primeiro contributo dado à revista Treinador, nomeadamente no que à defesa diz respeito (aliás imagem de marca do meu amigo Mário - um guerreiro lutador).
Depois a convivência numa área com a qual sei que identifica muito - a formação de treinadores.
O dom da palavra, o discurso apaixonado pelo jogo. Pois fica o pensamento de que foi pena não ter sido meu treinador!
Aquele Abraço
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