O Treinador sabe o que sabe
 
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O Treinador sabe o que sabe

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Humberto GomesNeste 1º "ensaio" a que nos propusemos - outros se seguirão, particularmente no balanço da próxima edição da Festa -, fruto das múltiplas observações, registo e análise,

face às funções que desempenhamos desde 1999, 1º integrado na RNCZFormação/área Algarve, depois como coordenador de estágio - ambas na dependência da ENB/FPB -, enquadremo-nos neste despretensioso contributo, alicerçando este nosso "time out" nesta sublime e responsabilizante mensagem do saudoso mestre prof. Teotónio Lima - "Foi o maior de todos nós, treinadores", referência feita por outro mestre prof. Hermínio Barreto.

Vamos, então, "a jogo":

"Ensinar primeiro e treinar depois deverá ser, necessariamente, a prática que os treinadores responsáveis pela formação desportiva dos jovens têm de seguir como opção pedagógica, resultante de uma metodologia de ensino dos jogos desportivos coletivos que defenda em primeiro lugar os interesses e as necessidades das crianças e dos mais jovens".

Na função de treinador, saber o mais possível não é saber tudo no momento em que começa a ensinar, primeiro, e só depois treinar.

Dois alicerces para ter sucesso na carreira de treinador, corresponderão a ter vocação e a ter conhecimento do jogo, com as necessárias experimentações, nas suas múltiplas variáveis, aplicando a coexistência entre o suporte da teoria e desenvolvimento prático.

Preocupante se tem vindo a revelar a fraca qualidade dos nossos mais jovens praticantes e, como consequência, do nível da prática do jogo - exceção de há cerca de 4/5 épocas para o género feminino, a que não será alheia a circunstância de muitas delas serem, curiosamente, filhas de ex-praticantes.

São exemplo disso, as medíocres percentagens de concretização do gesto técnico fundamental do jogo, o lançamento, a eficácia do passe/receção - de que resultam um excessivo número de TO - e a indefinição de um modelo de jogo simples, mas exigente (não permitindo a regressão) que, assente na assimilação dos gestos técnicos na idade ótima de aprendizagem ("receita" com extraordinário sucesso de nuestros hermanos), possa proporcionar a indispensável criatividade.

Para além dos conteúdos relacionados com os princípios defensivos e ofensivos, de há muito se preconiza, na formação de treinadores, a clara indicação  para que o jovem praticante, na proximidade do cesto, perante a oposição do adversário, possa com rapidez e eficácia exercer a tripla ameaça, a partir do leque de opções interiorizadas, tomando a melhor decisão.

Se "tomarmos o pulso", estabelecendo a comparação, regra geral, entre o nosso jovem praticante e, com igual tempo de prática, o miúdo espanhol, observaremos uma enorme diferença de execução que nos separa dessa outra vivência, fruto da "receita" a que nos referimos.

Como compreender, então, constatada de há muito esta insofismável realidade, que adquirida a indispensável qualificação e formação, o treinador que sempre deverá ter como nobre missão arranjar soluções para os seus jogadores, a pretexto de algumas explicações...inexplicáveis, escolha o caminho, estilo "fast-food", em que o mais importante será ganhar o jogo?

Mas, mais grave, é pretender ganhar o jogo, fazendo "batota" (porque ilude o elemento fundamental do jogo: o atleta), desprezando o preenchimento adequado e harmonioso das 6 fases do jogo, utilizando a ideia/"visão"... redutora de que, como defendendo hxh não está a resultar, desconto de tempo solicitado, placa de "mangas arregaçadas" , marcador multicolor e lá vai disto : defesa zona 2x3, braços bem levantados, para reduzir a mobilidade, com quase nula aplicação de princípios defensivos. Enquanto, junto à linha lateral, se vão sucedendo os gritos de defesa 2, defesa 2.

Na sequência da "brilhante" ideia/visão..., recuperada a posse de bola, muito mais por inépcia do adversário do que por mérito próprio, pouco se verifica a transição rápida, antes se preferindo controlar para ganhar, atacando, então, com movimentações pré-estabelecidos com bloqueios diretos, duplos e por aí adiante... - jogando em "flex" dos iniciados aos seniores, porque vai ficando bem assimilado.

Ou ainda, como expoente máximo, abdicando de defender com cinco jogadores, porque se jogar com um ou dois pontas de lança, se dará um valente "golpe tático" no adversário, tal como incentivar os defensores a tentarem interceções para depois... não defenderem.

Nos entretantos, estamos em crer na via de se "fazer o que tem de ser feito", lá surge no desenrolar da Festa a forma "coerciva" de ser obrigatório defender hxh sem, recurso a sistemas de defesa zonais.

Na nossa vizinha Espanha, esta questão nem sequer é equacionada, na medida em que, consciente e responsavelmente, existe consenso face á "receita" a que acima nos referimos.

Do que conhecemos de nuestros hermanos, e a que entre nós também se passa testemunho, no processo ensino-aprendizagem o erro não poderá constituir um entrave, nem constituir carga negativa, uma vez que constitui um importante meio de aprendizagem e treino.

Ao treinador -  porque deve saber o que sabe -  está cometida a importante e decisiva tarefa da evolução do praticante, capaz de incentivar a criatividade dos jogadores, dar-lhes espaço para errarem e poderem refletir sobre os erros que cometem, melhorando, assim, as suas competências na via de um aprender a fazer, fazendo.

Partindo do elementar princípio de que ser criativo não poderá significar perda de eficácia ou desrespeito pelos princípios e regras estabelecidas, que sempre devem nortear a vida coletiva das equipas, na obtenção dos resultados e rendimentos à partida programados.

Passando em revista alguns ícones no plano sociológico, despertou-nos a atenção duas definições/mensagens do "ter opinião", a 1ª de Auto Gélio : "Má é uma opinião que não pode ser mudada" e a 2ª : "Há pessoas que se apegam à sua opinião não porque seja verdadeira, mas porque é a sua".

Regressemos ao saudoso mestre e prof. Teotónio Lima - quanto o basquetebol ficou mais pobre com o seu desaparecimento! -, para uma maior reflexão: "Um dos aspetos que mais deve cuidar o treinador é a de constante intercâmbio de opiniões com outros treinadores de maior experiência para assim poder desenvolver e aumentar os seus conhecimentos".

E a fechar este nosso trajeto, de hoje, uma referência à Ética - conjunto de coisas que fazemos e atitudes que tomamos com "todo o mundo" a nos observar.

Voltaremos a 24 de Março, com o tema: "És competente, tens talento mas não jogas!

Até lá, e bom Basket!

 

Comentários 

 
0 #4 Fernando Henriques 23-03-2016 23:44
Caro Humberto. Muito bom este artigo!

E ainda acrescento, que muitos dos jovens treinadores a quem possa ser reconhecido algum potencial, acabam por desistir, porque perdem as "forças" de tanto remar contra a maré.... abrindo espaço aos outros. É um cenário triste mas é a nossa realidade.
Abraço
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0 #3 Humberto Gomes 16-03-2016 14:07
Meus caros Bio e Paulo: havia pensado não retribuir com qualquer comentário, evitando que algum desconhecimento por parte de alguém(s) pudesse apelidar de "troca de galhardetes", mas pela consideração e amizade que nos une, aí vai:
Agradecer a vossa bondade - talvez um pouco imerecida - ao classificarem o artigo da forma como o fizeram. Depois, dizer ao Bio - companheiro e amigo de peito há mais de 40 anos - que a modalidade reclamará que, enquanto tiveres forças, vás dando o teu inestimável contributo à causa dos que querem e não dos que precisam. Quanto ao Paulo, expressar que o nº de dedos de uma mão chegam para o integrar no lote dos jogadores mais inteligentes que orientámos, na linha desse extraordinário "play maker" que era o Paulo Sérgio. O Paulo possuía a rara virtude de uma terrível eficácia no jogar dentro/jogar fora, para, "on fire", se assumir como um tremendo lançador. A ambos, pelos momentos(muitos ) de felicidade, aquele abraço.
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0 #2 Paulo Almeida 16-03-2016 10:38
Talvez o melhor artigo que li sobre a nossa modalidade, nos últimos 20 anos. Diz o essencial, de forma simples e clara. E é sem dúvida nenhuma, um retrato do que se passa.
Um grande abraço, professor.
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+2 #1 Carlos Bio 14-03-2016 00:27
Os meus parabéns ao Humberto, por mais este seu excelente contributo para que o nosso Basquetebol de que tanto gostamos possa melhorar. Contudo fica-me sempre a "INCERTEZA" desde há uns anos, que os nossos jovens treinadores ouçam a experiência e os conselhos dos mais velhos. É que que por mais contributos que possamos dar, eu continuo a ver as mesmas coisas e nada muda, o que já se torna cansativo. Eu pessoalmente já quase desisti de ver jogos da minha modalidade e
e com mágoa que o digo. Bem Haja Humberto. Um abraço.
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