Que melhor motivação um atleta, treinador, dirigente, jovem praticante ou um espectador pode ter quando ao entrar num pavilhão, este estar cheio de adeptos apaixonados pela modalidade.
Na semana que o F. C. Porto e S. L. Benfica jogaram para as competições europeias, com a primeira mão em casa, reparei que em ambos os jogos o número de espectadores foi muito reduzido. Falando com algumas pessoas que tiverem nos 2 pavilhões e lendo alguns comentários nas redes sociais, em comum havia uma queixa geral da falta de participação de pessoas aos pavilhões.
Como sabemos, não é desta semana que a falta de espectadores existe, provavelmente com o passar dos anos a modalidade tem perdido centenas de adeptos que em, outra hora, compunham e até enchiam os mesmos pavilhões que agora estão vazios.
Este facto fez-me reflectir e olhar para a situação profissional que me encontro e o contexto que estou inserido. Para contextualizar o resto do artigo, começo por dizer que na última semana a equipa do Janus Fabriano fez 3 jogos, 2 jogos oficiais e 1 jogo amigável. No 1º jogo oficial em casa (o mesmo da foto) estiveram mais de 1500 pessoas a assistir, o jogo amigável a meio da semana fora estavam cerca de 50 pessoas e finalmente no 2º jogo oficial fora estavam mais de 400 pessoas a ver.
Perguntei qual a razão que, numa serie C, existem tantas pessoas a assistir jogos? A resposta foi simples: existe uma grande tradição em apoiar a equipa local e uma cultura desportiva que passa de geração para geração em fazer perceber a importância desse mesmo apoio.
Mais, na serie C todas as pessoas tem que pagar bilhete, que custa uma média de 5 euros ou então comprar o bilhete de época e mesmo assim os pavilhões estão cheios.
Claro que existe uma estrutura competitiva e organizativa que facilita toda essa cultura se desenvolva mas acima de tudo a ligação do desporto no geral, da sua importância e dos seus benefícios, ligado aos horários escolares e à perspectiva de se poder fazer uma carreira como outra qualquer profissão são factores fundamentais.
A minha pergunta então será a seguinte: o que será preciso para voltar a ter os pavilhões cheios em Portugal? Será que o pagar bilhete é um impedimento ou apenas uma desculpa?
Pessoalmente, penso que está relacionado com uma problema de sistema, que começa com a pouca importância do desporto nas escolas, desinvestimento na formação das estruturas desportivas e pessoas e, acima de tudo, falta de cultura desportiva de um povo.
Portugal é um país de futebol!!! Não se aproxima nem de perto aos país de futebol que é Itália. Portugal teve uma grande crise e não existe investimento!!! Itália faz parte desse grupo de países que passou o mesmo que Portugal passou.
Um dia gostava de ver os nossos pavilhões, de norte a sul, este a oeste como os que vejo aqui, cheios de adeptos apaixonados pela modalidade.
Entretanto, por estas bandas o desporto não são uns a bater umas bolas ou a dar uns chutos, são estruturas bem construídas com visões a médio longo prazo que, acima de tudo, apenas tem como objectivo de servir o interveniente mais importante: o atleta!
Nuno Tavares
+39 347 339 8969
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ISY
Comentários
Se permitem gostaria de realçar a parte final da frase do Nuno, "Objetivo de servir o interveniente mais importante: o atleta".
Este será porventura o primeiro e o principal aspeto a modificar na modalidade em Portugal, e que está totalmente esquecido pela maioria dos agentes.
Naturalmente os restantes aspetos mencionados no artigo também o são, no entanto enquanto não se centrarem no atleta, para que se volte a criar com o tempo uma comunidade, que quando "deixam" o jogo efetivo, mantêm e transmitem o gosto e a valores da modalidade as seus descendentes, nunca conseguirão atingir os restantes objetivos (i.e. + assistência; + jogadores; +e equipas;+ financiamento; entre outros).
Fica uma opinião.
ISYTOO