No recente artigo “Parabéns ao Odivelas Basket” escrevi: “Aos poucos e serenamente farei um balanço das transformações que foram acontecendo durante estes últimos dezasseis anos no universo do minibásquete.”
Contudo este balanço, que será em simultâneo uma reflexão sobre o trabalho realizado, não será sequencial. Será interrompido, sempre que sentir a necessidade ou impulso de escrever sobre outro assunto, como por exemplo o recente, e o mais do que merecido elogio ao amigo Manuel Campos.
“We have to see the big picture” esta é uma expressão que muito me agrada, pois penso que muitas das vezes a discussão das soluções se fica por mundos muito pontuais. Não é que não seja importante, mas penso que ficamos, por exemplo, demasiado tempo a discutir modelos de ensino, formas de jogo, altura dos cestos, tamanho das bolas e deixamos de olhar, entre outras, para a as questões de fundo como: estratégias consistentes para a captação e fidelização de praticantes, organização administrativa e geográfica do basquetebol, organização dos horários nomeadamente para treinos do minibásquete e criação duma estrutura organizativa, que consiga conciliar os sistemas da actividade desportiva escolar e federada.
Estas sim são questões de fundo, que poderão provocar transformações significativas no basquetebol, nomeadamente num dos grandes objectivos da federação: o aumento da massa crítica.
Contudo voltando a olhar para a “big picture” há um assunto ainda mais preocupante: a diminuição drástica do número de jovens da faixa etária entre os 6 e os 12 anos em Portugal. Quando passei a ser o director técnico do minibásquete na federação, partindo do pressuposto que o principal objectivo era a captação de mais crianças para a modalidade, a minha primeira preocupação foi perceber, quantos jovens havia em Portugal entre os 6 e os 12 anos, em que distritos e concelhos viviam e quantos destes praticavam minibásquete. Para a semana vou apresentar, acompanhados com uma reflexão, os dados recolhidos nessa altura.
Hoje fico-me por um dado que considero verdadeiramente preocupante. Há dezasseis anos o nosso país tinha para uma população de 10.076.572 habitantes 810.107 crianças dos 6 aos 12 anos. Ainda não tenho os dados exactos, mas estes apontam para que haja menos cerca de 150.000 crianças nesta faixa etária. Estes são dados que a todos independentemente de gostarmos ou não muito da nossa modalidade nos devem preocupar. Tomar consciência deste facto e saber olhar para esta nova realidade é decisivo.
Comentários
Excelente reflexão. Como diriam os americanos - pontos chave. Chave essa que, utopicamente falando, nos daria a capacidade de gerar transformação positiva no Desporto Nacional. A grande imagem de marca da nossa modalidade, mas que a estamos a deixar enferrujar. Aquele Abraço
Folgo muito em saber que tem interesse em ler os artigos que tento partilhar com mais pessoas. É realmente preocupante a permanente queda da taxa de natalidade em Portugal, transformando-nos num pais e pessoas idosas. Como refere concordo que Inverter esta situação deve ser
verdadeiramente um desígnio das políticas deste país. Obrigado pelo seu comentário