A profissão basquetebol
 
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A profissão basquetebol

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altHá muito que as palavras profissão e basquetebol, em Portugal, andam afastadas enquanto contexto global e transversal à nossa modalidade. Ainda sou do tempo de liga profissional, dos jogos em direto todas as semanas em canal aberto,

do programa semanal com as 10 melhores jogadas, da revista basquetebol, entre outros.

Muito mudou desde essa altura, a modalidade, a sociedade, a economia; no entanto o mesmo que mudou em Portugal, mudou nos outros países. Então onde falhamos?

Um dos factores de comparação com o pais onde trabalho é, claramente, a aposta nas estruturas da modalidade. Em Itália existe uma linha geral em todos os clubes em termos de estrutura, desde directores desportivos a directores técnicos, do uso correcto das redes sociais ao desenvolvimento de uma comunicação/marketing clara para dentro e fora do clube. É urgente que em Portugal se desenvolva, tanto como os treinadores e os jogadores, o dirigismo nos clubes, que se perceba a sua função e que caminho devemos percorrer para termos dirigentes mais sincronizados com a realidade da modalidade. O dirigismo em Portugal, no geral, está muito longe do resto da Europa. No entanto, penso que a questão do dirigismo é transversal à sociedade.

Outro dos factores é a geografia do país e a distribuição dos clubes pelo mesmo. Claramente cada vez mais o basquetebol está a desaparecer de muitas partes de Portugal, onde existe associação com muitos poucos clubes, concentrando-se então a maior parte dos clubes no litoral e em 4/5 associações (Lisboa/Porto/Aveiro/Algarve/Coimbra).

Esta má distribuição faz com que a modalidade perca força e caia em esquecimento, em termos de popularidade logo faz com que haja cada vez menos praticantes. Outro dos aspectos relevantes é o numero excessivo de associações que temos. Quando comparado com Espanha, temos quase o mesmo número de associações do que um país que tem 5 vezes mais população que Portugal. Dou como exemplo a associação de Bragança: associação esta que possui 4 clubes. É fundamental que se reforme o conceito de associação, que se agrupe as mesmas em 5 ou 6, cobrindo mais área geográfica. Como consequência disso, consegue-se melhorar a modalidade em termos de competitividade e logística de clubes.

Mais clubes em mais regiões farão com que existam mais jogos, logo, proporcionalmente, mais árbitros e mais contacto com patrocinadores, o que originará mais atletas com melhores condições para evoluir.

Reformar a própria modalidade é fundamental. Podemos pegar no exemplo dos escalões de formação e da relação com a arbitragem, em termos logísticos. Num país como Itália, que está sempre presente nas divisões A de todos os escalões (masculino/feminino) existe um campeonato oficial logo nos sub13 (sendo que nos próximo ano desportivo irá iniciar-se um campeonato oficial de sub12). De sub13 a sub20 não existem oficiais de mesa que venham de fora da cidade onde o jogo se realiza. O clube da casa é, então, obrigado a ter x pessoas com o curso realizado de modo a que existam sempre pessoas disponíveis. O valor a pagar aos oficiais de mesa é acordado diretamente aos mesmos antes da partida começar, pela equipa da casa. Ao mesmo tempo, em sub13 e sub14, quando não é possível 2 árbitros oficiais, apita apenas 1 mas aquilo que nunca acontece (ou que acontece muito raramente) é não haver árbitros, situação essa que é inadmissível acontecer. Por sua vez, em Portugal acontece com muita regularidade (até em sub18...).

Um projeto no minibasket nacional que esteja em sintonia com todos os clubes e que abranja de norte a sul, este a oeste. O minibasket em Portugal melhorou muito nos últimos 15 anos mas, parte deste melhoramento veio por uma necessidade grande dos clubes criarem receita com um escalão que tem muitos poucos encargos. A verdade é que o minibasket está muito longe de ter uma base tão grande que crie parte da sustentabilidade para o nosso basquetebol. Os organismos que tutelam a modalidade tem que começar a olhar para o minibasket não como uma prioridade mas sim como A prioridade, à frente até de outras manifestações de basquetebol juvenil que são importantes mas não fundamentais para o seu desenvolvimento.

Ainda sobre o minibasket, é urgente criar um grau exclusivo para este escalão e não tê-lo dentro do grau I. O grau I não é para treinadores de minibasket mas sim para treinadores de formação (sub13 para cima). Considero o minibasket tão importante que acho que até deveria existir um grau tão exigente (ou mais) que o grau III. O minibasket não é para todos os treinadores e muito menos para treinadores com 18 anos que não tem a sensibilidade para lidar com crianças que tem outras necessidades, devido à sua idade cronológica/biológica/mental.

Depois da base da pirâmide, o topo da mesma. A actual liga portuguesa está desajustada, com um fosso grande entre as primeiras equipas e o resto da tabela. Este fosso irá sempre existir em Portugal tal como noutros países, o que não acontece é uma diferença tão grande entre o primeiro terço e o resto.

A minha sugestão é que se crie uma liga fechada no topo, se faça um projecto de fundo, começando com 8 equipas que podia ir até 14 (ao longo dos anos), mas que estas 8 tenham regras muito rígidas em termos de estrutura, contratos para treinadores-jogadores-fisioterapeutas-outros agentes da modalidade. Olhar um pouco para o formato da Euroliga e criar um sistema de licenças que seriam dadas e retiradas conforme a capacidade de cada equipa. Uma licença A para equipas que conseguissem fazer um projecto com mais de 3 anos, e uma licença B para equipas que conseguissem o mínimo das condições exigidas para participar mas sabendo sempre que se aparecesse uma equipa com um projecto aprovado para a licença A teria prioridade.

Acabando-se com a Proliga, e formando-se uma CNB1 com norte e sul com 14 equipas em cada, sendo que o resto das equipas formariam uma CNB2 em grupos regionais.

Com este formato, as equipas da liga teriam melhores jogadores e estrangeiros de melhor qualidade (e em maior numero), sendo que os 4 ou 5 portugueses estivessem num contexto de grande evolução. Até porque se olharmos para as principais ligas europeias, quando jogadores nas equipas de topo, do seu pais, existem?

Ao mesmo tempo criar um projecto de comunicação e marketing à volta desta liga de modo a que existe um linha geral para todos os clubes, dando o devido espaço para os clubes poderem desenvolver as suas próprias estratégias. O basquetebol português tem que ser gerido de forma profissional em todos os seus departamentos, e neste momento continuamos a ser amadores profissionais neste aspeto.

Tudo o que mencionei acima são alguns aspetos que poderiam trazer melhorias ao nosso basquetebol, nunca esquecendo que são projeto de médio-longo prazo e não de amanhã. O basquetebol nacional não tem que ser igual ao dos outros países, mas para se aproximar precisa de ter semelhanças em muitos aspectos e, para voltarmos a ter uma modalidade profissional, precisamos de perceber o nosso contexto, estruturar a modalidade de modo a que os sponsors nos vejam como um bom investimento e que o publico volte aos pavilhões.

Não podemos continuar a ter equipas em competições europeias com 50 pessoas nas bancadas.

Nuno Tavares
+351 968 341 414
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M&M
 

Comentários 

 
+1 #2 João Fraga 19-10-2017 09:52
Um curso específico para treinadores de mini parece-me uma ideia interessante. No entanto, julgo que não será fácil aparecerem muitas pessoas com a experiência e a maturidade desejáveis dispostas a se especializarem nesta importantíssima área enquanto a sua função não for devidamente valorizada socialmente (coisa que me parece estar muito longe de acontecer)...
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+1 #1 Carlos Bio 10-10-2017 23:48
Parabéns Nuno, esta tua excelente reflexão. É realmente a realidade existente no nosso Basquetebol.. Espero e faço votos que este teu artigo, não caia em saco roto. Como treinador em Pré-Reforma só te tenho agradecer.Abraço.
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