O mais difícil

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altMuitas são as pessoas que me abordam a perguntar, que estratégias utilizo, para aumentar o número de minis no Belenenses. Vou para a minha quinta época como coordenador do minibásquete do clube e para mim,

cada vez é mais evidente que, por um conjunto alargado de razões sociais, a maior dificuldade no minibásquete, não é ensinarmos as crianças, que já tem gosto na modalidade, a maior dificuldade é a atracção, captação e criação do gosto que leve à  sua fidelização.

Este é um trabalho árduo que requer muita paciência. Os resultados deste trabalho só aparecem muitos anos mais tarde, mas são decisivos como se pode depreender das palavras de Carlos Lisboa, quando mencionou na gala dos 90 anos da FPB, os três treinadores que mais o influenciaram referindo-se a dois grande nomes do nosso basquetebol Mário Albuquerque e Mário Palma e ao seu primeiro treinador, ainda como mini em Moçambique, o João Morais.

Não é esta a primeira vez que abordo este tema, sobre o qual penso, que é importante não deixarmos de reflectir. A nossa modalidade só crescerá e se desenvolverá se tivermos a perspectiva do quadro global do seu desenvolvimento, e não apenas aspectos parcelares, por mais importantes que estes sejam.

Repito uma ideia já anteriormente expressa, que para mim o factor mais importante do basquetebol são as pessoas. O basquetebol é feito por pessoas e para as pessoas, pelo que se torna decisivo saber envolve-las nas mais variadas facetas da modalidade, praticantes, treinadores, árbitros, dirigentes, espectadores etc, mas tudo começa fundamentalmente no minibásquete.

Volto a repetir as razões, que levam uma criança a praticar uma modalidade e que estão perfeitamente tipificadas e que são as seguintes:

1. Razões familiares – O pai, a mãe, um irmão ou algum familiar pratica ou praticou basquetebol ou por sugestão de alguém consideram que aquela é uma boa actividade para o desenvolvimento dos seus filhos.

2. As amizades – Muitas são as crianças que praticam determinada modalidade por influência dos amigos, daí o apelo frequente ao “Traz um amigo”.

3. Os media e razões culturais e sociais – Não é por acaso que em Portugal a maioria dos rapazes quer jogar futebol. Se este facto dificulta a captação nos masculinos, deixa espaço aberto nos femininos.

4. A escola – O ambiente escolar e a prática ou não de uma determinada modalidade dentro da escola são factores influenciadores da escolha duma modalidade.

5. Actividades promocionais – Neste factor a proximidade é decisiva. Se promovermos o minibásquete do clube longe do local dos treinos dificilmente seremos capazes de captar praticantes.

Saber de basquete é importante, ter conhecimento sobre as leis da aprendizagem é necessário, mas compreendidos os factores que levam uma criança à sua prática o decisivo é termos a capacidade de as fidelizar.

 

Comentários 

 
0 #2 Fernando Henriques 15-11-2017 17:54
Olá San Payo

Lendo estas 5 razões e da minha ainda pequena experiência de 8 anos nos escalões de formação, atrevo-me a acrescentar ainda outra razão que para mim é também fundamental: O Treinador!
Continuo a acreditar que se noutros escalões um treinador esforçado, e dedicado consegue desempenhar relativamente bem as suas funções, nos escalões de formação, em particular no mini basket, ou se nasce com o "dom" ou não....
Nestas idades as crianças percebem perfeitamente o "intimo" e o "interior" do seu treinador e isso leva-as a continuar ou não e a trazer o tal amigo.
Um treinador nestes escalões tem que ser avaliado pela evolução dos seus atletas e quantos conseguiu fidelizar. Começa com quantos e no final da época tem quantos?
O que não falta são exemplos de crianças com enorme potencial que entram na modalidade para clubes que não conseguem ganhar a batalha "sofá jogos PS4 vs Basket"...

Abraço
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+1 #1 Ana Rita 14-11-2017 10:38
O gosto pela modalidade em si é importante!. Mas nestas idades os treinadores são sem dúvida um dos elos para a continuidade.
O Miguel e Vasco tiveram sorte com os seus treinadores.
Um bem HAJA a todos os treinadores (papel nada fácil muitas vezes) que dedicam tanto de si em prol das camadas mais jovens.
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