O Planeta Basket contínua com as entrevistas a árbitros jovens, desta vez fomos até à capital falar com Guilherme Vilhena. Tem apenas 16 anos e deseja chegar a árbitro internacional.
Ainda antes de tirar o curso de árbitro, o Guilherme arbitrou um SIMECQ - Benfica, onde teve um episódio que mostrou calma, serenidade e ponderação:
Decorria a época desportiva 2009/10. No campeonato distrital de Lisboa em iniciadas femininas SIMECQ e SL Benfica mediam forças num derby regional.
Apesar da ausência de árbitros, as duas equipas decidiram realizar o jogo. Para apitar foi chamado um rapaz, que na altura tinha apenas 14 anos e que não era árbitro. Ainda assim o jovem aceitou o desafio, que muitos outros recusaram.
O jogo começou e como se esperava estava a ser bem disputado. E com o calor do jogo, o treinador benfiquista começou a dirigir palavras ao jovem que apitava. Nesse momento, com toda a serenidade do mundo, o rapaz dirigiu-se ao banco encarnado, e para espanto de todos no pavilhão acalmou o treinador benfiquista. Foi um momento único e até final não mais houve problemas com a arbitragem.
Ao Guilherme muitas felicidades e votos para que consiga atingir os seus objectivos!
Estiveste ligada de alguma outra forma à modalidade antes de te dedicares à arbitragem? Jogaste basquetebol e onde?
Sim, estou ligado à modalidade, na SIMECQ no escalão de sub-16 onde jogo há 2 épocas e meia.
Porque te decidiste tornar arbitro? Quais foram os principais motivos?
Decidi tornar-me árbitro porque fui convidado pelo treinador dos sub-14M da SIMECQ para apitar um jogo oficial, cujo não tinham sido nomeados árbitros. Como a minha prestação foi do agrado de todos, e estes me elogiaram continuei a apitar. Como gostava, diziam que tinha jeito e podia ganhar algum dinheiro decidi frequentar o curso.
Alguém te influenciou a enfrentares este desafio da arbitragem?
Vários colegas, amigos e treinadores incentivaram-me a enfrentar este desafio.
Para ti, quais são as qualidades que um jovem arbitro deve ter para ser bem sucedido?
Acima de tudo o gosto pela modalidade e pela arbitragem, depois ser honesto, coerente e tentar apitar aquilo que vê. Tentar aprender sempre mais...
É fácil arbitrar e impor respeito em campo com a tua tenra idade?
Sim, apitar para mim é fácil, ou seja, tento fazer sempre o meu melhor, e sempre que necessário impondo o respeito.
Quais são os teus objectivos para esta “profissão” a longo prazo?
Chegar o mais longe possível, se puder árbitro internacional.
As tuas simpatias ou antipatias com pessoas que estão em campo, influenciam o teu trabalho?
Não, nem podem aí estaria a perder credibilidade.
Como lidas com situações de pais ou adeptos malcriados?
O que vem da bancada não pode interferir com o meu trabalho. Nunca me aconteceu, mas quando acontecer, estarei preparado para enfrentar essa situação, não podendo isso interferir com a minha prestação.
Qual foi o jogo mais difícil que apitaste?
Já apitei alguns jogos e até ao momento não senti quaisquer dificuldades, mas claro que tenho na consciência que tenho de melhorar.
Com apenas 14 anos acalmas-te um treinador do Benfica de uma maneira magnífica. O teu gesto foi um exemplo para muitos árbitros. Podes falar-nos desse episódio?
Pois, uma longa história. Começou quando o treinador das sub-14F da SIMECQ me pediu para apitar um jogo destas contra o Benfica. Estava a correr tudo bem, até o treinador do Benfica achar que ajuizei mal um lance e ter mandado a placa contra o chão o que me chateou. Simplesmente cheguei ao pé dele e lhe disse para se acalmar porque eu estava ali a dar uma ajuda sozinho e com a minha tenra idade. E disse que mais uma destas e teria de actuar com uma falta técnica. Tudo isto no momento, não sei se fosse agora o que aconteceria. Ele virou-se para mim e disse-me que eu estava a fazer um bom trabalho ("estás a fazer um bom trabalho miúdo"). E assim prosseguiu o jogo.
Qual foi até hoje, o momento mais feliz da tua carreira, enquanto arbitro? E o mais infeliz?
A minha carreira como árbitro ainda é curta por isso nao sei bem avaliar quais os melhores e piores momentos. Mas ir às festas do basquetebol é de certeza um marco na minha curta carreira de árbitro.
Os árbitros também "jogam" em equipa. Há algum colega com quem tenhas particular apreço em fazer dupla?
Com todos os colegas que já apitei, até agora, com todos voltaria a fazer dupla. Claro que quero conhecer e apitar com árbitros diferentes (mais experientes) pois todos têm coisas diferentes a dizer-me para contribuir para a minha evolução.
O que é que pensas do site Planeta Basket?
Vou admitir que tenho pouco conhecimento deste famoso site de basquetebol mas pelo que vi este agradou-me imenso.
Comentários
Obrigado, a todos!
Parabéns também pela "coragem" de seguires o caminho da arbitragem, um caminho concerteza complicado e difícil mas que, apesar da tua tenra idade, já mostras capacidade para o percorreres com sucesso! Mantém a humildade e a capacidade de trabalho pois será isso que te trará mais conhecimentos e confiança para encarares todos os desafios que por aí vêm!
Espero que sejas bem acompanhado na arbitragem, pois é essencial para conseguires uma boa carreira.
Eu estou a apostar em ti. ;)
Bom trabalho!
Mas nunca esquecas: talento sem trabalho, nao da frutos.
Sei que vais dar o teu melhor.
Um beijinho,
Sonia
Isto só para dizer que conheço o Guilherme Vilhena muito bem , é um excelente rapaz educado e humilde,.
Sei que o miúdo mostrava muito jeito para a arbitragem, e várias vezes eu próprio lhe pedi para arbitrar jogos, quando não haviam árbitros, o miúdo tem realmente muito jeito e vai de certeza dar um bom árbitro internacional.
Guilherme boa sorte,
Augusto Silva