Em alguns sítios na web tem-se verificado a tendência de apontar os resultados das selecções nacionais nos Europeus disputados neste Verão.
Penso que é normal em todos os países do Mundo, e especialmente em Portugal, discutir o trabalho dos outros, e especialmente, dos que representam o nosso país. Por vezes, também eu o faço.
Até este Verão, e com excepção do Eurobasket 07 que decorreu em Espanha, nunca tinha acompanhado um Campeonato da Europa dando tanta atenção às classificações, às possibilidades de apuramento desta ou daquela equipa, às contas que muitos fazem para se poderem apurar, ou à diferença na qualidade exibicional das equipas após verem goradas as possibilidades de integrarem uma fase na qual pretendiam entrar.
Pois bem, quando acompanhei o Europeu de Sub16 Masculinos percebi, finalmente, que a distância que separa um 5º lugar de um 13º pode ser uma simples derrota num jogo que correu mal. E que treinador ou jogador nunca teve um jogo desses? Numa competição tão curta, disputada em tão pouco tempo, um momento desses ganha especial importância. Se a tua equipa entra numa dinâmica de vitória e com uma atitude sempre positiva em relação ao jogo, podem conseguir resultados que à partida seriam pouco previsíveis, levando alguns a perguntar ‘Como é que estes gajos, sem saber jogar nada de especial, sem terem nenhum grande jogador, ganham este jogo e estão nesta fase da competição?’. No entanto, o contrário também é verdade, e sair de uma onda de derrotas e negativismo pode não ser nada fácil. E nisso, acho que nós portugueses somos especialistas.
A distância que separou as Sub16 portuguesas de disputar o acesso à Divisão A, do 8º lugar em que terminaram a competição foi um estranho jogo da campeã Holanda frente à Dinamarca: se a Holanda vencesse, Portugal passava às Meias-Finais. Se a Dinamarca ganhasse, Portugal iria disputar um lugar entre o 5º e o 8º classificado. A Dinamarca venceu, fazendo um parcial de 21-9 no quarto período, levando o jogo para prolongamento onde ganhou por dois de diferença. Foi o suficiente para Portugal ficar fora da luta pela subida de Divisão. Nos dois jogos seguintes o desgaste, muito provavelmente tanto físico como mental, não permitiu a Portugal repetir as exibições até então, deixando a jovem selecção feminina no 8º lugar. E isto, depois de ter estado a um pequeno passo das portas do céu…
Sim, os resultados do sector masculino não foram promissores, nem agradáveis. Penso que os jogadores e treinadores que integraram estes projectos são os primeiros a reconhecer isso mesmo. Penso ainda que em alguns escalões talvez fosse possível fazer algo mais, pois os jogadores demonstram qualidade, falhando depois em alguns aspectos do jogo como a agressividade, velocidade, espírito de luta, preparação mental. Mas a culpa é, mera e exclusivamente, de quem está nos CNT’s ou CAR’s? Apesar de ter sido isso que ouvi de diversas pessoas que assistiam aos jogos de Portugal neste Europeu, penso que não, que a culpa não é apenas dos referidos responsáveis. Aliás, parece-me que a grande quota parte de culpa continua a ser de todos os restantes treinadores espalhados pelo país, e também de todos os jovens jogadores que por terem algum sucesso dentro de portas pensam que são muito bons. Mas quando confrontados com a realidade internacional apercebem-se do muito que ainda têm de trabalhar.
Era bom que muitos mais jovens atletas tivessem marcado presença no Europeu de Sub16 disputado em Portugal, e percebessem a diferença que nos separa dos restantes países. Como alguns puderam notar, temos alguns jogadores com capacidade, temos alguns jogadores que conseguem jogar, mas isso não chega. Gostei de ver alguns dos jovens integrados no projecto do CNT Paredes a assistir a quase todos os jogos e a prepararem-se para uma realidade que terão de enfrentar no Verão de 2010. Talvez tenham aprendido algo, e tenham percebido como têm de jogar num Europeu. Talvez alguns deles até tenham percebido aquilo que precisam de melhorar no seu jogo para conseguir atingir um nível satisfatório – e sei que alguns deles o perceberam.
Era bom que tal como os jovens atletas, também os treinadores tivessem olhado para este Europeu como uma forma de aprendizagem para melhorar as nossas lacunas, que por sinal, são mais que muitas. Ao invés, parece-me que viram este Campeonato da Europa como mais uma possibilidade de falar mal e cuspir veneno em todas as direcções. Enquanto viam os jogos, o que perceberam que temos de melhorar no treino? O que perceberam que temos de melhorar para aproximar os nossos jogadores da qualidade que se viu em alguns dos atletas presentes em Portugal?