O dia do Apocalipse em Timisoara
 
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O dia do Apocalipse em Timisoara

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altTimisoara (Roménia) - Ontem foi sem dúvida nenhuma o dia do Apocalipse para a comitiva portuguesa. Quando a última coisa que poderia passar pela mente de qualquer pessoa minimamente identificada com a realidade do basquetebol europeu feminino seria Portugal perder com a Suiça, eis que a realidade nua e crua aconteceu.

Nunca tínhamos passado por esta situação e por isso agora,16 horas decorridas, ainda não encontrámos explicação para o sucedido. Como foi possível...

Mas temos que aceitar o veredicto que é este: a Suiça ficou na 3ª posição, atirando com a selecção portuguesa para o 4º posto, no Grupo A, com a agravante de que na próxima fase, que começa amanhã, a selecção dos chocolates e dos relógios inicia o Qualifying Round (do 9º ao 18º lugares), no Grupo G, com duas vitórias (sobre Luxemburgo e Portugal) enquanto as nossas representantes somam uma vitória e uma derrota, respectivamente frente a luxemburguesas e helvéticas. Os restantes adversários nesta fase de qualificação, são provenientes do Grupo B (Alemanha com uma vitória e Bósnia e Herzegovina com uma derrota), em função do resultado verificado no jogo da 1ª fase, entre ambas (75-38, para as germânicas).

Matematicamente ainda não estamos arredados da hipótese de disputar no último dia da competição o 9º/10º lugares, mas que será difícil, não temos dúvidas. Não depende só de nós. Temos de vencer a Alemanha e a Bósnia e esperar que a Suiça não ganhe a qualquer delas (ficaríamos empatados com as alemãs e aí teríamos vantagem no confronto directo), ou no cenário mais desfavorável, se a selecção helvética ganhar à Bósnia, seria um desempate a três (Alemanha, Suiça e Portugal). Nesse caso teriam que se fazer contas entre os pontos positivos e os negativos (cesto-average). Lá estamos nós de calculadora na mão...

Voltando ao embate que nos deixou arrasados, ficámos com a percepção logo desde o apito inicial de que iria ser um jogo tremendamente complicado para a nossa equipa. Muita concentração por banda das suiças, excelentes percentagens de lançamento e alguma apatia lusa. Mesmo assim, com várias igualdades, ainda que com sinal mais das nossas adversárias, chegámos ao final do 1º período na frente (17-18).

No 2º quarto (23-17), reentrámos melhor, com Jéssica Almeida, ontem a nossa unidade com melhor rendimento (23,0 de valorização), contrariamente ao que se tinha passado nos encontros anteriores, a ir para a linha de lance livre convertendo os 2 lances (17-20) seguida por Joana Jesus a marcar o seu primeiro cesto de campo (17-22), ainda no minuto 11. Mas rapidamente a Suiça respondeu com um parcial de 7-0 (24-22), obrigando Kostourkova a parar o cronómetro pela 1ª vez (minuto 13). Portugal passou de novo para o comando por três vezes, a última das quais aos 28-30. Novo parcial de 7-0 das nossas opositoras virando o marcador (35-30) e até ao intervalo (40-35) a Suiça manteve a liderança.

No 3º período (16-20) as helvéticas acertaram o seu 2º triplo ainda no minuto 21, através de Dorothée Studer, já nossa conhecida e muito parecida fisionomicamente com a Nádia Tavares, mas o seleccionado luso respondeu com um parcial de 0-9 (43-44), com o último cesto da autoria de Joana Jesus na conversão de um contra-ataque. Foi a altura de o treinador suiço, o grego Karageorgakis, pedir o seu 2º e último desconto de tempo (minuto 24). A 3ª falta de Maria João Andrade levou a nº 6 helvética à linha de lance livre, numa jogada de 2+1, para fixar o resultado em 46-44, mas nova arrancada das nossas representantes, com um parcial de 0-10 culminado por 2 triplos consecutivos, um de Daniela Domingues (46-51) e outro de Jéssica (46-54), alcançando a maior vantagem (8 pontos) para Portugal em toda a partida.

A ida de Maria João Andrade para o banco, com 4 faltas (aos 47-54), com 3.19 minutos para jogar ainda no 3º quarto, entrando para o seu lugar Inês Pinto (5/5 nos duplos, 2 ressaltos e 2 roubos) que pese a sua determinação não tem os argumentos da sua companheira, condicionou-nos na luta das tabelas, nomeadamente na tabela ofensiva, onde conquistámos 15 ressaltos (metade do total). A Suiça acreditou e encostou de novo o resultado, empatando (54-54) através de um triplo de Dana Bozovic (MVP do jogo, com 23,5 de valorização). O final do 3º período chegou com a formação helvética no comando (56-55), com as portuguesas a consentirem o parcial mais desnivelado (10-1) em 3 minutos.

No derradeiro quarto (23-18) as helvéticas não perderam a embalagem até à entrada do miinuto 32 (62-57), mas Portugal reagiu, virando o resultado a seu favor (62-67), após um parcial de 0-10, culminado com uma bomba de canto da autoria de Joana Jesus (minuto 34). As coisas pareciam finalmente controladas pelas pupilas de Kostourkova, nomeadamente quando a poste Maria João Andrade voltou ao recinto, à entrada do minuto 36 (64-70), rendendo Vitória Pacheco, muito lutadora mas com uma eficácia muito baixa (1/10 nos duplos). Começava então a aparecer no jogo a nº 15 suiça, Anissa Toumi, que no último período marcou a totalidade dos seus 12 pontos. Tudo o que lançava entrava (a selecção helvética fez 100% nos duplos nos derradeiros 10 minutos). Com 3.19 minutos para jogar e ainda com a nossa equipa na frente (68-72), a seleccionadora nacional pediu o seu terceiro desconto de tempo (num total de 5), fazendo reentrar Vitória Pacheco, face à sua capacidade ressaltadora. Mas perante a incredulidade de todos quantos assistiam ao encontro, a Suiça continuava a marcar tudo o que era lançamento, chegando a 74-72, por intermédio de Dana Bozovic, a melhor ressaltadora da partida (10 ressaltos). Nova paragem do cronómetro pedida por Kostourkova a 55 segundos do termo. Ainda havia tempo para dar a volta ao texto, mas isso não aconteceu. A Suiça, galvanizada, prosseguiu a cavalgada (parcial de 11-1 em 3 minutos) com Toumi a assumir as despesas e alcançou, penso não estarmos errados, o maior feito do seu basquete feminino, derrotando Portugal sem apelo nem agravo (79-73). Este o resultado final que fica para a história.

Nas vencedoras, destaque para Dana Bozovic, que fez um duplo-duplo (14 pontos, 2/2 nos triplos, 5/7 nos lançamentos de campo, 10 ressaltos, 1 roubo e duas faltas provocadas, com 2/2 nos lances livres), bem acompanhada pela esquerdina Alix Rieder (12 pontos, 6/7 nos duplos, 5 ressaltos, 3 assistências e 1 roubo) e Dorothée Studer (11 pontos, 1 triplo, 3 ressaltos, 4 assistências, 3 roubos e duas faltas provocadas, com 4/4 nos lances livres). Mas a grande força do colectivo helvético foi ter a sua pontuação muito distribuída (6 jogadoras a marcarem mais de 11 pontos), com forte contributo de Sarah Cavin, Rosalie Grobet e Anissa Toumi, cada uma com 12 pontos na sua conta pessoal.

Na selecção lusa, a melhor prestação pertenceu a Jéssica Almeida (13 pontos, 3/4 nos duplos, 1/1 nos triplos, 4/5 nos lançamentos de campo, 3 ressaltos sendo 2 ofensivos, 5 assistências, 1 desarme de lançamento e 4 faltas provocadas, com 4/4 da linha de lance livre), bem secundada por Daniela Domingues (13 pontos, 2/3 nos triplos, 5 ressaltos sendo 2 ofensivos, duas assistências, 1 roubo e duas faltas provocadas) e Maria João Andrade (20 pontos, 7 ressaltos sendo 4 ofensivos, uma assistência e 4 faltas provocadas, com 6/8 nos lances livres). Joana Jesus (13 pontos, 4/4 nos duplos,1 triplo e duas faltas provocadas) e Inês Pinto (10 pontos, 5/5 nos duplos, 2 ressaltos e 2 roubos) viram as respectivas valorizações ser penalizadas pelos erros cometidos (respectivamente 4 e 3 turnovers).

Em termos globais, a vitória da Suiça assentou numa extraordinária eficácia nos lançamentos de 2 pontos (77%-46%) e num superior colectivismo (19-16 assistências), sendo a base Vanessa Dorestant a primeira figura com 10 passes decisivos.
Portugal esteve melhor no tiro exterior (23%-36%), nos lances livres (67%-71%) e nos erros cometidos (21-19 turnovers). Muito equilíbrio na luta das tabelas (30-30 ressaltos) e também nos roubos de bola (10-9).

A meio da tarde de ontem a azarada Inês Faustino (fractura do nariz no jogo com a Grécia) regressou a Portugal. Após uma viagem atribulada (perdeu a ligação Munique-Frankfurt), devido ao facto de o voo Timisoara-Munique ter saído atrasado, tendo depois apanhado um voo para Lisboa e da capital para o Porto, onde os seus progenitores a esperavam. Apenas um contratempo: a bagagem não tinha chegado, o que se compreende, dada a confusão originada pela mudança de voos.
Quando nos despedimos da infortunada base da AD Vagos (a secretária Ana Margarida Faria e eu próprio), no Aeroporto de Timisoara, dissemos-lhe que a prenda para ela seria a vitória no jogo conta a Suiça. O destino assim não quis...

Resultados do Grupo A (5ª e última jornada)

Luxemburgo 49-75 Roménia
Suiça 79-73 Portugal

Próximos jogos:

Amanhã (5/8)  Portugal-Bósnia e Herzegovina (13h30)

Sábado (7/8)  Alemanha-Portugal (13h30)

No dia 6/8 (6ª feira), Portugal folga. Só depois de serem conhecidos os resultados dos próximos 3 dias, se saberá para qual posição Portugal estará na luta.

 

 


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