Uma referência no basquetebol português
 
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Uma referência no basquetebol português

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altEscrever sobre o Manuel Campos é fácil porque todos aqueles que vivem o Basquetebol em Portugal – dos mais antigos até àqueles que agora começaram na modalidade - conhecem- no das múltiplas tarefas que nele tem desempenhado ao longo de mais de 60 anos.

Os mais velhos, lembram-se dele como um jogador (no Benfica e na selecção nacional) com técnica, combativo até faltar o fôlego (o que nunca observei...) e com uma excepcional capacidade de impulsão vertical. Não sendo alto (talvez 1,85) conseguia disputar e ganhar ressaltos defensivos e ofensivos com jogadores muito mais altos. Esta qualidade, naquele tempo, era “passaporte” para jogar perto do cesto o que, em princípio, retirava versatilidade e intervenção no jogo.

Não foi o caso com o Manel porque ele tinha uma outra característica que o diferenciava da maior parte dos jogadores dessa altura: um excelente “trabalho de pés” que lhe permitia o domínio dos arranques, das mudanças de direcção, aproveitar o desiquilibrio provocado por fintas.

Depois de jogador foi treinador de sucesso em equipas masculinas e femininas, em diversos escalões etários, em Portugal e em Angola. E essas equipas tinham um cunho do Manel: eram alegres a jogar, com evidentes preocupações na execução das técnicas individuais mas sem a rigidez das táticas defensivas e ofensivas. A individualidade era “soberana” mas integrada num colectivo coeso e que se divertia a jogar.

Gostar de ensinar o que sabia fazer na prática – o saber não esquece – tem permitido ao Manel ser prelector em cursos de formação de treinadores e continuar a apoiar os treinadores mais jovens, motivando-os para a importância das coisas simples do basqutebol que, na realidade, até são difíceis de fazer.

Mas o que acima fica referido serve apenas como introdução para contar um episódio divertido que presenciei e que, ainda hoje, passados quase 50 anos, retenho e acho divertido.

Nessa equipa do Benfica, composta por jogadores de excelente nível, o Fernando Furtado distinguia-se por ser um temível lançador. Um pequeno espaço e a bola entrava no cesto. Fora do campo era um companheiro divertido, com uma piada constante, sarcástica, corrosiva. E, institivamente, transportava para o campo essa sua faceta.

Num jogo disputado no Pavilhão do Parque Eduardo VII contra o Real Madrid e a contar para a Taça dos Campeões Europeos, as diferenças de estaturas eram evidentes. E, mais evidentes eram, porque o Real, a juntar aos outros “calmeirões”,  tinha contratado dois jogadores americanos (Luyk e Burguess) que “só” tinham 2,03!

Estava sentado no banco do Benfica e a nossa tabela era desse lado. Há um lançamento dos espanhois que bate no aro e não entra. A disputar o ressalto o Manel e os dois americanos. Nenhum dos três consegue agarrar a bola – todos lhe tocam mas ninguém a consegue agarrar. A cena repete-se uma, duas, três vezes.

O Fernando junto à linha de lance-livre, qual espectador interessado observa a “competição” e, manifestamente insatisfeito com o Manel por não ser capaz de agarrar a bola,  grita: SALTA MANEL!!!

Na altura, se o olhar transportasse balas estou certo que o Fernando tinha ido parar ao hospital, mas esse teria sido o único acto violento cometido pelo Manuel Campos em toda a sua vida.

altArmando Simões e José Albertoalt

 

 

 

 

 


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