Entrevista com Teotónio Lima - 1ª parte
 
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Entrevista com Teotónio Lima - 1ª parte

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altO Professor Teotónio Lima desde sempre encarou a prática desportiva como um facto e manifestação de Cultura que deve, sem se dissociar da competição que lhe é intrínseca mas sem, nesta, promover a alienação, cumprir uma função social de valorização humana.

De resto é, ele próprio, um exemplo claro da ideia mestra de que a competência técnica sendo essencial não é suficiente para, com eficácia, exercer as tarefas de ensinar e treinar sendo indispensável a preparação pedagógica e a formação humana, ética e cultural.

Olímpio Coelho


É um dos mais conceituados pensadores do basquetebol em Portugal. Como aprendeu tanto sobre o jogo?
Aprendi muito com os Americanos que passaram por cá. Desde muito novo procurava assistir a todas as conferências que um treinador ou jogador Americano davam no nosso país. Ia ouvi-los e fazia perguntas às quais eles respondiam. Aprendi muito com eles. E também com livros Americanos, sempre gostei de os ler.  Além disto, sempre gostei de observar o jogo, ao ver um jogo tomava notas do mesmo e quando chegava a casa fazia um apontamento.

Por outro lado, ao ensinar o jogo, procurava os fundamentos do que queria ensinar: Porque é que se ensina assim? O que é que se deve ensinar? E o que é importante ensinar primeiro?

Falou em livros Americanos. Pode-nos dizer alguns dos seus autores?
Aprendi sobretudo com os autores mais antigos. Quanto aos autores mais modernos, há poucos que conheçam o basquetebol em profundidade. Dos mais antigos destaco o Clair Bee, treinador da Universidade de Long Island da década de 1940, John Wooden, o treinador dos grandes campeonatos com UCLA e ainda Adolph Rupp, treinador da Universidade de Kentucky durante mais de 40 anos. Tudo o que ensinavam tinha muito fundamento.

O que mudou no jogo em Portugal no último meio século?
Houve algumas mudanças, mas estas verificaram-se apenas nos aspectos tácticos. Já no trabalho de formação dos jogadores jovens, não mudou nada, está igual ao que era antes. Dever-se-ia ensinar os jovens correctamente, ensiná-los a fazer as coisas bem feitas e ensiná-los a querer ser melhor cada dia, coisa que não se faz em Portugal. Por cá, os treinadores não estimulam os jogadores a ser melhores.

A seu ver, quais foram os principais impulsionadores do basquetebol em território Português nas décadas de 60, 70 e 80?
Na minha opinião, Máximo Couto, que foi um dirigente que se preocupou com a formação de treinadores, tendo sido responsável pelos principais cursos de formação de treinadores do seu tempo. Apenas tinha o defeito de concentrar todo o trabalho na sua pessoa, mas era um homem muito interessado no desenvolvimento do basket.

Dos treinadores posso destacar Jorge Adelino e Olímpio Coelho, treinadores de formação. Eliseu Beja, treinador dos femininos e ainda Jorge Araújo e Hermínio Barreto.

Em relação aos treinadores actuais. O que pensa sobre o trabalho dos treinadores de hoje em dia?
A maior parte dos treinadores actuais dominam a forma de jogar, a componente táctica do jogo mas não dominam os fundamentos deste e não têm a persistência necessária para os ensinar e fazer crer aos seus jogadores, principalmente aos jovens, a importância que esses fundamentos têm, o que nos leva a ter jogadores seniores maus executantes. Tal poderia ser resolvido por uma maior exigência e persistência por parte do treinador que ensina o jogo.

Só houve um período do basquetebol Português em que os treinadores Portugueses trabalharam bem, porque se uniram todos num colectivo para trabalhar, o colectivo da Associação Nacional de Treinadores de Basquetebol (décadas de 70 e 80). Hoje em dia, não funciona assim, os treinadores só se preocupam consigo, com o seu trabalho e com a resolução do seu problema. Não são unidos.

 

Comentários 

 
+1 #1 Rui Agostinho 08-05-2011 16:10
Todas as palavras do Senhor Professor Teotónio Lima, deveriam ser profundamente "saboreadas" por todos os intervenientes desportivos, fundamentalment e, pelos treinadores. Carecem estes, na generalidade, de fundamentos, pedagogia, valores éticos e morais.
O Como, Quando e Porquê; o estabelecimento de cumplicidades entre o Atleta e Treinador; uma definição clara de comportamentos como, Certo e Errado, etc. Só se pensa em ganhar!
Perdemos todos ... e a modalidade!
Cumprimentos cordiais.
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