Decisivo envolver pais
 
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Decisivo envolver pais

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altNem só de êxitos vive o empenho de quem se dedica de forma voluntária e benévola ao minibásquete. Há situações em que as dificuldades e os obstáculos acabam por dificultar vontades e sonhos.

Mais do que relatar sucessos, queremos dar a conhecer quem gosta da nossa modalidade, nesse sentido resolvemos entrevistar Rui Teixeira, que na cidade alentejana de Serpa teve um núcleo de minibásquete. Para quem nos grandes centros se queixa dos problemas existentes, venha conhecer as dificuldades que são organizar um clube de minibásquete no interior do país.


Como e em que ano começou a tua ligação ao basquetebol?
Em primeiro lugar queria agradecer esta oportunidade de expressar a minha opinião e de divulgar a minha experiência numa região sem tradições na modalidade. Sou natural da Figueira da Foz, terra com tradições na modalidade e, naturalmente, tive o meu primeiro contacto com o basquetebol na época 83/84 na Naval 1º de Maio. Na época seguinte, rumei até ao Ginásio Figueirense, onde fiz todo o trajecto de formação. O meu 1º ano de sénior coincidiu com a minha entrada na Universidade, em Aveiro. Continuei a jogar quer a nível de clubes quer a nível universitário até regressar à Figueira, após terminar o curso. Nessa altura, só o Ginásio tinha equipa de seniores e foi aí que eu decidi “arrumar as botas” e avançar para a “carreira” de treinador. Como tinha o curso de monitor, mais tarde tirei o de nível II, comecei a treinar os minis no Ginásio, depois passei pelos cadetes e seniores femininos do Grupo Caras Direitas, em Buarcos, até rumar ao Sul. Em Beja treinei os juniores e os seniores masculinos do Despertar FC e fui seleccionador de cadetes femininos da A.B.Alentejo, até me estabelecer em Serpa e iniciar esta aventura que durou 4 anos. Mais que os títulos que ganhámos foram as amizades que ficaram… A exemplo disso foi ter reunido em Julho passado, 20 anos depois, os meus antigos companheiros de equipa do Ginásio, na Figueira da Foz, como foi oportunamente divulgado, também aqui, junto do vosso site.

O que te levou a Serpa?
A minha actividade profissional, trouxe-me até ao Alentejo. Concorri para as Finanças e, quer para estagiar quer para efectivar, só tinha vagas no Alentejo ou no interior Norte, como o meu irmão estava a estudar em Beja e como a minha mulher, na altura namorada, é de Serpa, optei pelo Alentejo e por cá fiquei.

Quando e porquê surgiu a ideia de organizar uma equipa de minibásquete em Serpa?
Depois de me estabelecer na cidade, constatei que não havia basquetebol e que havia um nº elevado de população jovem com pouca oferta desportiva. A nível de desportos colectivos só havia/há futebol e andebol. Falei, na altura, com um treinador de renome na área da formação, que me aconselhou a “não me meter nisso” porque era muito difícil… Mesmo assim, como tinha muita vontade de continuar ligado à modalidade, avancei…

Como foi a adesão inicial dos jovens?
A adesão foi espectacular. Visitei todas as escolas primárias da cidade (3), sala a sala… levei bolas, boletins de inscrição, tentei sensibilizar os professores e o resultado foi surpreendente, tive cerca de 70 miúdos, dos 6 aos 9 anos, durante as 1ªs semanas a jogar basquetebol… Mesmo com a ajuda do meu irmão, que também se mudou para Serpa e que também tem uma história ligada à modalidade, eram muitos para apenas dois treinadores, mas nunca negámos a presença a ninguém. Depois, com o passar das semanas o número foi reduzindo e estabilizou nos 25/30 miúdos.

Com que apoios contaste para levar a cabo esse projecto?
Depois de decidir avançar, contactei a CM de Serpa, a A.B.Alentejo e a F.P.B. A CM de Serpa esteve sempre presente, facultou espaço no pavilhão e subsidiou-nos, assim que foi possível, a A.B.Alentejo facultou-nos material, principalmente bolas e estiveram várias vezes em Serpa a ajudar na implementação do projecto, da FPB nunca chegou apoio.

Mas o grande problema foi a criação do clube, sem isso não poderia haver apoios oficiais e houve dois factores que dificultaram a sua implementação, 1º e talvez por eu e o meu irmão não sermos da “terra”, não conseguimos cativar ninguém para se juntar a nós (é impossível formar um clube só com duas pessoas), 2º não houve disponibilidade por parte dos clubes já existentes para criarem uma secção de basquete no seu seio (um clube, uma modalidade!).

Após alguns contactos, houve uma Associação, a Rota do Guadiana, que nos “adoptou” embora não estivessem vocacionados para a vertente desportiva, e assim possibilitou a nossa existência. Agradeço, desde já, o apoio das referidas entidades.

Para jogares com outros clubes ou ir a eventos de minibásquete tinhas sempre que te deslocar muitos quilómetros, como é que eram feitas as deslocações e quem as suportava?
As distâncias… No distrito de Beja, só havia dois núcleos de minis, o nosso e o de Beja, isto no maior distrito do país, a maior parte dos convívios realizavam-se no distrito de Évora, assim, para ter uma ideia, a deslocação mais próxima, Beja, eram 60Km (ida e volta), depois Portel (120 Km), Évora (220 Km), Reguengos (280 Km) e por aí fora… Para estarmos às 9h no pavilhão, tínhamos de sair de Serpa bem cedo, o que era muito complicado para os miúdos. O transporte era efectuado nos nossos automóveis particulares, o que limitava o nº de crianças que podíamos transportar, por vezes tínhamos a companhia de um ou outro pai. As despesas com as deslocações eram suportadas pela secção, e incluía, sempre, para além do combustível, uma ligeira refeição para os miúdos, como é lógico, já que regressávamos sempre, muito depois da hora de almoço.

O subsídio atribuído à secção, e algum patrocínio que conseguia arranjar, eram absorvidos pelas deslocações e pelos equipamentos que adquirimos para a secção. Não dava para mais, e talvez por isso, nunca ninguém se quis juntar a nós.

A dificuldade em nos deslocarmos, tinha por consequência a falta de competição, já que tanto era difícil para nós irmos a Évora como o contrário também era verdade. Esta foi uma situação que levou alguns miúdos a desistirem, mesmo assim sempre tivemos cerca de 25 inscritos por época, se não contarmos com a primeira época que foi excepcional (70).

Sabemos que a paixão pela modalidade continua dentro de ti, desta experiência o que é que de positivo e negativo tiraste?
Positivo, sem dúvida, o contacto com a modalidade através dos miúdos, tentar ensiná-los o melhor que sabia e vê-los a evoluir, mesmo tendo dificuldades em mantê-los motivados, sabendo, à partida, a pouca competição teriam durante a época. Muitas vezes senti-me sozinho e a questionar-me para quê continuar, mas depois chegava ao treino e lá estavam os miúdos! Passava tudo.

Negativo… Sem dúvida a maneira como acabou e a pouca disponibilidade das pessoas em embarcar num “trabalho comunitário” sem esperar contrapartidas (económicas).

Há dois anos tive de me ausentar, em serviço, por um período de 6 meses e, depois de várias tentativas, mais uma vez, ninguém quis assumir na minha ausência. Foi sempre uma “pedra no sapato” o não conseguir trazer ninguém da “terra”, nomeadamente pais, para junto de nós. Houve várias reuniões, algumas com a presença de elementos da A.B.A. e como era uma actividade que exigia algum tempo disponível e não era remunerada, claro, nunca apareceu ninguém com essa disponibilidade. Assim, acabou, depois de regressar tinha perdido a motivação para “arrancar” de novo com a secção.

A quem se queira abalançar a um projecto deste de conselhos darias?
Sem dúvida, tendo que criar tudo a partir do zero e numa zona do país como esta, captar o envolvimento dos pais das crianças é primordial, para além de ter uma ou outra entidade na retaguarda que dê algum apoio, se isso não for conseguido, não há futuro…

Uma coisa é estarmos incluídos numa estrutura já montada, outra é não ter nada…

Estarmos sozinhos, sermos treinadores, directores, seccionistas, enfermeiros, motoristas… Não pode ser.

Para finalizar no âmbito da nossa modalidade que pergunta é que gostarias que te fizessem e que resposta darias?
A pergunta, talvez fosse… O que acho do panorama actual do basquetebol português?

Mesmo estando “afastado” do meio acerca de 2 anos, embora acompanhando por fora o que se passa, …

A resposta seria…Falta-lhe condimento!

A “nossa” modalidade tem perdido o já pouco mediatismo que tinha. Deixaram de dar jogos em “sinal aberto”, quer nacionais quer internacionais (NBA, principalmente).

Há pouca divulgação, se compararmos com outras modalidades, o que leva, em meu entender, a um afastamento por parte dos jovens e do público (a maior parte dos pavilhões estão vazios). Tirando o caso do regresso da “Ticha” (Figueirense, como eu) a Portugal, que trouxe algum alarido, pouco se ouve, vê e lê acerca do basquetebol. Vejo as equipas da liga (pelo menos as mais representativas) com média de idades muito elevada, o que se reflecte na “nossa” selecção. Por onde andam os jovens, provenientes da formação?

Vou dar dois exemplos concretos, dessa falta de interesse:
 
Vi jogos do Benfica nas competições europeias, com o pavilhão cheio, sem caber mais ninguém, esta semana vi um jogo europeu desse mesmo Benfica (única equipa, masculina, portuguesa a jogar na Europa!) num pavilhão muito pouco composto, para não dizer outra coisa.

Na Figueira, há vários campos de basquete ao ar livre, há uns anos, fora da época desportiva, estavam cheios, era para lá que íamos jogar, imitar os nossos ídolos, fazer coisas que não fazíamos nos treinos, a própria Ticha era visita assídua, nomeadamente, num que designávamos por “traseiras”, agora, estão vazios, sempre que vou à Figueira passo por alguns deles e não vejo ninguém, nem um miúdo com a bola debaixo do braço, nada!
 
O basquete nacional precisa, de voltar a encher os pavilhões, ou não passamos ao patamar seguinte e o brilharete da nossa selecção em Espanha (que, em meu entender, foi pouco aproveitado) não serviu para nada.

 

Comentários 

 
+1 #14 Miguel Gradil 03-02-2011 21:53
O Rui é meu amigo de infância e desde sempre demonstrou grande prazer com o Basquetebol, prazer que tentou replicar nos mais novos também em Serpa. O menor sucesso (não lhe chamarei insucesso) é apenas mais um espelho do país que temos. Tudo é bom enquanto dura...
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+1 #13 San Payo Araújo 03-02-2011 13:17
Olá Claudia

A internet tem esta particularidade de sabermos novas de quem já há muito não tínhamos contacto, Como o mundo é pequeno há dez anos atrás quando me comecei nesta coisa de escrever artigos, no Jornalinho do minibásquete pedi-te o teu depoimento acerca do jamboree. Dez anos mais tarde entrevisto um dos teus ex treinadores...
Um beijinho para ti,,,
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+2 #12 Ana Pinto 02-02-2011 21:17
Muitos Parabéns pela dedicação e paixão que tem pela modalidade...Apesar de todo o esforço realizado,, olhando para trás vemos que valeu a pena dedicarmos todo o nosso tempo a esta linda modalidade, o MINIBASQUETE.
Os sorrisos, a alegria contagiante, o primeiro jogo, o primeiro cesto, o espirito de equipa que é criado!...Porém a falta de apoios não permite continuarmos todo o tempo que desejamos...
Resta-nos dar os Parabéns pelo empenho demonstrado, sempre com a esperança de um futuro melhor para o MINIBASQUETE e para as CRIANÇAS..
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+3 #11 Cláudia Cardoso 02-02-2011 19:56
Como sabes fui jogadora de basquetebol durante 20 anos,10 dos quais como treinadora e tive tambem o prazer de te ter como treinador.
O teu trabalho tem sido incrivel e é bom saber que ainda há quem tente incentivar os jovens para a prática do basquetebol ( modalidade pela qual me apaixonei). Vejo que tens tido comentários de pessoas excepcionais e desde já quero mandar um beijinho para o Sr. San Payo Araújo que tive o prazer de conhecer pessoalmente num jamboree em Vila Franca de Xira ( Ano : 2000), jamboree esse que fui como treinadora 10 anos depois de ter ido como atleta.
Não é fácil tentar lutar por algo em que acreditamos e sózinhos torna-se quase impossivel, mas é de lamentar que hoje os "pais" não se importem pelo sedentarismo dos filhos e pela falta de ambição.
Esses sim, são os principais responsáveis!!
Senti-me muito sensibilizada ao ler o teu comentário e tenho uma única coisa a dizer " NÃO DEIXEM MORRER O BASQUETEBOL "
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+2 #10 Mário Batista 02-02-2011 00:37
Um grande Abraço para o Rui que não conheço pessoalmente mas de quem tenho desde já uma grande admiração ,para todos que dedicam a sua vida
ao Minibasquete ,Muita Coragem e o meu Muito Obrigado

O Presidente do Comité Nacional de Minibasquete
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+2 #9 Mário Batista 02-02-2011 00:32
Em primeiro lugar quero dar os Parabens ao Rui por todo esforço e dedicação que prestou ao Minibasquete, e tenho a certeza que todo esse esforço não foi em vão,porque enquanto durou o Rui proporcionou momentos Maravilhosos a todas as crianças que por ele passaram,quanto a dificuldades de apoios,tanto de parte da CM como de outras entidades ,Acreditem que isso infelizmente não se passa só no Alentejo,O Minibasquete deste País vive com o Esforço,Dedicaç ão de muitos Ruis,que sãoTreinadores, Dirigentes,Secc ionistas,
massagistas,Pai s ,Etc,Acreditem que sem Eles não existia Minibasquete,po rque como diz a Minha Amiga Ana Freixo ,são "Pessoas Generosas" Que acreditam Que podem Melhorar o país Ajudando a Criar melhores Pessoas para o Amanha ,
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+2 #8 Luís Francisco 01-02-2011 23:23
Começo por saudara oportunidade da entrevista e todos os intervenientes com os seus comentários.É esta a realidade do Basket no Alentejo e à qual poucos prestam a devida atenção. O Rui teve desde o inicio o apoio do San Payo,Sérgio Rosmaninho e da Associação de Basket do Alentejo, mas infelizmente poucas pais entenderam a importância deste voluntariado.Havia um técnico de qualidade, apoio camarário e da FPB e miúdos. Foi pena ter falhado.
Luís Francisco
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+2 #7 San Payo Araújo 01-02-2011 17:23
Como percorro o país todo sei bem das dificuldades que o Rui e muitos outros sentem. Felizmente alguns não se sentem tão isolados como o Rui e vão conseguindo levar o barco a bom Porto porque como diz a minha amiga Ana Freixo o minibásquete é fantástico, assim como é a solidariedade das pessoas que andam neste universo das crianças bem evidente nas palavras de reconhecimento apoio ao Rui.

Esta entrevista serviu-me de reflexão para o tema que irei abordar a seguir: As condições são o que são logo, Como envolver os pais?

Rui sente-se que o gosto do basquete corre dentro de ti parabens pelo teu empenho.
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+3 #6 Gaspar Costa 01-02-2011 15:07
é mais um espelho do país que temos ( ou que não temos ), a falta de solidariedade entre os portugueses a tudo o que não pingue € ... nem pelos filhos se ralam muito e o desporto é uma das melhores formas para formar pessoas.

Parabéns Rui pelo teu esforço e lamento principalmente pelas crianças de Serpa.

Um abraço,

Gaspar Costa
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+2 #5 Sérgio Rosmaninho 01-02-2011 13:37
Acompanhei de perto o início desta aventura do Rui.
Estive em alguns treinos e convívios, reuniões na Câmara e o apoio da Federação chegou através da ABA.
Infelizmente as dificuldades que ele sentiu são iguais as que todas sentimos nos restantes clubes do Alentejo. Autarquias que não pagam incentivos há anos (como por exemplo Évora), não há apoios de transportes e treinadores que trabalham graciosamente em vários escalões simultaneamente . A realidade é pobre e triste e não tem tendência a melhorar.
Resta-nos agradecer ao rui o esforço que fez em Portel, e o facto de ter proporcionado a tantos miúdos a oportunidade de experimentar esta modalidade.
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