Obi Wan não fez o milagre
 
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Obi Wan não fez o milagre

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altO público de Szolnok merecia a vitória, mas a frieza e o poderio atacante dos finlandeses não o permitiram.

Foi a 2 segundos do fim que a Finlândia concretizou o cesto da vitória, com a Hungria a fazer ainda um lançamento desesperado de longa distância mas sem resultado.

Szolnok é uma cidade quase plana onde predominam os edifícios de apenas um ou dois pisos. O Pavilhão Desportivo situa-se na zona mais verde da cidade, junto ao rio que a atravessa, onde é visível a preferência que a população dá à bicicleta como meio de transporte.

Szolnok é uma cidade do Basquetebol. A equipa local dominou as competições internas da Hungria na época finda, tendo vencido o campeonato num Play-off final dramático por 3-2, após ter estado a perder 0-2. Este facto ajuda a perceber porque razão quando faltava hora e meia para o início do encontro, a escadaria de acesso à bancada do público já estava repleta de centenas de espectadores desejosos de ver a sua equipa reagir à derrota com Portugal em Coimbra, no primeiro jogo da série especial de apuramento para o Europeu.

O que ainda não se adivinhava nesta altura era o comportamento exemplar e a influência que estes adeptos iam ter no jogo. Claro que são os jogadores que marcam os cestos, mas atitudes influenciam atitudes, e dentro do campo são as atitudes que fazem toda a diferença. Os aplausos na apresentação da equipa da casa são uma coisa normal, mas todo o pavilhão levantar-se de cada vez que a equipa húngara entra em campo no início dos períodos ou após um desconto de tempo, já é uma coisa que não se vê todos os dias.

Foi a Finlândia que entrou melhor no encontro com um parcial de 0-7, mas a cada um dos 3 cestos visitantes neste período, os adeptos locais reagiram com incentivos crescentes à sua equipa que galvanizaram claramente os jogadores húngaros. A equipa da casa reagiu e manteve o jogo equilibrado durante a primeira parte. No terceiro quarto a Hungria teve o seu período negro e permitiu aos finlandeses afastarem-se para uma diferença até aos 11 pontos. A rotação baixou o nível da prestação do conjunto e os nórdicos não se fizeram rogados. A Finlândia dispõe de um conjunto muito sólido no ataque com jogadores exteriores móveis e com boa capacidade de lançamento, e um jogo interior capaz de distinguir bem as situações de ataque ao cesto daquelas em que é mais útil soltar a bola para lançamento de fora. Juntando a estas qualidades a cabeça fria com que encaram o jogo, percebe-se como foi possível à Finlândia sair airosamente do furacão de Szolnok.

À entrada do último período os adeptos lançaram o seu apelo ao jogador da casa capaz de virar o jogo, e o pavilhão encheu-se com o grito.

OBI WAN   OBI WAN

Obi Trotter, o americano naturalizado húngaro jogador da equipa local, assumiu a responsabilidade conforme os adeptos lhe pediram, e massacrou a defesa finlandesa com penetrações terminadas com cestos, faltas provocadas e assistências, e conduziu a defesa da casa em acções de pressão sobre o ataque adversário conseguindo vários roubos de bola. A Hungria recuperou e passou para a frente, mas pagou nos últimos momentos o esforço dispendido na recuperação. A Finlândia foi claramente abalada pela agressividade da defesa húngara no 4º período mas conseguiu chegar aos momentos finais em melhor condição física, o que lhe valeu a vitória.

A qualidade evidenciada por ambas as equipas mostra bem as dificuldades que Portugal ainda tem de ultrapassar para conseguir o passaporte para a Lituânia.

A Finlândia mostrou neste encontro a razão de ser das sucessivas vitórias que tem vindo a conseguir nos últimos tempos, e também a capacidade mental que lhe permite enfrentar ambientes escaldantes como o de Szolnok. Ou seja, vai ser tão difícil a Portugal ganhar-lhes fora como em casa, portanto o melhor é mesmo ganhar já na Finlândia no próximo dia 15. Apesar do poderio que demonstraram, os finlandeses apagaram-se quando a Hungria pressionou a sério na defesa, e já se viu que neste grupo quem consegue defender mais eficazmente durante todo o jogo é a equipa portuguesa.

Independentemente do resultado na Finlândia, Portugal terá no dia 18 em Szolnok nova oportunidade de selar a sua presença no Europeu. Duas derrotas consecutivas vão obrigatoriamente deixar marcas na equipa magiar, e cabe aos guerreiros portugueses fazer a confiança dos adeptos locais tremer e a magia da “Guerra das Estrelas” apagar-se.

 

 


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