Na passada terça-feira, no Pavilhão da Luz, a equipa do Casino Ginásio somou apenas 30 pontos em 40 minutos de jogo.
Razão para mais uma análise ao que vai acontecendo no basquetebol português.
Há um ano atrás, o Casino Ginásio era a sensação da LPB. Com um cinco de grande qualidade onde se destacam Richard Oruche, Tomás Barroso, Jason Hartford e Marco Gonçalves, a equipa figueirense somou cinco vitórias nos cinco primeiros jogos da Liga, colocando-se na linha da frente para garantir um lugar no play-off. Mas, com a lesão de Oruche e quase nenhuma profundidade na rotação da equipa, o Ginásio acabou por somar cinco derrotas nos cinco jogos seguintes e só na recta final da competição assegurou um lugar nos oito primeiros.
As notícias que chegavam da Figueira da Foz durante a pré-temporada não eram muito animadoras. Sem orçamento para contratar norte-americanos, o plantel foi constituído por jogadores com poucos minutos de jogo na época passada. Pedro Silva (único jogador do cinco inicial que se manteve no Ginásio), George Ehiagwina (no CD Póvoa) e Edson Ferreira (no Eléctrico) eram os únicos jogadores que eram titulares nas suas equipas. Os jogadores utilizados no cinco inicial na partida da Luz que não fazem parte deste lote são Pedro Rocha (sexto jogador do Ginásio na segunda metade da temporada passada), Francisco Destino (sétimo jogador da rotação da Académica) e David Martins (que jogava na CNB2!).
Contas feitas, a equipa figueirense apresenta-se na LPB com um plantel bem mais próximo, em termos de valor potencial, ao das equipas da Proliga. Isto nem sequer é grande novidade no basquetebol português. Em todas as edições da LPB existiram equipas no fundo da tabela, sem capacidade para lutar com as restantes, o que não deixa de ser um sinal preocupante em termos competitivos. Significa que nos últimos quatro anos não existe em Portugal capacidade para manter um quadro principal com 12 equipas niveladas. Se acrescentarmos a isto o facto de, todos os anos, existirem equipas que desistem da competição principal, percebemos como é urgente repensar o basquetebol sénior português do ponto de vista da sobrevivência.
Ninguém ganha com o facto de contarmos com equipas que somam apenas 30 pontos numa partida da LPB. Ninguém ganha com o facto de termos equipas que não conseguem mais de 5 vitórias numa competição de 22 jornadas. Ninguém ganha e sobretudo, todos perdem um pouco. O basquetebol transmitido na televisão não tem competitividade. As pessoas que vão ao pavilhão deixam de ver interesse em assistir a “cabazadas” destas. E, sobretudo, os figueirenses perdem as referências de vitórias e capacidade de incomodar as equipas maiores a que têm estado habituados na sua história.
Fundamental, assim, que a reformulação dos quadros competitivos tenha em conta que 12 equipas tem sido demasiado para termos um campeonato competitivo. Talvez 10 equipas numa competição a 4 voltas pudesse responder às necessidades de competitividade e competição das melhores equipas. Fundamental que a reformulação dos quadros competitivos obrigue a que, na LPB, as equipas apresentem mínimos básicos para participar na competição. Seja a nível financeiro, seja desportivo.
Para que o espectáculo do basquetebol ao mais alto nível sirva, definitivamente, como motor de atracção para o aumento de praticantes e espectadores da modalidade.
Comentários