Penso que comemorar, tal como nos diz a própria palavra, será lembrar em conjunto. As comemorações são assim, algo que só têm sentido se houver um sentimento,

uma vontade e uma acção colectiva condizente com o valor de algo considerado importante e que ocorreu no passado.

Hoje, lembrei-me de trazer para este escrito três ideias que têm a ver com comemoração. Uma ideia já não é nova, incluia no meu primeiro artigo para o Planeta Basket cujo tema foi a “Invenção do basquetebol”, a propósito da comemoração dos 120 anos de basquetebol.

Aí eu propunha que um grupo de treinadores com competência no idioma inglês fizesse a tradução do livro de James Naismith, “Basketball, its origins and development”, cuja primeira edição foi em 1941. O que me fez lembrar de uma iniciativa desse género foi o conhecimento histórico de algo ocorrido nos anos cinquenta, em França. Nesses anos, um grupo de treinadores extremamente motivados e inovadores, com hábitos e gosto de trabalho colectivo, levaram a cabo a tradução de alguns textos americanos incluindo um livro do famoso treinador Clair Bee. Em Portugal também isso ocorreu, bastantes vezes, com a tradução de artigos de autores estrangeiros, particulamente norte-americanos, como se pode constatar nas edições da revista da ANTB. É verdade que talvez a maior parte dos treinadores de basquetebol domina suficentemente o inglês para ler os originais. Contudo penso que pelo menos a tradução selectiva de alguns textos fundamentais para português seria de todo o interesse.

Uma segunda ideia prende-se com a próxima comemoração, em 2013, dos 100 anos de basquetebol em Portugal. Sei que os nossos responsáveis federativos já foram alertados, se tal era preciso, para o interesse de uma comemoração condigna desse nome. Pela minha parte deixo aqui uma ideia. Que tal começar-se desde já a tentar criar um “Museu do basquetebol português”? Para isso talvez fosse também boa ideia a federação convidar um dos nossos históricos para promover essa realização. Como já alguns terão percebido muitas das minhas referências no estudo do basquetebol têm proveniência francesa. Também aqui não foi excepção. Um dos históricos do basquetebol francês, Gérard Bosc, com muita boa obra publicada incluindo uma História do basquetebol Francês em três volumes, está a trabalhar na dinamização do Museu do basquetebol. Além dos materiais acumulados existentes, qualquer pessoa pode aceder a esse museu virtual e interactivamente através da internet no interior do site da federação francesa de basquetebol. Lá podem ler-se, inclusive, vários números de um boletim desse museu. Por que não fazer uma coisa semelhante em Portugal a propósito de uma data tão significativa como serão os 100 anos de basquetebol em Portugal?

Uma terceira ideia foi-me sugerida por algo que li, já não me recordo bem onde, sobre Cremildo Pereira, nome marcante do nosso basquetebol e particularmente no Minibásquete. Acho que uma iniciativa que Cremildo Pereira estava a tentar levar a cabo era um livro com a compilação de todas as edições de regras que foram lançadas desde a origem do jogo até à actualidade. Penso que essa tarefa não foi finalizada por ele. Por isso, que tal um grupo de pessoas, talvez impulsionado por árbitros, pudesse acabar esse sonho de um homem como Cremildo Pereira. Já agora lembre-se que esse entusiasta da nossa modalidade, nascido há cem anos e falecido em 2005 era também um apaixonado da História, especialmente ligada à sua terra natal.

Ficam aqui estas três ideias. Não sei sequer se já tinham sido lançadas por alguém ou mesmo se já foram realizadas. Se foi esse o caso parta-se para outras.