Os Estados Unidos da América revalidaram o título olímpico vencendo a Espanha na grande final por 107-100. Na luta pelo bronze, a Rússia bateu a Argentina por 81-77.
O ouro foi conquistado, o objectivo cumprido, mas o domínio Norte-Americano foi novamente posto em causa por uma irreverente Espanha, que valorizou ainda mais o triunfo de LeBron, Durant e companhia. A final do torneio olímpico era um dos momentos mais aguardados destes Jogos e correspondeu em plano às expectativas criadas.
Frente a frente os favoritos EUA diante da menos convincente (ao longo da competição) seleção espanhola. No entanto, uma final é sempre uma final e já se sabia que a Espanha não iria deixar de lutar pelo ouro. E logo a abrir o endiabrado Juan Carlos Navarro quis passar essa mensagem, com três triplos praticamente consecutivos, um deles com falta a colocar em sentido os americanos. A resposta não se fez esperar através de Kobe Bryant e Kevin Durant. Foi um início de jogo fantástico com ambas as equipas a conseguirem encontrar o caminho do cesto e que deu o mote para o grande espectáculo que viriam a proporcionar.
A Espanha refugiava-se na defesa zona, que mais do que tentar fechar os caminhos do cesto, tinha como principal intuito conseguir manter os dois irmãos Gasol simultaneamente em campo. Era a única maneira que Scariolo encontrava para o fazer, pois quer LeBron, quer Durant seriam virtualmente imparáveis em HxH, para qualquer dos Gasol. No entanto, Krzyzewski vinha com a lição bem estudada para ultrapassar a zona e com uma simples mudança rápida do lado da bola e sobrecarga com dois jogadores, os norte-americanos conseguiam facilmente atrair o espanhol que defendia a parte lateral de trás da zona, para libertar o jogador do canto para um lançamento sem oposição. E claro que sem oposição, os lançamentos foram caindo, chegando os EUA a uma vantagem de 9 pontos ainda no primeiro período.
Com a estratégia a sair furada, Scariolo apostou em Ibaka e mudou a defesa para HxH. A versatilidade e capacidade física do extremo-poste nascido no Congo esteve na origem da mudança no jogo, pois permitiu aos espanhóis sair da zona e encaixar melhor no adversário. Como resultado, a Espanha conseguiu mesmo passar para a frente do marcador a meio do segundo período, dando mostras de que o jogo não estava ainda acabado. E o intervalo chegou com vantagem norte-americana por 59-58. Os EUA iam dominando quase sempre, mas a Espanha mantinha-se por perto.
No início da segunda parte nova avalanche espanhola. Com Marc Gasol no banco com 4 faltas, era o seu irmão Pau quem dominava as áreas próximas do cesto. Nem Chandler, nem Love conseguiam parar o gigante espanhol, que fez mais uma exibição de luxo. Mas se na defesa, os EUA tinham alguns problemas, no ataque nem por isso. A perder por 3 pontos (64-67), começou o recital de Lebron, Kobe e Durant. Primeiro foi Lebron a impor o físico, depois foi a vez de Kobe dar um ar de sua graça e logo de seguida o mais jovem KD converteu dois triplos consecutivos para colocar os EUA de novo na frente 83-80.
Como se não bastasse, Chris Paul quis juntar-se aos colegas e teve tambem ele o seu momento logo a abrir o 4º período. Com 5 pontos seguidos, os EUA colocaram a vantagem em 6 pontos (90-84), vantagem essa que se viria a revelar decisiva no final do encontro. A partir desse momento, a Espanha não mais se conseguiu aproximar. Durant, Kobe e Lebron encarregaram-se de acabar com a partida, sendo ainda de notar o grande jogo de Kevin Love, incansável na luta das tabelas e o único capaz de importunar os gigantes espanhóis na sua tabela defensiva. A resposta espanhola neste momento estava reduzida a fogachos de Navarro, Rudy e Marc Gasol, no entanto, o destino do jogo estava já traçado. Os norte-americanos tinham o jogo controlado e acabaram por ganhar e bem por 107-100.
Esta foi mais uma extraordinária final protagonizada entre norte-americanos e espanhóis. Foi um enorme triunfo dos EUA, que provaram o porquê de serem considerados unanimemente os melhores do mundo, perante uma armada espanhola que deu grande réplica e que provou merecer, uma vez mais, o seu lugar no pódio e a conquista da medalha de prata.
Triste despedida argentina
Na luta pela medalha de bronze, a Rússia foi mais forte na ponta final do encontro que marcou o fim de uma era dourada do basquetebol argentino. Ginobili, Scola, Nocioni e Prigioni são nomes que vão ficar na história do basquetebol alvi-celeste e que mereciam acabar a sua carreira olímpica com uma medalha. Seja como for, há que dar o devido mérito à Rússia, muito bem orientada por David Blatt e que voltou a contar com Andrei Kirilenko ao seu melhor nível. No entanto, nos momentos das decisões o grande herói foi o jovem base Shved, que do alto da sua juventude e irreverência acabou por tomar as decisões certas que conduziram os russos ao bronze.
Destaque individuais
Em jeito de conclusão e seguindo o exemplo dado pelo Luís Crstóvão na análise à competição feminina, vamos tambem atribuir alguns destaque individuais.
Numa competição em que uma equipa foi tão dominadora, torna-se complicado eleger um único cinco, pois teríamos de deixar de fora vários atletas que se exibiram a altíssimo nível noutras seleções. Assim sendo, vamos nomear dois cincos, com destaque natural para os vencedores EUA que entram com cinco atletas.
Bases: Chris Paul (EUA) e Marcelinho Huertas (Brasil)
Bases-extremo: Kobe Bryant (EUA) e Manu Ginobili (Argentina)
Extremos: LeBron James (EUA) e Andrei Kirilenko (Rússia)
Extremos-poste: Kevin Durant (EUA) e Carmelo Anthony (EUA)
Postes: Pau Gasol (Espanha) e Luís Scola (Argentina)