Antes de entrarmos em pormenores é importante contextualizar o evento e perceber, que este só começou a fazer sentido quando o crescimento do minibásquete o justificou. Na minha opinião ainda é cedo de mais para algumas Associações (ver quadro em anexo sobre o nº de Minis-12 por Associação). Contudo admito que esta não seja uma questão tão linear e tem de ser avaliada por mais parâmetros, que não apenas do nº de praticantes.
Na memória das pessoas apenas ficam os factos relevantes e que são visíveis. Contudo e parafraseando St Exupérie o essencial é invisível aos olhos. Como o minibásquete não é uma actividade que desperte o interesse dos “media”, há pouco conhecimento público da dinâmica deste movimento, pelo que é importante relembrar que na década de 90, quando por um conjunto de circunstâncias, houve muito mais dinheiro no basquetebol, o minibásquete tinha na maioria das associações apenas uma actividade residual, promovida essencialmente pelos clubes.
Nos finais da década de 90 não havia nos planos de actividades da federação nenhum evento promovido pela FPB para o minibásquete. Para percebermos melhor do que estamos a falar, temos que compreender o que eram as actividades nas primeiras etapas da formação do basquetebol e estou a falar de Mini- B, actuais Mini-12 e Iniciados actuais Sub-14.
Nos Minis-B (Mini-12) não havia nenhuma actividade promovida pela FPB e nos Iniciados (Sub-14), e sei do que estou a falar porque treinei várias equipas de Iniciados do Queluz, na primeira metade dos anos 90, não havia nenhuma competição nacional. Só existiam competições regionais e nem em todas as Associações.
O torneio nacional de Iniciados, na zona norte e na zona sul, sem existência duma fase final, e apenas no masculino surgiu nos finais dos anos 90 e com o envolvimento de 16 clubes, que faziam 6 jogos cada.
Hoje nos Mini-12, para além de outras actividades promovidas pela FPB/CNMB, temos a Festa do Minibásquete – Paços de Ferreira - Capital do Móvel.
Nos Sub-14, ainda bem recentemente, terminaram duas emotivas fases finais em femininos e masculinos, duma competição que envolve um total de 72 clubes nas suas fases diversas fases nacionais.
Quando dizem o basquetebol está muito pior, não estão seguramente a olhar para o que se passa cá em baixo, apenas olham para o visível o que aparece, ou neste caso, infelizmente, aparece muito pouco nos “media”.
Porquê Paços de Ferreira?
As coisas só acontecem quando alguém as provoca. A partir de 2000 o minibásquete, que estava completamente esquecido, começou com a criação do CNMB, lentamente a crescer e a ser, felizmente, motivo de muitas opiniões.
Em 2007 a propósito do Mega-Convívio Minibáquete realizado em Paços de Ferreira, associado à Final a 8 da Taça de Portugal era cada vez mais evidente que havia necessidade de reorganizar os escalões do minibásquete, e assim em vez dos Mini A (dos 6 aos 10 anos) e Mini B (11 e 12 anos) passaram a existir 3 escalões (Mini 8, Mini 10 e Mini 12).
Nessa Final a 8 conheci Armindo Calção e a partir desse conhecimento, hoje em dia grande amizade, Paços de Ferreira passou a ser Capital do Móvel e do Minibásquete, tal a densidade de eventos de âmbito nacional e internacional associados ao minibásquete que decorreram desde então nesta cidade.
Dar a conhecer o invisível é dar a conhecer a importância que Armindo Calção teve na organização da Festa do Minibásquete. Se a organização e modelo deste evento resultou das condições existentes e da discussão de diversas perspectivas expostas no Fórum de Minibásquete, a sua realização em Paços de Ferreira é fruto do empenho e do sonho do Armindo Calção.
Em 2011 já eram evidentes as dificuldades pelas quais o país está a passar e para ser sincero vacilei na realização deste evento. Aí foi evidente a importância do presidente do CNMB Mário Batista e de existência de uma equipa coesa, competente e empenhada, que contou desde a primeira edição com o valioso contributo do Paulo Neta, Sérgio Rosmaninho, Ana Pinto, Eduardo Almeida e Casimiro Queirós.
Já são muitas as pessoas que contribuíram para a consolidação deste evento, todos os que voluntária e benevolamente se prontificaram a coordenar e arbitrar os jogos, o exemplar comportamento da generalidade dos treinadores, a equipa que tenho orgulho e privilégio em coordenar e que este ano contou com a excelente colaboração do Valdemar Cabral, do João Ribeiro e da Ana Machado. Contudo quando alguém quiser fazer a história dos bastidores deste evento terá sempre de mencionar o empenho de duas pessoas, Armindo Calção e Mário Batista e a sensibilidade dum presidente da câmara, para a importância educativa e social deste evento, Pedro Pinto.
Comentários
Estes eventos são importantes para os atletas, para os clubes, para o minibasquete e consequentement e para o basquetebol nacional. Também importante tem sido a vossa determinada intervenção no minibasquete, desde os estudos, às opiniões, à formação, à divulgação, às tertúlias, aos eventos e a todas as iniciativas que têm tido. Desejo que essa paixão, convicção e dedicação nunca termine, para que continuem a inspirar as pessoas que querem fazer crescer esta modalidade.
Um abraço forte daqui de Aveiro.
Rui Pedro Nazário
SC Beira-Mar