
Dois sonhos estavam presentes na reportagem que temos vindo a publicar: a possibilidade da escola ser para todos e a cooperação entre o desporto e a escola. Se a escolaridade obrigatória para todos até ao 12º ano é um sonho, com todas as suas vicissitudes, que se realizo, a cooperação entre a escola e a actividade desportiva é um sonho que quase 50 anos depois continua por realizar.
Mil jovens. Rapazes e raparigas. Estudantes e não estudantes. Uma nova etapa na caminhada da co-educação.
– Queremos uma sociedade melhor e não apenas uma escola melhor. A minha escola estará ao serviço de todos os que queiram ou possam servir-se dela – continua o professor Calvet Magalhães. Temos professores cuja missão é levar a escola primária à rua. Vai à rua ensinar aos meninos que não foram à escola, aquilo que eles precisam de aprender. Temos a ajuda de Fernando Lopes, presidente do Sindicato dos Profissionais de Cinema, que nos cede filmes de graça para as crianças da rua. A escola colabora com ele, ele colabora connosco para que as crianças encontrem, no futuro, uma vida melhor. Peço muita desculpa aos que não pensam assim, mas, com isto, a escola está apenas a cumprir a sua verdadeira missão. Ela é de todos, e não só dos alunos que, burocraticamente, cá puderam inscrever-se.
O desporto na batalha da educação.
No minibásquete também é assim. Todos jogam contra todos. Todos fazem parte do mesmo mundo, o maltratado mundo da criança que não tem aquilo que merece.
- Agora, vamos para a frente com a ideia dos 2000 núcleos. Numa primeira fase, pensamos poder juntar dois mil núcleos de jovens de todo o país que querem praticar minibásquete. O Ministério da Educação Nacional também deu o seu apoio. Firmas comerciais e industriais colaboram com publicidade nas camisolas e nas tabelas – diz o professor Mário Lemos.
- Vamos tentar promover, a escala nacional, um desporto de base, junto dos jovens dos 8 aos 12 anos. Vamos tentar criar novas equipas de minibasquete nas escolas, nos grupos desportivos, nas associações culturais dos grandes e médios centros urbanos e também nos centros rurais da província. Não esperamos que as crianças venham ao nosso encontro. Iremos nós à procura da criança para lhe levarmos o milagre do desporto.
E é assim que o Ministério da Educação Nacional se propõe, agora, a nacionalizar uma ideia iniciada, há três anos, na Escola Francisco de Arruda. Aos dois mil núcleos vão corresponder quarenta mil crianças.
Na batalha da educação, o desporto não foi, finalmente esquecido. A escola deixa as suas paredes e vai para a rua à procura da criança para lhe dar uma parte daquilo a que tem direito.