É com grande satisfação que o Planeta Basket publica mais um depoimento inserido na nossa iniciativa de celebrar os 50 anos de minibásquete em Portugal.
Assinado pelo nosso colaborador Henrique Santos aqui vai a sua singela e sentida homenagem a dois grandes vultos do basquetebol. Foram ambos listados, e se calhar, quem sabe, injustamente, não escolhidos para a seleção final da na nossa iniciativa dos 100 anos 100 nomes. Contudo não foram esquecidos. Ficaram certamente na memória e no coração de muitos. que tiveram o privilégio de os conhecer pessoalmente.
Com este depoimento quero fazer uma homenagem a duas pessoas que conheci bem e que tiveram um empenho e carinho especial pelo Minibásquete (MB) na região do Porto. Foram eles o senhor Célio Alves, que dá o nome ao Prémio Dedicação da Associação de Basquetebol do Porto, e o senhor Manuel Nunes, durante muitos anos presidente do Vasco da Gama.
Célio Alves, que me deu o privilégio de ser seu amigo, foi um dos introdutores, como dirigente, do Núcleo Associativo do Minibásquete do Porto (meados dos anos sessenta e anos setenta), iniciado pelo professor Eduardo Nunes. Conheci-o quando ele deu novo contributo empenhado à ABP, em 1986 e 87, altura em que fui responsável técnico do MB na Associação. Ele vivia intensamente o fenómeno do MB e tentava transmitir a todos e particularmente fê-lo comigo, do que representou e representava de importante esse jogo na formação das crianças.
Ele considerava as escolas o local ideal de prática e fomento do jogo, pela abrangência de todas as crianças, embora achasse também que além dos clubes outros agrupamentos como os bairros, desde que devidamente enquadrados, poderiam acolher a prática do MB. Um dos aspectos a que ele dava mais valor, dentro do espírito do MB, era a forma como o jogo deveria ser rodeado de cuidados educativos. Contou-me ele que dentro do Núcleo havia mesmo uma espécie de “tribunal” que dirimia problemas ocorridos durante os convívios. O Núcleo, dizia-me ele, através dos seus membros não se coibia de intervir sempre que houvesse algo de incorrecto dentro dos jogos ou na sua assistência.
No dia do Minibásquete de 1987, Célio Alves teve papel muito activo na sua organização, através, por exemplo, do uso de antigos logotipos e imagens que vinham do Núcleo e que se usaram na publicidade e nos prémios entregues a todos os participantes. O formato da comemoração desse ano que envolveu cerca de 500 minis (A’s e B’s) inspirava-se de uma ideia de diversificação técnica e de convívio inter-equipas/clubes inspirado da minha participação no Jamboree Nacional desse mesmo ano. Na sua preparação esteve envolvida uma equipa que no campo do Parque das Camélias do Vasco da Gama, ainda ao ar livre, não dispensou o enquadramento dos amigos e monitores das várias equipas. Assim, realizou-se um circuito com vários concursos de técnica individual. Seguiram-se jogos em que em vez de clubes contra clubes jogavam os “quatros” de todos os clubes contra os “cincos”, os “seis” contra os “setes”… Terminou-se o Dia do MB distribuindo-se prémios iguais a todos e cantando o hino internacional do MB que constava de um folheto organizativo entregue a todos os participantes.
A título histórico, disponho de uma brochura que foi editada em 1973 que me foi oferecida pelo senhor Célio, a propósito da comemoração do Dia do MB desse ano realizada no Pavilhão dos Desportos do Porto. Nele participaram 793 Minis. Nessa edição constam vários textos sobre o espírito do MB assim como todos os nomes dos premiados a título colectivo e individual dessa época desportiva. Assim podemos ver como em certos momentos do passado, no tempo do Núcleo Associativo, este fenómeno adquiriu uma importância assinalável que ficou registado aliás em certas publicações existentes editadas pelo Núcleo.
Já relativamente ao senhor Manuel Nunes, todos aqueles que o conheceram puderam reconhecer a sua excelência como ser humano para além da sua importância como presidente do Vasco. No campo do MB sempre o vi acompanhar com imenso carinho e respeito os convívios. Um aspecto a salientar nessa altura era o facto de os jornais do Porto e o Jornal de Notícias em particular, darem notícias, por vezes detalhadas, acerca dos convívios de MB. O senhor Nunes era um dos que assinava com regularidade esses escritos significativos.
Muito haveria para dizer de Minibásquete e muitos nomes e clubes muito significativos foram omitidos. Espero que se sintam representados por esses dois homens que aqui tentei homenagear de forma singela.
Comentários
participei nesse evento no vasco da gama.
Consegui uma qualificação para o primeiro jamboree nacional.
Gostaria de saber se é possível obter alguns dados e fotos desses eventos.
Obrigado
Um exemplo de ser humano inesquecível.