2016 ano de medalhas olímpicas?
 
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2016 ano de medalhas olímpicas?

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San Payo AraújoÉ melhor haver competições com resultados mais equilibrados? Claro que sim essa é a situação ideal, mas será que é por haver resultados desnivelados que as crianças e os jovens abandonam a modalidade,

ou pela forma como os adultos lidam com essa situação? Ou será que a causa principal do abandono, é porque, ou não são convocados para os jogos, ou quando o são não jogam? Contudo não deixamos de afirmar que queremos aumentar o número de praticantes, a massa crítica.

Ao terminar mais um ano, deixem-me narrar mais duas situações da minha longa experiência, e depois tirem as vossas conclusões eu tirei as minhas. Primeira situação, numa Associação de pequenas dimensões, onde realizar muitos jogos é bem mais difícil e complexo do que nos distritos de Lisboa ou do Porto, os jovens com idade de Mini-12 se jogassem no escalão de Sub-14 já não podiam participar nas actividades destinadas ao minibásquete da sua região. Nessas circunstâncias, foi perguntado ao grupo de crianças, se preferiam jogar no seu escalão, onde durante o ano teriam três ou quatro convívios em que realizariam vários jogos, e face às suas capacidades seria provável que vencessem todos esses jogos, ou preferiam jogar no escalão de Sub-14 onde teriam muitas dificuldades e era provável perderem os jogos todos por grandes diferenças, mas teriam mais jogos, em mais fins-de-semana. A resposta das crianças foi inequívoca, embora soubessem que dificilmente ganhariam algum jogo e que estes iriam ser desnivelados preferiam ter mais jogos e jogar nos Sub-14. Não são as crianças, desde que percebam porque que é que os resultados são desequilibrados, que ficam angustiadas com as grandes diferenças, uma vez mais o problema não está nas crianças, está nos adultos e no seu incómodo, que evidentemente até porque as crianças têm radares, pode passar para as crianças. Nestas situações, quase que por osmose com o seu treinador e com os seus pais, as crianças sentem o incómodo dos adultos. Sejamos sinceros, se não empolarmos o problema dos desníveis, as crianças acima de tudo querem é jogar.

Na época de 1993/94 numa experiência que relatei na revista da ANTB treinei as equipas, B, C e D dos infantis do CA Queluz. Esses jovens eram todos o que seria agora designado Sub-13 ou seja eram Sub-14 de primeiro ano. Nesse ano a ABL alterou o regulamento das competições, o campeonato dos agora denominados Sub-14 decorria em duas fases. Uma primeira fase organizada por proximidade geográfica dentro do distrito em quatro séries e uma segunda fase em que os dois primeiros, de cada serie, os 3º e 4º de cada série se juntavam para disputarem do 1º ao 8º do 9º ao 16º  e assim sucessivamente. Como a divisão das séries era baseada na proximidade geográfica a série das equipas do Queluz era Queluz, A, B, C e D, Académica da Amadora e Serra das Minas. Face à constituição deste grupo apenas o Queluz A era uma equipa forte, todas as outras eram muito incipientes no seu basquete. Deste modo o Queluz B, mesmo com praticantes do primeiro ano do escalão ficou em 2º lugar da série e ficou apurado para a fase final que apurava do 1º ao 8º. É evidente que como as outras séries eram mais equilibradas e eu treinava uma equipa toda de primeiro ano do escalão foram 14 jogos que corresponderam a 14 derrotas muito desniveladas, pois nas outras séries havia pelo menos duas equipas fortes. Se a memória não me trai os apurados da zona ocidental de Lisboa foram o Algés e o Belenenses, da zona do centro da cidade o Benfica e o Sporting e da zona oriental e da cidade e do distrito o Estrelas das Avenidas e o Alves Redol.

Contudo, no último treino, quando fazia as convocatórias de quem ia jogar na equipa B, que ia seguramente levar “uma trepa”, as “vitórias virtuais” que tivemos com a equipa B nesta fase, e foram poucas, foi não levar um centenário, ou jogar na equipa C ou D, equipas que por estarem em séries mais fracas, tinham hipóteses efectivas de ganhar jogos, todos os jovens ficavam muito felizes de serem convocados para a equipa B. Uma vez mais, verifiquei que os jovens não estavam muito preocupados se iam perder por muitos ou não, não foi isso que os desmotivou, que o diga o João Morgado uma das histórias, que marcou a minha vida de treinador e que narrarei no próximo artigo.

Conclusão, não transmitam aos vossos jogadores o incómodo, que sentem pelo resultado ser desnivelado. Preocupem-se sim, quando eles não jogam ou quando o jogo deixa de ser jogo e como tal deixa de ser espaço de aprendizagem. Não nos iludamos a principal causa do abandono, muito mais do que os resultados desequilibrados é a ausência daquilo que é fundamental no crescimento duma criança: o jogo e o prazer de jogar.

Estamos quase a começar mais um ano de Olimpíadas, não tarda muito e estaremos de novo a discutir, como de quatro em quatro anos, as medalhas olímpicas ou ausência delas, mas eu estou com essa figura insigne do desporto em Portugal o Prof. José Esteves e não troco seguramente a aprendizagem e a felicidade das crianças por uma medalha de ouro olímpica. Mais do que medalhas olímpicas o que me move é a felicidade de milhares de crianças, até porque, apesar de termos tido um Carlos Lopes, uma Rosa Mota ou uma Fernanda Ribeiro, não vislumbro a possibilidade de alcançarmos um medalha olímpica nas provas de fundo em 2016. Votos de muita felicidade para as crianças e bom ano novo para todos.

 

Comentários 

 
+1 #1 João Fraga 14-01-2016 09:41
A minha experiência diz-me que a ideia central transmitida neste artigo está 110% correcta! Nós adultos ficamos bem mais incomodados por uma "cabazada" do que as nossas crianças. Elas obviamente preferem jogar mais e perder por muitos do que quase não jogar e perder por poucos! Em frente Prof. San Payo!
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