Não gosto de escrever a quente sobre os acontecimentos. Se, verdadeiramente tentar ser objectivo, já é por si só uma tarefa complexa, ainda mais difícil se torna, quando as emoções estão à flor da pele. Normalmente é por isso que eu prefiro sempre deixar assentar a poeira,

que muitas vezes nos turva a visão e então com mais calma reflectir sobre o que vou observando. Como frisei no meu discurso de encerramento da 9ª Festa do Minibásquete em Paços de Ferreira a perfeição não existe, a perfeição é tentarmos fazer cada vez melhor, pois há sempre qualquer coisa a melhorar. Felizmente, na Capital do Móvel durante cinco dias transformada na Capital do Minibásquete, praticamente tudo tem vindo a melhorar até, salvo algumas excepções, o comportamento dos muitos familiares presentes e de alguns treinadores.

Foi com grande alegria e enorme satisfação, que ao contrário do que já aconteceu em anos anteriores, apenas ouvi aplausos e não ouvi assobios, quando a comitiva dos árbitros e oficiais de mesa entrou no pavilhão durante a cerimónia de encerramento do evento. Esta comitiva maioritariamente composta por jovens com menos de 18 anos, muito bem coordenada pelos árbitros internacionais Fernando Rocha e Nuno Monteiro e pela Joana Pessoa, face à sobrecarga de jogos, foi de uma dedicação e entrega verdadeiramente excepcional. É necessário gostar muito da modalidade e de arbitrar, para benevolamente, e a dormir em colchões em salas de aula, aceitar a sobrecarga de jogos, que num dos dias, nem permitiu que alguns árbitros tivessem tempo para ir almoçar. Para melhorarmos a Festa os conselhos de arbitragem das associações tem de estar mais atentos e cooperativos. Não estou evidentemente a falar de todas as associações. A título de exemplo a Madeira esteve presente com três árbitros e uma oficial de mesa.

Mas regressando às melhorias, que ano após ano se tem verificado, uma das grandes melhorias deste ano foi o piso renovado da nave principal. Para quem esteve nesta última festa, possa ter a percepção das melhorias, vou dar alguma informação do que foi a primeira edição deste evento. Na 1ª Festa, em vez de quarenta equipas pertencentes a 18 associações, estavam apenas 16 equipas vindas de 13 associações. Poucos foram os árbitros oficiais presentes, a maioria dos jogos foram arbitrados por jovens jogadores. Os oficiais e juízes, em vez de serem coordenados por árbitros internacionais, foram coordenados pelo Paulo Neta, director técnico da ABP e tiveram que dormir no pavilhão onde actualmente funciona o secretariado. Por motivos orçamentais as equipas eram mistas. Os marcadores dos resultados eram manuais e para fazer a contagem do tempo havia um cronómetro por mesa. Em termos de alojamento os participantes estavam distribuídos por duas escolas, estando uma desactivada e sendo bem longe do pavilhão. Muitas outras diferenças poderíamos mencionar, mas vou apenas referir-me a mais uma que nesse ano, deu muito trabalho à organização. Durante o evento tivemos de partilhar o pavilhão com um jogo de hóquei em patins, o que obrigou os minis a terem cinco jogos num dia, e à organização montar e desmontar os campos da nave principal. Não há dúvidas que a Festa do Minibásquete tem crescido e melhorado.

Apesar de não ter referido todas as diferenças, como se pode verificar, as melhorias entre a primeira e a nona edição da Festa do Minibásquete são abismais. Mas, não foi para que alguns familiares, e reforço alguns, viessem a Paços para insultar os jovens árbitros, que como os seus filhos também estão num processo de aprendizagem, não foi para que alguns treinadores não olhem a meios para atingirem a vitória, que este evento foi concebido. Não, não foi decisivamente para isso. No dia em que todos os envolvidos perceberem, que este evento tem de ter um valor educativo e que este evento tem por objectivo proporcionar aos mais novos um ambiente de aprendizagem e tolerância ajustado ao seu crescimento e desenvolvimento estaremos certamente mais próximos da perfeição.