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Mais do mesmoTodos os anos, no início das épocas, há duas situações que são recorrentes: 1ª  A queixa de muitos treinadores pelo aliciamento de jovens praticantes para mudarem de clube.

2ª  A angústia dos encarregados de educação, a preocupação desmesurada, sobre em que equipa o filho(a) vai jogar? Vai jogar na equipa A ou na equipa B, como se isso fosse o mais importante, como se fosse uma questão de orgulho para os pais ou desprestígio para a criança.

Hoje vou ficar pelo primeiro tema e para a semana que vem irei abordar a segunda questão.

Todos os anos, tenho treinadores, nomeadamente os mais jovens, a telefonarem-me e a pedirem-me conselhos, sobre como devem proceder, quando os seus jogadores são abordados para representarem outros clubes. Contudo, o que motivou este meu artigo foi a notícia publicada no jornal A Bola.

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Sabendo que estes são temas, que suscitam o meu interesse, o amigo Orlando da Ponte teve o cuidado de me enviar o artigo da Bola de 30 de Setembro, que noticiava, que o Belenenses SAD, (não o Belenenses clube), tinha, duma assentada, levado 11 iniciados do Clube Futebol de Benfica, um clube de bairro e formador de muitos jogadores, carinhosamente apelidado por Fófó.

Claro, que o que torna a notícia chocante, é o facto, de terem sido 12 jogadores da mesma equipa duma assentada. Não teria sido notícia de jornal se fossem só dois ou três jovens praticantes. Então parece que é só uma questão de números e não de princípios. Como referi no início de artigo, no princípio desta época, entre várias situações, que me foram relatadas, telefonou-me um jovem treinador a desabafar comigo, pois um clube grande de Lisboa, tinha aliciado 4 jogadoras Sub-14 femininas e com esta atitude, tinha fragmentado toda a sua equipa. Agora teria que ir desesperadamente procurar meninas, que se iriam iniciar na modalidade, para que as outras pudessem continuar a jogar e ter um número confortável, sem ter receios de faltas de comparência.

Embora o artigo alerte nas palavras do presidente do Clube Futebol de Benfica para o comportamento dos adultos, na sua essência, a notícia da Bola não aborda o que é salvo outra opinião, a questão de fundo que é; que motivos levam normalmente aos clubes, através dos seus dirigentes e treinadores aliciar jogadores de outros clubes? E nesse caso, com que moral é que ficam incomodados, quando os jogadores dos seus clubes são aliciados por outros clubes? Com estas perguntas não estou a fazer a apologia da proibição das transferências nos escalões mais jovens.

Há situações, onde indubitavelmente, o novo clube oferece mais condições de evolução ao jovem e este aliciamento pode ser realizado com mais ou menos ética. Contudo deveríamos ter a frontalidade de assumir os verdadeiros motivos do aliciamento. Não devo andar longe da verdade ao dizer, que na maioria dos casos é para terem a possibilidade de conquistarem títulos. Assim sendo, ao fim ao cabo, não estamos preocupados com a evolução dos praticantes. Em mais de cinquenta anos ligado ao basquete, infelizmente, conheci casos, em que a finalidade foi enfraquecer os adversários e para cúmulo, o jovem que mudou de clube pouco tempo teve de jogo no novo clube. Poderia fazer ainda mais considerações sobre este tema, mas hoje fico-me por aqui.

 

 


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