O final do ano é sempre um momento de relembrar os que nos deixaram. Diego Maradona vai ficar na história mundial do futebol e merecidas são todas as homenagens que lhe foram feitas. Rever os seus momentos mais criativos não pode deixar,

nem os que não são adeptos das actividades desportivas, insensíveis. Ele teve momentos verdadeiramente geniais.

Também admiro a sua irreverência até ao final da sua vida. Para o bem e para o mal teve a liberdade e coragem de escolher a vida que quis viver. Apesar de acreditar, que a verdade e a honestidade são valor que teremos sempre que defender, nem lhe levo a mal ele ter marcado aquele célebre golo com a “Mão de Deus”.

Ironicamente esse golo acabou, por se tornar o mais famoso e retirar algum protagonismo aos golos, esses sim, verdadeiramente de antologia, que ele marcou. Assim, em vez de na maioria das vezes estarmos a comentar o brilhantismo de golos fabulosos, verdadeiramente mágicos, estamos a falar dum golo pejado de injustiça desportiva.

Contudo, e por uma questão de honestidade, que é um valor que continuo a prezar, se como disse até lhe perdoo esse momento de menor “fair-play” da sua vida, para ser sincero incomodaram-me, como ouvi alguns, os comentadores que elogiaram, quase deificaram, o facto de ele ter conseguido iludir o árbitro. Os comentadores que elogiaram esse momento, para serem coerentes, nunca se poderão queixar, quando houver injustiça num resultado desportivo que prejudique as equipas da sua preferência. Ao elogiar esse golo estão a legitimar a falta de fair-play.

Eu por mim admiro o Maradona pelas jogadas e golos fantásticos que protagonizou, contudo em termos de valores como a honestidade e a verdade continuo a dar mais valor e a admirar as atitudes como a do Afonso Candeias relatada aqui no artigo “Nunca te arrependas”.