Numa longa conversa que tive em Collel com Josep Bordas em 2013 aprendi que não devemos ser nós os mentores das actividades para as crianças, os mentores devem ser as crianças e nós apenas temos que saber interpretar os seus interesses e necessidades.
Segundo Josep Bordas, o nosso papel é o de construir um ambiente em que haja a possibilidade de interpretar as necessidades, as motivações e capacidades mentais, comportamentais físicas e motoras dos jovens. Para Josep Bordas os jovens são o que há de mais importante em todo este processo.
Nesta perspectiva e para a minha apresentação no Seminário Internacional, no qual recentemente participei, fui recolher depoimentos e perguntar a seis jogadores (três masculinos e 3 femininos) internacionais, como tinha sido a sua vivência a jogar em jogos mistos, quando eram mais novos.
Esta semana apresento o que disseram três jogadoras internacionais que jogaram em jogos ou competições mistas.
"Joguei minibásquete misto porque era a única opção que tinha. Não havia equipa para a minha idade - por isso era jogar com os rapazes ou não jogar! Era a única rapariga, mas nunca vi isso como um entrave. O único entrave é que não podia estar no mesmo balneário."
Ticha Penicheiro
"O Prof. Abilio decidiu ir à minha escola fazer um treino. Essa acção teve tanto sucesso que captou atletas suficientes para fazer uma equipa na minha aldeia, onde o basquete era inexistente. Recordo-me que começamos com uma equipa de cerca de 15 atletas em que 3 eram raparigas. Comecei a jogar com 10 anos e joguei em equipas mistas e contra rapazes. Aliás eu treinei com rapazes até aos meus 15/16 anos. Sinceramente, acho que ajudou bastante no meu desenvolvimento, principalmente na parte física. Também marcante foi o Jamboree Nacional. Foi uma experiencia espectacular a nível desportivo e mesmo a nível pessoal e social. Tive o privilégio de mais tarde encontrar algumas colegas, inclusive desse jamboree, nas selecções nacionais."
Michelle Brandão
"Eu comecei a jogar com 11 anos, e a minha equipa era só de meninas, contudo, normalmente jogávamos com equipas mistas ou contra equipas masculinas. No minibasquete, os “minis” ainda estão em desenvolvimento. Eu acredito que são idades em que não há assim uma grande diferença significativa em termos de capacidades físicas. Talvez os meninos sejam mais rápidos ou saltem mais, o que induz um estímulo interessante na tomada de decisão das meninas. A Festa Nacional do Minibásquete foi sem dúvida um dos grandes momentos da minha evolução como jogadora, não só pelo que os jogos em si me proporcionaram, mas também pela alegria de jogar com crianças de todo o país. Na realidade o que conta no minibasquete, é divertir-nos! Sem dúvida que a Festa Nacional foi uma experiência muito gratificante!"
Beatriz Jordão
Para a semana que vem daremos a palavra a três jogadores internacionais.