Entender o crescimento do basquetebol começa por compreender como poderemos, num país dominado pelo futebol, fazer criar o gosto e o entusiasmo pela modalidade. Em Portugal, apenas uma entidade, seja ela federação,
associação ou clube, tem um programa estruturado de captação. Apesar de algumas vicissitudes desse programa, a única entidade, que tem tido ao longo dos anos um projeto de captação estruturado é a Associação de Basquetebol da Madeira. Entender o minibásquete é compreender que primeiro temos que ter a capacidade e estratégias para entusiasmar e atrair os jovens. Esta etapa é menorizada por muitos agentes. As preocupações apenas incidem na melhoria da qualidade dos treinadores, contudo muitas das vezes esta preocupação não é acompanhada pelo cuidado de proporcionarem condições de treino e aprendizagem a estes, normalmente, jovens treinadores. Estas melhorias são indubitavelmente, após a fase da atração à modalidade, influentes na outra faceta importante: a capacidade de fidelização dos praticantes.
Há pouco tempo foi anunciado pela Federação um projeto que tenta abordar estes temas “Começar bem - O minibásquete como ponto de partida.” Espero sinceramente estar enganado, mas temo que o projeto não saia do papel.
Em abril do ano passado ajudei o Marko Woytowicz do Bayern de Munique a apresentar um dos melhores projetos de captação de praticantes, potencialmente talentosos, que conheço. A essa apresentação assistiram mais de uma centena de treinadores do universo da lusofonia, de Portugal ao Brasil passando por Angola, Moçambique e Cabo Verde.
Ao contrário do se passa em Portugal, onde as ações de captação, promovidas pelos clubes, tem sempre um carácter muito pontual e dependente não de uma estrutura, mas normalmente da carolice de alguém, o Bayern tem um projeto de captação, que tem vindo a crescer e desenvolver-se ao longo de dez anos. O projeto do Bayern assenta em quatro pilares muito bem estruturados em que conseguem mobilizar e observar cerca de 5.000 crianças do segundo ano de escolaridade. A partir das atividades promovidas formam 3 equipas masculinas de sub-10. Não têm formação abaixo deste escalão e criam apenas 3 equipas de sub-10, porque não têm capacidade e espaços para acolher mais crianças desta idade. Convém esclarecer que estes praticantes não são encarados como uma fonte de rendimento para o clube, pois cada criança paga 30 Euros por época desportiva.
Fruto deste trabalho de captação o clube não convida crianças de outros clubes para irem jogar para o Bayern. O Bayern faz o “seu trabalho de casa”. Em Portugal cada vez mais ouço estórias de clubes, que cada vez mais cedo, vão pescar praticantes em águas alheias. Este procedimento é seguramente menos oneroso e dá menos trabalho, mas será melhor para a modalidade?
Comentários
Por cá, apesar do emblema de alguns clubes permitir fazer algo semelhante, por eles e por todos os outros, prefere-se observar os 10/15 atletas das equipas adversárias para reforçar o "nosso" grupo e enfraquecer os outros, muitas vezes competidores diretos...Não há treinador que resista a lutar contra esta delapidação constante das equipas que treina!!!
Quanto ao "projeto" para o Minibasket da FPB não é de estranhar aparecer apenas no final do mandato, e próximo das eleições, quando durante os anos anteriores nada se fez? Cheira mesmo a tentativa de continuar a garantir regalias mas com muito pouco trabalho feito...Tal como a há muito falada entrada do Antonio Carrillo para coordenar/dinamizar o minibasket nacional, que nunca avançou...