A comunicação do treinador 1
 
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A comunicação do treinador 1

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A comunicação do treinadorO treinador, enquanto ser humano, é um ser sensível, envolvido, ativo, aberto aos outros e ao mundo exterior, estabelecendo com aqueles que o rodeiam uma relação continuada. Perceciona o mundo em que vive através de um contacto constante, direto e vivencial, num envolvimento ativo que lhe permite

perceber e adquirir conhecimento.

- Treinador, ser sensível

O que Mathews reforça afirmando que “a perceção é fundamentalmente um envolvimento prático com as coisas.”1  O treinador é um ser corpóreo que abre para tudo o que está à sua volta, num constante reaprender a olhar o que o envolve.

Percebe o meio ambiente como um todo e o modo como compreende uma parte desse todo é sempre afetado pela respetiva relação dessa parte com as restantes. 2

Está consciente de algo através de uma consciência percetiva que lhe permite redescobrir tudo o que o envolve. Lida e coexiste com as coisas e com aqueles com quem se relaciona através de uma forma de conivência pré-reflexiva e prática.

Mathews acrescenta que “a perceção não é o conhecimento, mas sim o modo de acesso ao mundo em que o conhecimento tem que se basear.”3  O que significa que o treinador age de modo continuado sobre o que o rodeia e, em simultâneo, é também influenciado: lida de um modo prático com coisas, pessoas, situações, etc, o que lhe permite adquirir conhecimentos e hábitos diversos.

Ganha afinal consciência que comunicar é viver, comunicando através da sua visão e da sua linguagem oral e gestual, também através dos seus silêncios e das suas hesitações.

- Comunicar é viver

A comunicação humana, exige que o treinador tenha de ser capaz de assumir as imensas dificuldades que sente quando se relaciona com os que o rodeiam. Mas também que, como ser social, precisa em absoluto de comunicar para viver de forma emocionalmente positiva.

Sempre que comunica, fá-lo através de um corpo vivo e sensível que se humaniza através da sua expressão corporal e das suas palavras. Tendo como base todo o seu corpo e as palavras que profere, o tom de voz que utiliza, os gestos que faz e a fisionomia que apresenta a cada momento.

Uma linguagem que constitui uma forma de cantar o mundo, enquanto decorre uma verdadeira operação vital muito para além de um simples ato intelectual.

Nessas diversas ações, expressa no corpo as diversas emoções que vai sentindo, (segundo António Damásio, o nosso corpo é o palco das nossas emoções). Tal como identifica as emoções dos outros através da respetiva expressão corporal, (o conhecido fenómeno das primeiras impressões).

O treinador vai assim experimentando e adquirindo conhecimentos através de uma extremamente sensível capacidade percetiva que tem na sua origem uma experiência inconsciente e anónima.

- Estamos sempre a comunicar

Está hoje científica e filosoficamente comprovado que o primeiro nível relacional e comportamental de qualquer ser humano, na realidade em que se insere, decorre de forma totalmente inconsciente e automática, o que nos permite concluir que estamos sempre a comunicar.

Por fim, ao comunicarmos uns com os outros, não só influenciamos, como somos influenciados, com base natural nos conteúdos integrados na realidade social, cultural, política e económica da sociedade a que pertencemos.


1 Mathews, Compreender Merleau Ponty, 33.
2 Barbaras, R., Merleau-Ponty, Philo-philosophes, Ellipses, 1997, 5. Segundo este autor, “a filosofia de Merleau-Ponty não é uma conversão ao inteligível mas uma reconquista do sensível. Se entendemos por perceção o que nos relaciona com alguma coisa, o que nos entrega uma realidade transcendente, a filosofia de Merleau-Ponty é seguramente uma filosofia da perceção.
3 Mathews, Compreender Merleau Ponty, 38.


Jorge Araújo
Presidente da Team Work Consultores

 


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