Recentemente tive o prazer de assistir em Grândola à palestra do meu ex-professor Carlos Neto, no então ISEF. A excelente palestra abordava o tema: “Do brincar ao desporto”. Na sua intervenção para além de referir, que brincar era uma importante forma de aprendizagem, no essencial,
apontou a seguinte progressão, brincar, jogar, desporto.
Vem esta introdução a propósito da proposta enunciada no artigo de Jorge Araújo, “O futuro do basquetebol português”, que por um conjunto diversificado de motivos me parece que conviria clarificar: “Promover em todos os escalões etários, masculinos e femininos, competições nacionais, o mais competitivas, exigentes e rigorosas, que seja possível”
Embora, como é público, eu não concorde com a atual divisão de escalões, estes vão em termos de idade dos Sub-6, até aos Sub-18, passando pelos Sub-8, Sub-10, Sub-12, Sub-14 e Sub-16. Pensando no que ouvi dizer ao Prof. Dr. Carlos Neto penso que talvez fosse conveniente clarificar a partir de que escalão é que deve haver “competições nacionais o mais competitivas, exigentes e rigorosas, que seja possível”.
Penso que também seria conveniente clarificar a noção das competições. Competições em que o objetivo visa o desenvolvimento das competências, ou uma competição que visa encontrar campeões.
Sobre este tema, vem me sempre à cabeça as palavras do Prof. Dr. Jorge Araújo escritas, já lá vão uns anos: “Ao abordar o basquetebol nas idades mais jovens, não devemos ter demasiada pressa, na obtenção do resultado final ou do mergulho extemporâneo numa realidade competitiva idêntica à do adulto e onde o que conta é ganhar, quantas vezes a que preço for.”
Regressando à palestra de Carlos Neto, esta foi uma frase que me chamou particularmente a atenção: “O desporto de formação melhorará quando os treinadores perceberem que as crianças estão mais perto do abandono precoce da atividade desportiva, do que serem atletas de elite.”
O abandono, quer de atletas, quer de muitos treinadores de formação, quer de muitos jovens que se estão a iniciar na arbitragem é um tema, que é muitas vezes esquecido ou mesmo deitado para baixo do tapete. Contudo, como referi no meu último artigo, o basquetebol para ganhar dimensão nacional com larga expressão social necessita de todos.
A inclusão dos terceiros elementos em campo, os árbitros e oficiais de mesa, advém do facto de sem estes, ser difícil organizar competições exigentes e rigorosas. O tema do abandono, de atletas, treinadores de formação e árbitros será certamente, alvo de um dos meus próximos artigos.