A entrada fulgurante, no campeonato da europa divisão A, da seleção das Sub-18 femininas e as expectativas existentes em torno da seleção dos Sub-18 masculinos geraram nas redes sociais, e não só, um verdadeiro caudal de comentários pouco abonatórios do estado do basquetebol em Portugal.
Está tudo bem no basquetebol? É evidente que não está. Também eu sou crítico a muitas situações e opções que são tomadas. Contudo daí concluir que o estado do basquetebol está cada vez pior vai uma grande distância. Na minha opinião globalmente o basquetebol tem vindo a melhorar.
Quando queremos dizer mal, há pelo menos três modos pouco sérios, salvo melhor opinião, de fazer comparações, que permitem dizer que a modalidade está pela rua das amarguras.
Primeira é criarmos um passado que nunca existiu para podermos dizer que as coisas estão agora bem piores.
Segunda é partir de um sucesso circunstancial, é tomarmos a parte pelo todo.
Terceira e talvez a mais perigosa é compararmos apenas o que nos interessa comparar sem levar em consideração uma série de fatores, que deveriam ser levados em consideração, no fundo é comparar o que não é comparável.
No caudal de maledicência também li alguns comentários bem lúcidos, como por exemplo o do Carlos Miguel Saldanha e achei de uma enorme humildade e honestidade um comentário do António Encarnação a relembrar que tinha perdido por mais de cinquenta pontos com a Hungria. Foi em 1973 na fase qualificação para o 18º Campeonato da Europa e a seleção nacional, sendo treinador principal o Prof. Teotónio de Lima e adjunto o Prof. Jorge Araújo, dois dos mais conceituados treinadores portugueses de todos os tempos, perdeu por 115-46. A seleção era composta pelos seguintes jogadores: António Pratas; António Encarnação; Augusto Baganha; Mário Albuquerque; Joaquim Neves; José Carlos Gomes; Leonel Santos; Nelson Serra; Paulo Carvalho; Quen Gui; Roberto Saramago (Beto).
Dói mais não atingirmos as expectativas criadas, do que entrar numa competição em que à partida sabemos que apenas vamos cumprir calendário. Contudo muito pior, que não se alcançarem resultados é não ter expectativas nenhumas. Eu ainda sou desse tempo em que aceitávamos com alguma naturalidade perdermos por mais de 50 pontos. Está tudo bem no basquetebol nacional, é evidente que não está, mas felizmente, agora já se criam expectativas.
Como faço há mais de 10 anos, para a semana que vem vou falar sobre os resultados das nossas selecções de formação.