Começo por apresentar as minhas desculpas por não estar a cumprir com o meu compromisso de na primeira terça-feira de cada mês apresentar o meu contributo para a história do minibásquete em Portugal.
Este mês o contributo fica para a semana que vem. Esta alteração deve-se ao facto de em conversa com o amigo Jorge Faustino, a quem estava a pedir informações, sobre o último grande evento de minibásquete realizado na década de 90 durante a Expo 98, atual Parque das Nações em Lisboa, ele me ter relatado a observação duma situação no dia do apagão.
O Jorge Faustino vive há mais de dois anos num local, que tem um espaço verde muito aprazível, contudo teve que esperar pelo dia do apagão para ver esse espaço ocupado por crianças vizinhas a jogarem à bola e a brincarem, como nos tempos da sua infância. As crianças são e sempre serão crianças, o que mudou foi o entorno em qual a sociedade as colocou, presas em casa, e para estarem sossegadas e numa falsa segurança, (os perigos são outros, mas são reais e existem), dependentes do mundo digital.
Aqui volto aos jamborees. Nesses eventos que organizei, recolhi sempre os telemóveis todos e só havia dois momentos em que os participantes os podiam utilizar por breves momentos, a seguir ao pequeno almoço e a seguir ao almoço. Dada a ocupação que os participantes tinham, nunca senti que eles tivessem falta dos telemóveis. Nos intervalos sem atividades planeadas, o que eu observava era as crianças a serem crianças e a jogarem jogos tradicionais, como a apanhada ou às escondidas, etc…
No jamboree de Santa Maria todos ficámos instalados, principescamente, no Hotel Santa Maria. Nos quartos havia televisões, só que por minha ordem, que dei conhecimento a todos os participantes, mandei retirar os cabos de ligação da televisão. Ninguém se queixou e a felicidade dos participantes no final desse memorável jamboree foi por demais evidente.
Sugestão utópica, pelo menos uma vez por semana e sempre no mesmo dia da semana, pois como vimos no apagão todas as crianças estavam sem acesso ao mundo digital, e só assim é que a coisa funciona, deveria haver um “apagão digital” para as crianças. Certamente elas voltavam a descobrir como é que os seus avós brincavam e mais importante ainda socializavam de uma forma bem mais salutar.
Não são as crianças de agora, que são diferentes das crianças de antigamente, o que é diferente é o entorno em que a sociedade as coloca. As crianças são e serão sempre crianças. Nada é como dantes, nem o futuro, mas pelo menos tenhamos consciência dos erros, que como sociedade, vamos cometendo na educação das crianças.