Não quero terminar o meu contributo para a história do minibásquete na década de noventa, sem mencionar os elementos que o amigo António Sena, que tem acompanhado os meus artigos,

e que por sua iniciativa teve o cuidado de me enviar, mais alguns dados que complementam o artigo sob o título Jamborees. Obrigado por teres dado ao trabalho de ires recolher estes elementos à Associação de Basquetebol de Castelo Branco. Com estes dados e com um breve ponto da situação de qual era o panorama do minibásquete no final do século XX no país, vou finalmente, nos próximos artigos, entrar na fase da criação, no seio da Federação do Comité Nacional de Minibásquete-CMMB.

Dados enviados pelo António Sena:

• 1988 | Jamboree Nacional de Vila Real de Santo António
• 1991 | Jamboree Nacional em Queluz
• 1993 | Jamboree Nacional na Covilhã
• 1993 | Jamboree Internacional em Lisboa
• 1994 | Jamboree Nacional em Viseu
• 1995 | Jamboree Nacional em Santarém
• 1996 | Jamboree Nacional em Esposende
• 1997 | Jamboree Nacional em Vila Praia de Âncora

Em 1997, também decorreu em Itália, o Torneio Internacional de Minibasket in Piazza com a participação de uma equipa da FPB.

Para além dos jamborees nacionais e participação em actividades internacionais houve mais dois momentos, decorridos em Lisboa, marcantes na história do minibásquete. A celebração, em 1992, dos 100 anos do basquetebol, com mais de 1000 Minis a desceram a Avenida da Liberdade a partir do praça do Marquês do Pombal todos a driblar, até ao Terreiro do Paço, onde coordenados pelo Prof. José Salgueiro se realizou um grande convívio de jogos no espaço mais nobre da cidade, e o Basket EXPO 98. Nesse evento, como já tinha acontecido no evento mencionado anteriormente, minis vindos de todos os cantos do país, puderam visitar a Expo e sob a coordenação de Jorge Faustino e Luís Rocha jogar nos 10 campos aí montados. Estes foram seguramente dois dos momentos mais altos do minibásquete na década de 90.

Salvo estes eventos muito pontuais, o minibásquete em termos federativos era no final da década de 90 residual em termos de atividades e praticantes. O plano de atividades da Federação para a época desportiva de 98/99 não incluía nenhuma atividade para o minibásquete. Poucas eram as Associações regionais que incluíam nos seus planos de actividades, ações destinadas ao minibásquete. O minibásquete estava nas mãos de alguns clubes, que iam fazendo alguns torneios. Em termos da formação o Grau 1, primeiro nível de formação para treinadores, não incluía conteúdos relacionados com o minibásquete.

Depois das ações de formação, para monitores, realizadas no âmbito dos Plano de Desenvolvimento da Direção Geral dos Desportos e da documentação destinada ao Minibásquete produzida no âmbito do mencionado Plano, a preocupação de formar e preparar, quem ensinava minibásquete deixou de existir. Antes da criação do CNMB em não se realizavam no âmbito da Federação ações de formação para o minibásquete, nem havia clinics nacionais  ou internacionais  destinados exclusivamente para quem ensina minibásquete. Um flagelo ainda bem maior, era prática corrente, de uma percentagem elevadíssima de “inscrições fictícias.” Consegui recolher os dados retirados dos planos de actividade da Federação das inscrições de praticantes das épocas de 1994/95 e 1998/1999.

Sei o que motivava essas “inscrições fictícias” e sei como muitos desses dados eram obtidos. Era uma prática aceite e recorrente em múltiplas federações. Basta um olhar mais atento, para ver que os números apresentados não correspondiam a uma verdadeira prática de minibásquete.

No final dos anos 90 existiam oficialmente dois escalões para o minibásquete: os Minis A dos 6 aos 10 e os Minis B dos 10 aos 12. Curiosamente segundo o Plano de Actividades na época 1994/95 não havia Minis B inscritos. Eram todos Minis A. Claro que isto não corresponde à realidade. Nos dados apresentados para a época de 1998/99, embora existissem os Minis B e Minis A não houve o cuidado de fazer a separação dos escalões, como se pode verificar nos dados apresentados em anexo. As 10 Associações que mais minis inscreveram na época 1998/99 foram as seguintes.



É fácil verificar, que havia saltos de inscrições no mínimo estranhas, isto num tempo em que as atividades para minis eram residuais. Como se pode ver nos quadros em anexo, havia a par destes números de elevadíssimos nalgumas associações, outras com números muito reduzidos de inscrições. Este era o panorama do minibásquete no final da década de 90.

Ciente dessa pobre realidade, em que o minibásquete tinha caído, o Plano de Actividades da Federação de 2000 preconizava para o setor da captação e fomento, que na década de 90, chegou a ter dois responsáveis, um para o masculino e outro para o feminino, sem grandes resultados, a criação duma Comissão Nacional de Minibasquetebol.

Na página 52 do Plano de Actividades da Federação pode ser ler: 

“Captação e fomento. É um sector em que a aposta vital será na Escola, como meio privilegiado para a sensibilização das nossas crianças e jovens. O projecto que pretendemos lançar, 3x3 nas Escolas, em cooperação com uma empresa e com o Desporto Escolar, são os meios que julgamos mais eficazes para o fomento e expansão da modalidade. Ainda neste âmbito, a criação da estrutura denominada Comissão Nacional de Minibasquetebol, dotada de meios para lançar os alicerces de uma actividade de natureza lúdica e pedagógica, que se generalize por todo o nosso país, é outra aposta de grande alcance, que terá o seu arranque no 1º trimestre do ano 2000.”

Foi na sequência deste desígnio da FPB, que em Março de 2000, conforme o artigo publicado aqui no Planeta Basket “Celebrar a vida” de 31 de Dezembro de 2024, que em Março de 2000 foi criado o Comité Nacional da Minibásquete.

A quadro de Inscriçoes | ler aqui