Pela excelente prosa, pela sua capacidade de retratar do ponto de vista humano as pessoas, sou um admirador dos Postais do Dia do Luís Osório. Confesso que os postais do dia que mais me chamam à atenção,
são aqueles em que Luís Osório fala de pessoas que muito poucos conhecem, contudo foram marcantes na vida de quem teve o privilégio de os conhecer. Falar de pessoas que todos conhecem pode chamar mais à atenção e curiosidade dos leitores, mas dar a conhecer a dimensão humana de desconhecidos do grande público é algo que o Luís Osório faz como ninguém.
Recentemente li um Postal do Dia sobre o Maçariku, que conheci na Casa da Achada Centro Cultural Mário Dionísio, pois a minha mulher cantava no coro da Casa da Achada. Com o postal fiquei a saber que o Maçariku se chamava Vitor, tal era a sua vontade de ausência de protagonismo.
Este facto trouxe-me à memória o Postal do Dia sobre o Taúcha. Quem se lembra do Taúcha, quem sabe, quem é o Taúcha? O Luís Osório, porque tanto quanto sei jogou em jovem basquetebol no Atlético Clube de Portugal, sabe, assim como muitas gerações de jovens sabem, quem era o Taúcha.
Mas se poucos já sabem quem foi o Taúcha, gerações e gerações de jovens nunca se hão de esquecer do António Júlio e eu muito menos. Não vou aqui falar do excelente dirigente desportivo que ele foi, mencionado por tantas pessoas. Não vou falar como refere o companheiro António Barata no seu empenho na idealização de um sonho, que parecia impossível, a construção do pavilhão do GRIB.
Nem sequer vou mencionar como refere o companheiro Rui Dinis no pai que foi sempre muito preocupado como os seus três filhos, seres humanos de mão cheia, como a Diana, uma das melhores colaboradoras que alguma vez tive em diversos jamboree, a Joana e o Júlio. Não vou falar da simpatia, educação, permanente disponibilidade e caráter brincalhão, como quando se referia à Daniela Gomes como a 99 da série televisiva do Get Smart, características da sua personalidade referidas, pelo amigo Paulo Neta.
Vou falar do que nos uniu, o minibásquete, que era uma das grandes preocupações do amigo António Júlio. A primeira vez que ouvi falar no António Júlio foi no início do século, numa reunião da coordenação técnica da FPB, quando o António Barata elogiou o trabalho, que um clube do norte do distrito o GRIB estava a realizar no minibásquete.
A nossa amizade cimentou-se quando realizámos o jamboree em Paços Brandão, ainda não existia o pavilhão sonhado e concretizado pelo António Júlio. Desde cedo percebi, que para além de se preocupar com o minibásquete conhecia bem os minis do seu clube, como por exemplo a Helena Amorim que foi ao IV Jamboree do CNMB em Porto Santo. Depois foi o conhecimento da esposa e dos seus três filhos.
Como mencionei no meu comentário à triste notícia do falecimento do Dr António Júlio Silva, se houve pessoas que me marcaram na minha passagem pela Federação o Antônio Júlio e os seus três filhos, Diana, Joana e Júlio, estão seguramente no topo. Muitas histórias e factos ficarão por contar, mas a admiração essa tenho de relembrar, pois é incomensurável. Existissem dirigentes com a dimensão humana do amigo António Júlio e teríamos certamente melhor minibásquete, uma melhor modalidade e seguramente um melhor basquetebol.
Gostaria de ter a sensibilidade e capacidade de escrita do Luís Osório, mas mesmo sem essa capacidade nunca poderia não deixar o meu testemunho ao amigo Julio. A Elsa e eu enviamos à família um forte abraço com sentidos pêsames e da Elsa. Não é apenas a família que está de luto, com o falecimento de um ilustre filho da terra, Paços Brandão e o GRIB estão de luto.