Na sequência do meu último artigo, hoje vou apresentar uma síntese do que pude observar. Expliquei no meu último artigo, que para além de deixar os jogadores organizarem o jogo no treino autonomamente,

aos praticantes que não estavam a jogar, foi lhes solicitada a tarefa de olharem para o jogo dos companheiros de equipa e registarem numa folha de papel as suas observações e sugestões para a melhoria do jogo.

Os grupos com os quais eu promovi esta atividade foram os seguintes:

• As Sub-14 femininas do Rio Maior Basket treinadas pela Teresa Barata;
• Os Mini-12 do Rio Maior Basket treinados pelo Luís Abreu;
• Os Mini-12 do Basket Santo André treinados pelo Pedro Fortunato;
• Os Mini-8 dos Lobos da Malveira treinados pela Marília e a Tânia Silvério.

Dois temas dominaram as observações dos quatro grupos: em primeiro lugar o passe e em segundo lugar a defesa. Relativamente ao passe abro aqui um parêntesis, que há muito aprendi com o estimado companheiro Mário Barros. Observar um jogo de minibásquete e ver a sua qualidade é muito simples, quando de posse de bola uma equipa consegue fazer dois três passes com alguma objetividade é sinal que estes minis já compreenderam, que este é um jogo coletivo. Costumo dizer que observar um jogo de mini é matemática do mais elementar possível é saber contar até três e às vezes até a quatro.

Para além destes dois temas, passe e defesa, curiosamente nas observações dos jovens, conseguia-se perceber as preocupações dos seus treinadores e o grau de conhecimento do jogo. Nestas apreciações talvez quem mais me surpreendeu foram as respostas dos Mini-8 dos Lobos da Malveira.

Eis a síntese das respostas dos quatro grupos que observei. No grupo da Teresa é evidente que o conhecimento do jogo, até pelos termos técnicos utilizados, jogo era superior aos outros grupos. Aqui surgiram expressões como não abriu linha de passe corretamente, preocupações com a reposição da bola o mais rápido possível após cesto, o lançamento ser realizado duma forma equilibrada e muitas observações sobre o ressalto e o bloqueio defensivo.

No grupo do Luís pude ler preocupações defensivas, como quando somos ultrapassados deixamos de defender e mais do que um dos jogadores refere que a mão esquerda é pouco utilizada no drible.

No grupo do Pedro é mencionado por vários jogadores a falta de enquadramento defensivo e o número excessivo de passes falhados e também é realçada  a deficiente recuperação defensiva.

No grupo da Tânia de da Marília é realçado que se tem de jogar mais em equipa, que o jogador x não passa a bola a ninguém, e a necessidade de estarem mais afastados uns dos outros.

Nos dois últimos grupos no final da sessão perguntei que tipo de jogo é que eles preferiam o organizado por eles ou o dirigido pelo treinador? A maioria das crianças presentes disseram que preferiam o jogo sem a interferência dos treinadores, contudo houve alguns dos participantes, mais no grupo dos mais novos, o grupo dos Lobos da Malveira, que preferiam o jogo dirigido pelo treinador.

Finalmente no grupo que conheço bem o grupo do Basket Santo André a determinada ocasião tive uma intervenção e limitei-me a dizer que eles raramente saíam para o contra-ataque através de passe. Este era quase sempre iniciado em drible. Após isto deixei-os jogar novamente e observei, quem tinha ouvido a minha intervenção e tentava iniciar a transposição da defesa para o ataque através do passe e quem não tinha tido a capacidade de alterar o seu comportamento.

As informações que conseguimos obter neste tipo de observação, quer do ponto de vista da socialização, quer do ponto de vista da aprendizagem do jogo são incomensuráveis e permite-nos envolver os praticantes nos processos de aprendizagem. A minha sugestão é a seguinte: na próxima época, experimentem dar espaço aos jovens pelo menos três a quatro vezes por ano. Uma no início da época, outra por volta do Natal, outra por volta da Páscoa e outra no fim do ano. Depois tirem as vossas conclusões.