Rescaldo do Euro por Eugénio Rodrigues
 
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Rescaldo do Euro por Eugénio Rodrigues

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altTerminados alguns dos europeus de escalões jovens, é tempo de reflectir na participação das selecções portuguesas nos respectivos campeonatos.

Para isso, o site PlanetaBasket foi falar com os treinadores das equipas que já estiveram em acção este ano para recolher as suas impressões acerca da prova em que estiveram envolvidos.
 
Eugénio Rodrigues, o seleccionador que conduziu as sub-20 femininas ao 6º lugar da divisão B do campeonato europeu da categoria, foi o primeiro a responder às nossas questões

1 - Que balanço faz da participação da sua selecção no europeu de sub-20 feminino, que teve lugar na Macedónia?

O balanço do nosso campeonato europeu é necessáriamente positivo. Assim que constatamos o alinhamento dos jogos e a constituição do nosso grupo, traçamos como objectivo principal o apuramento para os quartos de final. Para isso teríamos de vencer, pelo menos dois jogos sendo que essas duas vitórias teriam de ser cirurgicas por forma a apurarmos. Ora não só não falhamos esse objectivo como acabámos inclusive por fazer um 6º lugar, o que é motivo de enorme contentamento.

Poder-se-ia pensar que entre 11 Selecções de Divisão B, apurar nos 8 primeiros é um objectivo comedido e quiça até pouco ambicioso mas a realidade quer das nossas gerações de basquetebolistas quer das gerações que normalmente defrontamos a isso nos obriga. Num plano meramente exemplificativo, conseguir um 6º lugar com a nossa Selecção Sub 20 é tão ou mais dificil do que vencer um qualquer campeonato nacional tantas são as nossas limitações e condicionantes.
 
E se atentarmos aos resultados, vemos também que a nossa Selecção foi a que menos pontos sofreu, feito que ainda hoje é motivo de orgulho e reconhecimento internacional. Fomos igualmente uma Selecção que nivelou os seus jogos se exceptuarmos a nossa derrota ante a Hungria por 21 pontos. Com efeito, perder de 8 pontos com Belgica, medalha de bronze, de 10 pontos com a Eslováquia, 4ª classificada, por 3 pontos com a Inglaterra após prolongamento e por 5 pontos com a Grécia denota o enorme grau de entrega e sacrificio que logramos conseguir. Somar a isto a primeira vitória frente à Grécia e frente à Hungria, percebe-se a dimensão do feito.

Para lá chegar, necessitamos de estar a 110% e de não errar nos momentos decisivos, o que num campeonato desta envergadura e desta competitvidade, é algo extraordinariamente dificil. E só não pensa assim quem nunca passou ou vivenciou uma experiência destas. Ao longo da minha carreira como treinador, e já lá vão quase 25 anos, os Europeus são, sem margem para dúvidas, os momentos mais dificeis e exigentes para todos, treinadores dirigentes e atletas. Também nós precisamos estar a 110%.
 
2 - O que faltou à sua selecção para conseguir chegar um pouco mais além?

Faltou obviamente mais trabalho em quantidade e qualidade. Necessitavamos de mais tempo para a preparação, coisa que se reputa como impossível face as longas calendarizações de competições nacionais e ao período de exames nacionais. Necessitavamos de mais jogos particulares. Das Selecções femininas portuguesas fomos a que menos jogos particulares realizou e a única que não realizou torneios particulares no estrangeiro no período que antecedeu o Europeu, não obstante tal ter sido planificado. E isso é decisivo. Dou como bom exemplo, a Holanda que realizou mais de 10 jogos de particulares neste periodo e que acabou por ser campeã europeia. Ora se verificarmos que competimos com eles em meados de Junho perdendo os dois jogos por diferenças muito reduzidas dá que pensar, não?

3 - Se pudesse voltar atrás no tempo e mudar alguma coisa antes ou durante o campeonato, o que mudaria?

Na verdade, existem sempre coisas a mudar pois nada é perfeito e nunca estamos 100% satisfeitos com o que fazemos ou atingimos. Entre coisas que tentamos mudar e não conseguimos, mormente no período preparatório e aspectos que só depois constatamos que podíamos mudar, nomeadamente na competição, haveria sempre lugar à mudança e correcção. Ainda assim, são aspectos de pormenor e apenas vislumbrados depois de competir. Fica a tranquilidade de termos tomado tomas as decisões, erradas ou correctas, de uma forma consciente e ponderada, e de termos acertado em todas as estratégias e planeamento de fundo.

4 - Apesar de ainda faltar cerca de um ano para o próximo europeu de sub-20, que podemos esperar na próxima época, tendo em conta os valores de 1º ano que já competiram este ano?

A próxima época será, em teoria, mais acalentadora de esperanças num resultado ainda melhor que o obtido este ano ou mesmo no europeu de 2007 em que fomos semi finalistas. A geração de 90 a 92 é do melhor que temos tido nos últimos anos, a todos os níveis, pelo que será de esperar que se possa chegar mais longe no europeu de 2010. Mas isso não depende apenas de nós. Durante o ano importa desde logo que as atletas trabalhem ao melhor nível, seja nos seus Clubes seja em Centros de Alto Rendimento, se as houver. Importa que não tenham lesões limitativas e finalmente, que tenhamos sorte. E sorte é dizer, que os vários europeus femininos sejam desfazados no tempo por forma a que possamos ter todas as jogadoras que pretendemos, que o alinhamento dos grupos e dos jogos também nos sejam favoraveis, como o foram por exemplo este ano e em 2007. São muitas condicionantes, é verdade, mas Portugal não tem ainda um naiple de boas jogadoras tão extenso e um quadro competitivo tão rico que nos permita não estar dependente desta mesma sorte. É necessário igualmente que a preparação da Selecção, principalmente em Junho e Julho de 2010, seja a melhor.

 

 


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