Entrevista com Arala Chaves
 
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Entrevista com Arala Chaves

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alt"Inicialmente não foi fácil, mas ao fim de algum tempo, o jogo da Ovarense passou a fazer parte do ritmo biológico de cada adepto."



 

Ovar é um dos maiores nichos do basquetebol português. Como foi criada na região esta grande empatia com o basquetebol?

Durante muitos anos, o único desporto que se praticava em Ovar era o futebol. Acontece que infelizmente, o futebol foi dirigido durante muitos anos por pessoas que não foram correctos na forma de administrar o clube, cometeram muitas ilegalidades e levaram o clube à falência. Neste momento, está a decorrer um processo de insolvência do clube e portanto o futebol acabou. Em determinada altura, nos anos 70, criou-se a modalidade, ainda dentro do clube de futebol (na altura era uma secção do clube de futebol). Depois, houve necessidade de autonomizar essa secção e constituímos um clube autónomo, que passou a ter órgãos sociais, estatutos, massa associativa, autónomos. E a partir daí o basquetebol desenvolveu-se. Começou a ser orientado de forma correcta, procurando desenvolver a modalidade, sem cometer ilegalidades, mantendo uma massa associativa fiel e honrando os seus compromissos, enquanto o futebol infelizmente continuava a dar maus exemplos, como falta de pagamentos aos jogadores, alem de vários processos nos tribunais. Portanto, as pessoas de Ovar que gostavam de desporto, a pouco e pouco, foram transferindo as suas apetências do futebol para o basquetebol. E começaram a desgostar de ir ao futebol devido aos seus maus exemplos e passaram a apreciar o basquetebol. Este desenvolveu-se, começou a ganhar algumas competições, o que criou um entusiasmo muito grande e foi-se desenvolvendo ainda mais. Por isto tudo, hoje a grande paixão de Ovar é o Basquetebol.

Há quantos anos está ligado ao basquetebol?

Aproximadamente há 28 anos.

Pode explicar-nos de que forma está estruturado o Clube (Ovarense)?

Existe um clube, Associação Desportiva Ovarense (ADO) com cerca de mil sócios, que gere todo o basquetebol do clube e que durante muitos anos geriu tudo, desde os escalões de formação à equipa principal. Quando surgiu a Liga Profissional de Clubes, entendeu-se por bem autonomizar a equipa principal, que passou a ser uma equipa profissional. Então constituiu-se uma SAD com a participação maioritária do clube formador e a equipa profissional transitou para a SAD. Mas os dirigentes são praticamente os mesmos, com pequenas alterações. Portanto, neste momento digamos que existem duas associações diferentes: a Ovarense Basquetebol que dirige todos os escalões de formação e a equipa feminina e a Ovarense Basquetebol SAD que dirige a equipa profissional.

Como é promovido o espectáculo de forma a ter a Arena de Ovar praticamente sempre lotada?

A promoção não é o factor importante em termos de publicidade. O que é importante é que a massa associativa, os adeptos gostem da modalidade e comecem a sentir necessidade de todos os fins-de-semana ir ver o jogo de basquetebol. Inicialmente não foi fácil, mas ao fim de algum tempo, o jogo da Ovarense passou a fazer parte do ritmo biológico de cada adepto. Eu, por exemplo, neste momento aos fins-de-semana sinto-me mal porque não tenho o jogo de basquetebol para ver. O basquetebol passou a fazer parte da rotina das pessoas de Ovar. E como nestes últimos anos, a Ovarense tem andado a competir para ganhar, despertou ainda mais entusiasmo. Durante muitos anos, dispusemos de um pavilhão com condições muito frágeis, já que “a caixinha de fósforos” era um pavilhão com poucas condições e algumas pessoas afastaram-se. Actualmente, com a existência de uma Arena, com todas as condições, houve um retorno de muita gente que tinha deixado de ir. E assim foi possível nos últimos jogos do playoff esgotar completamente a Arena Dolce Vita (até as escadas foram ocupadas e algumas pessoas tiveram de ficar de pé) que tem 2500 lugares sentados. Penso que Ovar e as redondezas começaram a apreciar o espectáculo de basquetebol e vêm em massa ver os jogos da equipa.

Como conseguiu convencer Mário Leite a assumir o comando da equipa da Ovarense?

Há muitos anos que o meu sonho pessoal e dos meus colegas da direcção era que o Mário Leite assumisse as funções de técnico principal. Por várias razões: em primeiro lugar, porque é uma pessoa da casa, nascida e criada em Ovar que nunca conheceu outro clube sem ser a Ovarense. E representando a Ovarense chegou a internacional e sempre com muito mérito, uma pessoa e um atleta exemplar e extraordinária do ponto de vista pessoal. Simplesmente o Mário Leite tinha um lema: “Santos da casa não fazem milagres” e nós compreendemos essa sua preocupação. Portanto, durante muito tempo recusou sempre assumir as funções de técnico principal, também porque exercia e exerce funções na Câmara Municipal e não quer perder um emprego estável para se poder dedicar exclusivamente ao basquetebol. No entanto, neste ano foi possível encontrar uma plataforma de entendimento. De forma legal, ele consegue adequar o seu horário e ter umas horas disponíveis que não lhe são pagas pela Câmara mas sim pela Ovarense e que lhe permite ter disponibilidade para orientar os treinos de manhã e de tarde. Ora, o Mário Leite tem um nível técnico profissional mais elevado que existe em Portugal, portanto não lhe falta qualificação profissional, tem uma longa experiência e em momentos difíceis provou que tem competência e capacidade. Os jogadores gostam muito dele e acham que ele tem uma grande capacidade de liderança e que é um técnico com muitos conhecimentos. Portanto, o Mário Leite reunia claramente todas as condições para ser, em Ovar ou em qualquer outro sítio, um técnico de primeira. Só faltava ele dizer que sim.

Perante este momento delicado que atravessamos em que a Aerossoles por razões conjunturais não vai continuar a ser nosso patrocinador, o que provoca uma quebra sensível nas nossas receitas, tivemos que pensar em reduzir os custos e encontrar soluções para aprender a viver com o que temos. Esta é uma regra nossa, queremos sempre pagar tudo e honrar os nossos compromissos. Então, fomos novamente bater à porta do Mário e dissemos-lhe: “Esta é uma ocasião em que tens mesmo de aceitar porque o clube precisa de ti, não é só uma questão salarial comparativamente com um treinador estrangeiro, já que este implicaria a necessidade de uma casa, de um carro, de uma viagem, de uma comissão de agente, no fundo de uma série de situações que tu por seres de cá, não necessitas”. Ele aceitou o desafio e compreendeu o momento. Pediu-nos uma coisa que também estava nos nossos desejos, ter como seu treinador adjunto o Carlos Pinto, outra pessoa que reúne condições excelentes para ser um bom profissional, tem um grande conhecimento sobre basquetebol e está muito ligado ao meio. Por isso, nós felizmente conseguimos ter esta dupla.

Há um novo rumo no basquetebol Português com a principal prova a ser organizada pela FPB. Quais são os objectivos da Ovarense para a próxima época?

A Ovarense lutou sempre por um projecto de Liga Profissional porque entendeu que seria bom para o País que existisse uma Liga Profissional onde todos os clubes assumissem o profissionalismo e cumprissem com as obrigações inerentes a esse profissionalismo. Só que uma coisa era aquilo que devia ser e outra era aquilo que realmente acontecia. Na realidade, o que se verificava era que havia dois ou três clubes que cumpriam e que eram realmente profissionais e todos os outros que faziam parte da Liga Profissional não cumpriam as suas obrigações. Ou não cumpriam com os pagamentos da arbitragem, ou dos atletas, ou dos treinadores. Andavam com problemas constantes ou na Liga ou nos tribunais e do nosso ponto de vista, isso não é ser-se profissional. Por outro lado, não havia vontade da parte dos clubes da Proliga em subir à Liga Profissional. Portanto, cada vez era mais reduzido o número de clubes na Liga Profissional e a competição perdeu interesse. Do nosso ponto de vista, tivemos de ser pragmáticos e entender a realidade e concluir que não há de momento condições para manter uma Liga Profissional. Pode ser que um dia volte a surgir essa oportunidade, mas de momento não há. Portanto há que ir ao encontro da Federação, ver qual é a modalidade de competição que esta vai organizar e aceitar entrar nessa competição. Ora, a Federação apresentou o seu projecto que é um projecto aliciante porque no fundo acaba por envolver todas as equipas principais de Portugal, acaba por ser um campeonato mais aliciante do que o do ano passado da Liga Profissional porque tem mais equipas e alguns clubes que são importantes como o Benfica ou o Queluz e outros que já andavam na Liga. Achámos que era a solução adequada e de forma pragmática aceitámos a realidade.

Depois da presença na ULEB Cup da época passada, a Ovarense de Mário Leite vai ter oportunidade de disputar as competições Europeias?

Não, com alguma mágoa, não vamos ter essa oportunidade. Embora, a prova Europeia seja sempre aliciante para os jogadores e para os adeptos, a verdade é que trás sempre custos acrescidos. E no momento delicado que atravessamos, em que digamos que houve um interregno do nosso patrocinador principal, é-nos muito mais importante assegurar condições de viabilidade e pagamento integral dos compromissos que assumimos e achamos que a participação em provas Europeias, trariam custos acrescidos que não estamos em condições de suportar neste momento.

Ao longo da sua vida ligada ao basquetebol qual foi o treinador que mais o marcou?

É impossível responder a esta pergunta, pois não consigo escolher só um. O primeiro treinador com quem trabalhei, Francisco Costa marcou-me muito porque era uma pessoa profundamente humana, muito séria, um grande conhecedor de basket e que aceitou um desafio que dificilmente outro aceitaria, treinar a equipa da Ovarense em condições financeiras quase de favor. Aqui esteve uns anos e a ele se deve muito do trabalho de base do clube e da sua afirmação. Depois, é evidente que não posso deixar de falar do Luís Magalhães porque conquistou muitos títulos ao serviço da Ovarense, embora tenhamos algumas divergências nomeadamente no que diz respeito ao seu temperamento e personalidade. Ele tem coisas muito boas como treinador, mas nem sempre estávamos de acordo. O professor Jorge Araújo foi uma pessoa espectacular, muito educada e que percebia muito de basquetebol também me marcou bastante. De uma forma geral, todos os treinadores com quem trabalhei à sua maneira me marcaram e com todos eles gostei de trabalhar.

E qual foi o jogador que deixou no seu coração boas lembranças?

Mário Leite, por exemplo foi um jogador espectacular. Neste momento, o Nuno Manarte também ele um jogador espectacular. Mas nesta pergunta, a lista é infindável porque acho que a Ovarense tem tido a sorte de poder contar nas suas fileiras com jogadores espectaculares, principalmente os Portugueses e obviamente não posso deixar de referir alguns estrangeiros que por cá estiveram, não só pela muita qualidade que evidenciaram mas também porque foram sempre homens muito sérios, muito dignos e muito respeitadores das regras, entre eles o caso do Mario Elie, um caso ímpar, foi um profissional extraordinário que nunca causou o mínimo problema no clube e que se tornou um jogador famoso na NBA, fama essa que acabou por nos beneficiar.

O que pode aconselhar aos jovens que pretendem seguir o seu exemplo e fazer carreira enquanto dirigente.

No meu caso, procurei sempre seguir na minha vida de dirigente desportivo, as mesmas regras que tenho na minha vida pessoal. Ser honesto, cumprir integralmente os compromissos que assumo, e não é só aquilo que escrevo mas também aquilo que digo. Para mim, um acordo verbal é o suficiente e nunca deixei de respeitar isso. Penso também que é fundamental que o dirigente olhe não só para o interesse do clube mas também para o de quem contrata com o clube, pois o jogador para se sentir bem no clube tem que ser respeitado, tem que ser estimado e tem que perceber que o dirigente também olha para o interesse dele. Portanto, nunca o deve enganar, deve ser sério e leal para com o jogador para que este sinta confiança no dirigente que o contratou e que representa o clube. Felizmente, neste aspecto tenho tido a felicidade de contratar pessoas que se habituaram a estimar-me da mesma forma como eu os estimei e julgo que todos os jogadores que contratei têm uma boa recordação de mim assim como eu tenho deles.

 

 


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