1999 – Homenagem aos anónimos

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1999 – Homenagem aos anónimosO facto mais marcante de 1999 foi indubitavelmente a realização do final do campeonato do mundo de Sub-19 em Lisboa. Contudo, a história do basquetebol não se faz apenas de factos e figuras marcantes da modalidade,

a história também se faz de muito empenho e dedicação de muitos “heróis “ anónimos. No âmbito desta iniciativa, já mencionámos muitas figuras marcantes, agora para dar um exemplo dos heróis anónimos e com este exemplo homenagear todos os “heróis” desconhecidos da modalidade pedimos a San Payo Araújo que nos narrasse um pequeno episódio decorrido durante as finais do campeonato do mundo de basquetebol de juniores realizadas no Pavilhão Atlântico hoje Meo Arena.


Em termos organizativos o maior feito do basquetebol nacional foi a realização do campeonato do mundo de juniores. Na verdade lotar o Pavilhão Atlântico, ter de chamar a polícia de intervenção, por causa de milhares de pessoas, que queriam assistir à final e tiveram que ficar do lado de fora do pavilhão, é um facto único na história do basquetebol. Mais de 12.5000 pessoas lotaram por completo o pavilhão, mas a estória que vou narrar, decorre no dia anterior, à final no decorre durante as meias-finais do campeonato do mundo.

Como principal responsável pela coordenação de tudo o que se passava no pavilhão Atlântico tive de preparar e organizar o trabalho das finais, que contou durante quatro dias com o envolvimento de 200 voluntários. Muitos desses voluntários eram responsáveis por assegurar a segurança e a circulação das pessoas dentro do pavilhão. Nessas funções, uma das tarefas menos aliciantes e mais cansativa era o controlo das pessoas nos corredores dos acessos técnicos ao campo. Para além de ser uma tarefa sempre ingrata, quem estava nestes postos não se conseguia ver nada dos jogos. Como estes decorriam o dia inteiro estes postos eram garantidos por turnos de um período de quatro horas ao fim do qual esses voluntários eram rendidos por outro voluntário. Estava a decorrer a emocionante meia-final entre a Argentina e a Espanha, quando passei um destes postos de controlo e um dos voluntários se dirigiu a mim perguntando: Sr Comandante amanhã não me vai acontecer o que me está a acontecer hoje? Ao que eu respondi: Mas o que é que te está a acontecer?

Calmamente o voluntário respondeu: Ainda não fui rendido e já estou aqui há quase oito horas. Eu não queria acreditar no que estava a ouvir. Se ele tivesse abandonado o seu lugar nada lhe poderia acontecer, ele tinha feito a sua parte, mas não, ali ficou, para que não houvesse falhas na organização. Então disse-lhe para ir ver o final do jogo, que eu iria resolver a situação e ficaria momentaneamente naquele posto. No meio disto tudo até hoje me penitencio por não ter ficado com o nome desse voluntário, um “herói" anónimo.

 

 
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