Esta tem sido uma época atípica

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altJoão Oliveira, o jovem treinador do Gafanha, que compete na 1ª divisão feminina, fala-nos das dificuldades pelas quais a sua equipa passou esta temporada.
 
 
A época ainda não acabou, mas já  é possível fazeres um balanço deste ano à frente da equipa sénior feminina do Gafanha?
 
 
Ainda faltam três jogos para terminar a fase regular e ainda estamos na luta pelos play-offs. Quando terminarem os jogos oficiais, aí sim, é altura de se fazer um balanço da época.
 
 
Há quem defenda que a época que o Gafanha tem vindo a defraudar as expectativas...
 
 
Esta época houve equipas que se reforçaram bem, três/quatro equipas querem subir á Liga, está um campeonato mais competitivo. Quanto ao Gafanha, é uma equipa muito jovem, com média de idade de 22,4 anos. Quem acompanhou  a nossa época desde o inicio, sabe que tem sido uma época atípica em termos de lesões, tive 6 atletas lesionadas (joelhos) durante alguns meses, uma em «erasmos» que voltou em Fevereiro, duas por motivos profissionais nem sempre podem estar presentes com o grupo, outra que também por motivos profissionais teve que abandonar, num grupo de 14 atletas ficou curto. Tive que me socorrer a duas atletas juniores da formação. É difícil criarem-se rotinas, não podendo fazer o 5x5 nos treinos. Para o fim da época, já estão a voltar as lesionadas e já fizemos bons jogos. Mas nada apontar ás atletas que, muitas ou poucas, nos jogos e nos treinos tem dado sempre tudo.
 
É certo que podíamos ter feito sempre mais um pouco, toda a gente pode, só assim nos superamos a nos próprios.
 
 
Estás satisfeito no Gafanha?
 
 
Claro que sim, é uma casa que bem conheço. Estive cá 3/4 épocas, há 10 anos, onde fui vice-campeão de cadetes masculinos. Não era para treinar ninguém esta época, porque quero acabar o curso, mas o Carlos (já o conheço, ainda ele estava em Espanha), convenceu-me.

 
Na próxima época, vais continuar no Gafanha?
 
 
Ainda é cedo para falar disso  

 
Já treinaste formação e seniores femininos e masculinos. O que preferes?
 
 
São realidades completamente distintas.
Em competição, tens de ganhar acima de tudo, não tens que pensar que todos os atletas têm de jogar e têm de  jogar os melhores. Tens de fazer muitos trabalhos de casa, fazer scouting, ver vídeos, analisar pontos fortes, fracos do adversário, na nossa equipa tirar o máximo de partido das características de um jogador, os movimentos mais complexos para aproveitar os nossos pontos fortes. Portanto, é aproveitar o que se tem, limar umas arestas para no jogo sair bem.
 
 
Na formação,   tens de ter outros cuidados, até porque estamos ajudar de uma forma marcante aspectos da juventude dos atletas, não só no desporto, mas também em termos sociais. Muitos dos atletas vêm em nós um líder, uma referência. Já tive muitos atletas que vinham falar comigo dos mais variados temas que não o basquete. Nós treinadores temos outras funções junto a eles, do ouvir e ajudar no que se puder, de ser mais um amigo. Quanto á parte desportiva, temos que ensinar e cimentar os fundamentos básicos. Estamos a falar em aspectos de coordenação motora, escola de corrida, passe, drible, lançamento, leituras do jogo, aspectos básicos mais simples. Com o evoluir do atleta, vai-se passando para outras fases. È importante, nós  treinadores, não «queimarmos» nenhuma fase da " vida" desportiva do atleta. Também importante é não criarmos expectativas a mais num atleta que nos cadetes até pode ir a selecção nacional, mas dizer que tem de continuar a trabalhar para ele e em prol da equipa, até porque a equipa está acima de tudo e de todos. São aspectos, todos eles muito importantes na formação de um atleta.
 
 
Tenho tanto gosto em treinar competição e formação, a única diferença, juntando á realidade de hoje e da nossa sociedade, para mim como treinador neste momento dá mais gosto treinar uma equipa da formação do que sénior amadora. Porque? Porque, por muito que tenhas jogadores seniores, há certas e determinadas situações que não podes prever, por exemplo o abandono de uma atleta por motivos profissionais, ou por ter que cuidar dos filhos, ou porque tem férias com a mulher, etc. etc. Ou tens uma equipa onde  são quase todos jovens que dependem dos pais, estudam, e não trabalham, assim ficando mais disponíveis para o desporto... são tudo aspectos em que não podemos fazer nada, porque se trata de uma equipa amadora. Custa muito a um treinador preparar um treino para X jogadores e afinal apareceram X-3 ao treino. É desmotivante, não consegues trabalhar. Nas equipas de formação, tens aqueles atletas e sabes que 95% deles vão acabar a época e até continuam no clube, para um treinador (falo por mim), dá mais motivação para treinar e ver a progressão deles no mundo do basquete.