Que modelo? – parte II
 
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Que modelo? – parte II

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Nuno TavaresA competição é um processo importante na construção de um atleta, mas pode tornar-se “perigoso” quando a mesma não promove o sentido de igualdade para todos.

No artigo da semana passada abordei as linhas gerais do modelo de competição da formação nos Estados Unidos, esta semana irei desenvolver cada um dos pontos.

As competições mais importantes começam a realizar-se apenas após 3 meses do primeiro treino (distritais e playoff´s do Estado):

Embora dependa de cada estado e de cada associação, os treinos de equipa começam no final de Setembro, altura que coincide com o final da época de futebol americano. Sendo assim, não faz sentido que as competições importantes (campeonato do distrito ou conferência e playoff´s do estado) comecem passado 1 mês, pois pretende-se que, quando se chegue às provas importantes, as equipas estejam o melhor preparadas possível. O sistema desportivo escolar definiu então que estas provas sejam na última parte da temporada.

Nos primeiros dois terços da época os clubes fazem o seu próprio calendário, tendo que, obrigatoriamente, realizar um número mínimo e máximo de jogos dentro de uma data definida:

Este é o ponto mais interessante para mim. Sendo que a época tem 3 meses e meio, nos primeiros dois meses apenas se jogam jogos “amigáveis” (depende de cada associação e estado) onde cada equipa terá que realizar 22 jogos e 3 torneios (ou 23 jogos e 2 torneios ou 24 jogos e 1 torneio). Estes jogos podem ser contra escolas públicas ou privadas, de cada uma das 5 divisões (tanto as escolas privadas como públicas estão dividas em 5 divisões, sendo a 1ª divisão com um número mais pequeno de alunos e a 5ª divisão uma escola com um maior número de alunos).

Cada escola então, obrigada a fazer o número de jogos acima referidos, define o seu horário em função da evolução que pretende, da equipa que possui em termos técnicos e tácticos e da sua situação financeira. As “Power House´s” escolares durante estes primeiros dois meses agendam jogos pelo pais todo, procurando jogar contra as melhores equipas de liceu dos Estados Unidos pois por norma irão ganhar a sua divisão e o estado. Isto permite que cada escola possa assim ser responsável por um calendário que seja adequado ao que pretende e, acima de tudo, é um modelo justo e igual para todos.

Não se vai para além do campeonato do Estado, sendo definida a melhor equipa do país através de um ranking dos jogos que são feitos durante os primeiros dois terços:

O território americano é muito grande, mas não é por esta razão que não se define a melhor equipa nacional. Uma das razões que não se faz um campeonato nacional ou uma final four nacional é derivado ao facto que durante os primeiros dois terços do campeonato, conforme os jogos que cada liceu escolhe, começa-se a definir rakings nacioanis. Quem já viu o documentário da equipa de liceu de Lebron James ,“More than a game”, consegue perceber como este processo se desenrola. O que se pretende aqui é acima de tudo dar responsabilidade a cada equipa pelo seu próprio calendário, o que não me parece muito sensato, como por outro lado, não se “obriga” cada escola a ter que reunir obrigatoriamente certos parâmetros financeiros para cumprir um modelo que pode ser possível para uns mas difícil para outros.

Então qual o “tranfer” destas medidas para o nosso pais?

Começo logo pelo ponto que acho que é neste momento, como treinador, mais pertinente para a nossa competição, mudar os timings que estão instaurados em relação ao inicio dos campeonatos. No meu entender, nunca começaria os campeonatos distritais antes de Dezembro, dando assim aos clubes de formação dois meses (no mínimo) para os treinadores puderem desenvolver as suas equipas e os seus jogadores sem a pressão da competição. Todos os treinadores, uns mais, outros menos, acabam por queimar alguma etapas da evolução dos atletas porque têm jogo no próximo fim de semana e têm que “montar” a sua equipa para estar o melhor preparada para ganhar, indo contra tudo o que se pretende na formação.

A competição é muito importante, mas quando se interrompe os patamares de desenvolvimento técnico de um grupo de jogadores porque a competição chega mais depressa do que devia, então estamos a subverter tudo o que esta defende.

De seguida fazia a ligação ao segundo ponto que falei em cima, durante estes dois meses de treinos (pelo menos) deverá agendar-se jogos dentro da própria associação e especialmente fora da mesma, dando o mesmo número de jogos a todos os clubes e atletas de modo a que exista um equilíbrio em termos dos jogos que cada atleta faria e não como acontece neste momento onde temos associações que fazem muitos mais jogos do que outras, não é justo, não é correcto e especialmente cria um fosso enorme entre as diferentes zonas do pais.

O que mais me deixa a pensar que o sistema actual usado e Portugal está completamente desactualizado (e errado...) é o facto de termos pelo menos 8 meses de competição, então se existe tanto tempo porque apressar os inícios de competição distrital? Porque não criar um sistema que obrigue a todas as equipas de formação a fazer o mesmo número de jogos? Porque não dar tempo para os treinadores treinarem e aos jogadores evoluírem?

Visto de fora parece-me que os organismos que deveriam actuar no interesse da nossa modalidade gostam de ter as paredes do “prédio” arranjadas, com boa aparência para o exterior e pintadas de fresco, mas quando se entra neste mesmo “prédio” é como se tudo estivesse de pernas para o ar. O que me leva a tirar duas conclusões: ou não se tem o conhecimento técnico, logístico e organizativo para se começar a fazer o que realmente é de interesse nacional ou então não se quer fazer por razões que são “desconhecidas”.

Não é preciso coragem para se mudar, coragem não chega, é preciso fazer!

Sou um defensor de basquetebol para todos e não só para alguns...

Eu Vejo-te...
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Comentários 

 
+1 #4 Filipe Silva Santo 24-01-2013 01:28
"o mesmo número de jogos a todos os clubes e atletas" A minha favorita foi esta! :roll:
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+6 #3 João Ribeiro 15-01-2013 01:18
Caro Nuno Tavares

Em primeiro lugar dizer que apreciei particularmente a temática destes teus últimos artigos e a procura de transfer para a nossa realidade. Contudo permite-me dizer que, enquanto nos EUA estamos a falar de uma estrutura que junta o sistema educativo ao sistema desportivo, considerando esta junção um meio favorável á valorização do individuo, em Portugal essa junção não existe, nem me parece que haja uma intenção de torná-la viável. O Clube Desportivo e a vertente escolar estão cada vez mais distantes uma da outra travando os benefícios de cada uma delas e aí sim encontramos uma barreira para encontrarmos no Desporto Escolar um caminho para desenvolver uma cultura desportiva assente em valores e atitudes tão pobremente valorizados no sistema educativo. Escola e desportivo poderiam ser parceiros numa educação exigente, organizada e responsável. Em contrapartida constituem uma relação de forças onde sai a criança e o jovem a perder.
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+5 #2 San Payo Araújo 14-01-2013 16:38
E acrescentar...

A competição é decisiva no desenvolvimento e formação dos jovens, só que a competição não é boa ou má de per si. O problema não são os jovens praticantes, o problema são os adultos e o uso que estes fazem da competição.
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+7 #1 San Payo Araújo 14-01-2013 16:33
Caro Nuno

Mais uma vez foi com enorme atenção que li mais um dos teu artigos.

Não resiste em juntar duas frase do teu texto:

"A competição é um processo importante na construção de um atleta, mas pode tornar-se “perigoso” e quando se interrompem os patamares de desenvolvimento técnico de um grupo de jogadores porque a competição chega mais depressa do que devia, então estamos a subverter tudo o que esta defende.
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