Basquetebol e Moçambique
 
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Basquetebol e Moçambique

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FracoBom 

João RibeiroFalar de Basquetebol e associá-lo a Moçambique é uma ousadia minha na medida em que nunca estive em Moçambique. Que me perdoem todos os que tiveram a oportunidade de desfrutar de um período, eventualmente único, na história da nossa modalidade,

mas não poderia dar continuidade ao conjunto de artigos centrados no tema Alinharmo-nos sem que fosse abordado este tema.

Como muitos de nós certamente já tivemos oportunidade de ler e ouvir, o Basquetebol naquele País (outrora colónia Portuguesa) viveu tempos de uma vitalidade única. Os relatos que tive a oportunidade de presenciar sobre esses tempos emanaram emoção e paixão pelo jogo, contagiando-me também e levando-me a sonhar sobre como seria ter passado pela aquela realidade. Na nossa modalidade são inúmeras as referências que passaram pelos torneios de minibasquete associados a marcas de referência, ou por jogos do Sporting e Desportivo de Lourenço Marques, Real Sociedade, Malhangalene, etc. Pavilhões cheios, jogadores que constituíam referência para os mais novos, horas de prática informal, tabelas de Basquetebol pregadas em árvores, a bola sempre presente, a paixão pelo jogo. Citarmos nomes de jogadores que a esta realidade estiveram ligados seria uma injustiça, uma vez que esqueceríamos outros tantos que, não tendo alcançado igual notoriedade na modalidade, não foram nem são menos apaixonados pelo Basquetebol do que os primeiros.

Decorrente de um progressivo interesse dos clubes Portugueses e, posteriormente, de uma descolonização em nada pacífica, muitos praticantes chegaram ao nosso País e contagiaram a modalidade de Norte a Sul com a sua paixão pelo jogo e com evoluídos atributos físicos e técnicos. A nossa modalidade viveu um momento inigualável onde, por exemplo, surgiu o Basquetebol na Ovarense, o Ginásio Figueirense ganha um título nacional e clubes como Sporting, Porto e Benfica valorizaram os seus plantéis com jogadores oriundos de Moçambique.

O que esteve na origem desta vitalidade? E o que mantém muitas destes ex-jogadores, treinadores e dirigentes, ainda hoje, ligados à modalidade? Alguma vez se recolheram dados sobre de que forma o nosso Basquetebol se desenvolveu, manteve vivo e dinamizado por ex-praticantes que iniciaram a sua prática em Moçambique? Estas questões, provavelmente deveriam ser respondidas, por quem nasceu, cresceu, jogou e se ligou ao Basquetebol em Moçambique. Porém, poderemos deste contexto retirar algumas ideias que bem poderiam constituir um instrumento para um verdadeiro e diferente incremento na modalidade.

A primeira ideia é que toda a vitalidade do Basquetebol em Moçambique nasceu de uma decisão política que, entre muitas iniciativas, promoveu a organização de torneios de minibasquete em parceria com marcas relevantes. Parece ser evidente que estas decisões proporcionaram o alargamento da base de praticantes numa modalidade que, já de si era referência. A dinamização do Minibasquete, associado ao conceito da constituição de equipas de bairro, promoveu grandemente a prática informal e o gosto pelo jogo. Esse incremento, em muitas crianças da altura, influenciou decisivamente e para sempre a sua cultura desportiva.

A segunda ideia prende-se com o efeito contagiante que este incremento teve nos anos 70 e 80 em Portugal: as equipas portuguesas que tinham nos seus plantéis jogadores oriundos de Moçambique tornaram-se verdadeiramente mais fortes e, nalguns casos, campeãs; muitos de ex-praticantes oriundos de Moçambique dinamizaram a modalidade em zonas do nosso país onde não havia Basquetebol, ou onde a modalidade tinha menor expressão; ainda hoje temos exemplos de vitalidade do Basquetebol por influência positiva de pessoas que viveram a modalidade, na sua infância e adolescência em Moçambique.

Terá alguma utilidade analisar toda a envolvência, a estrutura e os princípios que estiveram na base do crescimento e desenvolvimento do Basquetebol em Moçambique e posteriormente em Portugal? Bem sei que os tempos são outros e a nossa realidade é como País é outra. Mas certamente estará o leitor de acordo relativamente ao efeito que, em todos nós agentes da modalidade, com passado construído enquanto praticante, tiveram os primeiros anos de prática e o contexto que nos acolheu na modalidade.

Conseguiremos todos nós, nos próximos tempos, contribuir para que seja possível semear a paixão e o envolvimento no Basquetebol de forma tão duradoura quanto aqueles tempos de Moçambique o fizeram em grande parte dos que nele cresceram?

 

Comentários 

 
+1 #8 Rui Costa 23-01-2013 17:51
Parabéns João !

A sensibilidade demonstrada por quem nunca viveu essa realidade mas soube ver através dos exemplos testemunhados como é possível com organização e amor pela modalidade dar os passos necessários para a içar a patamares de que hoje está tão distante.
Pelo basquetebol está na hora de nos unirmos e aproveitar os bons exemplos!
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+4 #7 San Payo Araújo 18-01-2013 15:28
Caro Timóteo

Caro amigo tu és mais um dos muitos e muitos nascidos para a modalidade no movimento do minibásquete de moçambique que por esse país fora vão espalhando a paixão pelo basquetebol.

Mais um dos muitos, que teriam de constar da lista que urge elaborar para se compreender quão decisiva é a vossa acção no universo do basquetebol

Seria bom que mais como tu comentassem este excelente artigo de reflexão.

Quem é que sabe onde e pela mão de quem surgiu por exemplo um jovem que desponta como Gonçalo Naves

Um abraço e continuação de bom trabalho
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+8 #6 Humberto Gomes 18-01-2013 15:06
Parabéns, caro João.Relativamente ao tema foi realmente jogar em "campo aberto", com enorme capacidade de análise e evidenciando uma extraordinária apetência e paixão pela modalidade. .Curto mas de enorme grandeza o comentário do Henrique e o sentido de oportunidade do Nuno: "um povo sem memória, é um povo sem futuro", a que me atrevo a acrescentar que muito dificilmente poderá dobrar o "cabo bojador".Aquele abraço.
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+10 #5 Timóteo Pfumo 18-01-2013 13:54
Excelente artigo. Comecei a jogar Minibásquete neste fantástico torneio. Hoje, com 54 anos ainda continuo ligado à modalidade no CAB de Grândola.
Parabéns
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+9 #4 Francisco Ribeiro 17-01-2013 20:52
Belo artigo, comprovado pelos comentadores...quem diria que de pequenino, vinhas a escrever um real artigo que define bem a paixão pelo Basket...mas neste "velho" país não é facil chegar muito alto... Força rapaz, defende o que muito gostas. FR
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+16 #3 San Payo Araújo 17-01-2013 15:55
Os nomes sonantes que Moçambique deu ao basquetebol e são muitos, e são apenas o cume do iceberg,

Eu que percorro o país de lés a lés tenho notado que mesmo nos sítios mais recônditos onde há basquetebol normalmente está por detrás alguém que veio de Moçambique.

Ainda hoje a responder ao email da AB Viseu vieram logo à cabeça nomes deste distrito que promovem ou promoveram o basquetebol naquela região o Jorge Duarte Vice Presidente da ABV, o Amândio que dinamiza o basquetebol em Santa Comba Dão, o José Neto que em Vila da Ponte (Sernancelhe) tinha um clube e o Carlos Andrade,

De muitos mais poderia falar, fazer um levantamento sociológico deste fenómeno e verificar a influencia que o movimento do minibásquete de Moçambique talvez ajudasse a clarificar estratégias

Parabéns João
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+20 #2 Henrique Vieira 17-01-2013 11:48
Sabe bem ler isto! Foi preciso esperar mais de 35 anos para que alguém o escrevesse... Abraço
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+12 #1 Nuno Tavares 17-01-2013 04:43
João,
Excelente artigo do qual tirei logo duas ideias: Prática informal e ex-praticantes e a sua influência na modalidade.
Quanto à prática informal gostava de dizer que cada vez mais não existe no nosso país, devido a vários factores especialmente decisões políticas que fizeram com que os parques e jardins do nosso país deixassem de ter campos de basquetebol para se poder praticar a tal "prática informal" sempre que se quisesse. Na época passada vivi em Madrid e, nas minhas corridas diárias pelos parques daquela cidade, dei por mim a perder conta do número de campos de basquetebol (e de outras modalidades) à disposição da população, sempre cheios de jovens de todas as idades. Quanto aos ex-praticantes gostava de dizer que nenhum trabalho tem sido feito pelas as instituições que regem a modalidade de modo a que quem, ao longo dos anos, tem vindo a construir o jogo, pudesse ter um papel decisivo nos jovens e estruturas. "Um povo sem memória, é um povo sem futuro".
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