Depois de termos exposto a filosofia de deteção e como esta é posta em prática nas federações autonómicas passamos ao passo seguinte da deteção de talentos do basquetebol espanhol.
O primeiro grande momento de intervenção direta da Federação Espanhola de Basquetebol na deteção de talentos decorre nos Campeonatos de Minibásquete de Espanha para as seleções autonómicas em São Fernando.
A federação espanhola dá grande importância e investe muito neste evento, onde novamente um conjunto alargado de treinadores, sob a coordenação técnica da federação, observa e tenta detectar os jovens com elevado potencial de evolução. Uma vez mais não se trata de dizer quem são os melhores de momento, mas perspectivar quem no futuro terá mais condições de vir a representar Espanha nas sucessivas seleções nacionais.
Este conjunto alargado de treinadores indicados pela Federação Espanhola escolhem no decorrer da competição, que se realiza no período da Páscoa, 72 jovens, 36 masculinos e 36 femininos para serem observados num estágio que decorre no final da época em Junho.
Cabe aqui abrir um parêntesis para dizer duas coisas. Primeira, estes 72 jovens não são apenas selecionados entre os minis presentes nos Campeonatos de Minibásquete de Espanha. Embora haja um grande esforço por parte da Federação em sensibilizar as Federações Autonómicas no sentido de estas levarem à competição, jovens que tenham perspectivas de futuro, nem todos os treinadores das seleções autonómicas se conseguem libertar dos resultados imediatos. A título de exemplo a FEB, ciente desta realidade, escolheu em 2011, ano em que estive em Collel, quatro jovens, por sinal todos altos, que não tinham estado em S. Fernando. Embora tivessem sido detectados na fase anterior não tinham sido selecionados para representarem as suas seleções autonómicas. Segunda, sei que foram razões económicas que levaram a FEB acabar com o estágio de Collel. Atualmente a Academia de Iniciação da FEB decorre em Guadalajara perto de Madrid em trabalho em paralelo e simultâneo dos Sub-12 e Sub-13.
Só no futuro daqui a 4 e mais anos é que saberemos, qual o impacto desta alteração, se resultará em perda, manutenção ou melhoria dos resultados. No entanto há uma coisa que não tenho dúvidas, o que se passou anos a fio em Collel foi uma peça do puzzle, fundamental para compreender o sucesso desta última década das selecções espanholas de formação.
Collel ficará para sempre associado à história de sucesso do basquetebol espanhol. Quando estamos perante um estágio de observação de atletas, que consegue, que 75 a 80 por cento dos jovens observados aos 12 anos, 8 anos mais tarde estejam nas seleções de Sub-20; quando sabemos que em Collel já foram detectados aos 12 anos estrelas, como Juan Navarro, Marc Gasol, Rudy Fernandes e Ricky Rubio nos masculinos e Alba Torrens, Marta Fernandez e Silvia Dominguez nos femininos estamos certamente sobre uma filosofia e forma de observação e detecção muito eficaz.
