Pedagogia segundo Herr
 
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Pedagogia segundo Herr

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Henrique SantosDesde que foram escritas - nos anos sessenta do século XX - estas palavras sobre o ensino e treino do basquetebol muito se evoluiu. No entanto achei por bem trazê-las aqui traduzindo-as do francês

que presumo não ser muito acessível aos companheiros treinadores mais novos. E a razão principal que me levou a fazê-lo é a seguinte: A nova forma de conceber o ensino e o treino do basquetebol descrita aqui era bastante inovadora para a época. Continuou a sê-lo durante muitos anos. Considero que na prática ainda não está tão disseminada no mundo do ensino e treino do basquetebol quanto deveria estar.


(Do livro de Lucien Herr, Basket-ball. Évolution, téchnique, pédagogie. Página 161 à 173)

CAPÍTULO TERCEIRO

ASPETOS PEDAGÓGICOS

FIM DO TREINO: ADESTRAMENTO OU EDUCAÇÃO?

“Um dos problemas mais importantes do basquetebol na hora atual é o problema do treino. Desde há muito tempo nós vamos numa falsa direção guiados por uma rotina da qual é sempre difícil desfazer-se.

Robert Busnel “Ensinamentos dos jogos olímpicos de Tóquio” Revista basquetebol, n.º 381, novembro 1964.

1.- CRÍTICA DO MÉTODO TRADICIONAL.

Nós assinalámos já num capítulo precedente (“Conceção geral do jogo” página 42) que a análise do jogo segundo os princípios cartesianos levou a uma conceção artificial e abstrata traduzindo-se por cortes em elementos ditos simples e, por consequência, no estabelecimento de um método de treino baseado sobre a aprendizagem sucessiva e ordenada desses “elementos”.

A caraterística fundamental desse método, usado sistematicamente e conscienciosamente por grande número de treinadores, é a sua referência a uma “ordem lógica” para “formar” os jogadores segundo um modelo ideal.

Chegamos assim a fragmentar o treino em partes claramente diferenciadas:

  • a preparação física, procurando sistematicamente o desenvolvimento de todas as qualidades atléticas julgadas indispensáveis: velocidade, relaxamento, potência, destreza, souplesse, resistência, endurance.
  • a preparação técnica individual, com o fim de fazer adquirir pelos jogadores até à sua automatização os principais gestos do basquetebolista (passes, lançamentos, dribles, deslocamentos, paragens, etc.), esta aquisição sendo obtida graças à aprendizagem de UMA TÉCNICA DEFINIDA na sua forma e no seu ritmo (aspeto exclusivamente mecânico dos gestos) e a uma repetição suficiente para transformar os movimentos voluntários assim aprendidos em movimentos automáticos.
  • a preparação tática, sobretudo orientada para a assimilação de uma certa coordenação entre as ações dos jogadores de uma mesma equipa de modo a executar um certo número de “combinações” elaboradas pelo treinador e julgadas por ele como devendo colocar o futuro adversário em estado de inferioridade, esta preparação revestindo o mais frequentemente possível um processo idêntico ao da preparação técnica: aprendizagem por análise dos deslocamentos simultâneos ou sucessivos de jogadores, depois a sua repetição, sem adversários, da “combinação” até à sua realização ideal.

Este método de treino derivado essencialmente dos métodos empregues no treino dos desportos individuais nos quais as condições de atividade desportiva permanecem imutáveis, não pode senão levar a uma mecanização dos jogadores, mecanização que vai algumas vezes, como Robert Busnel o sublinhou já após os jogos olímpicos de Roma, até a uma mecanização dos espíritos, “os jogadores recitando perfeitamente lições bem aprendidas mas revelando-se incapazes de fazer prova de iniciativa pessoal”.

Este método de treino releva dos MÉTODOS de ADESTRAMENTO utilizados correntemente para a preparação de um número de circo ou de music-hall. Eficaz se tudo se desenrola segundo o programa previsto mas praticamente inútil se as condições ideais não são realizadas.

Ora um match de basquetebol opõe duas equipas e a vontade de cada uma delas é justamente de fazer tudo para colocar em dificuldade a equipa adversa. A qualidade primeira dos jogadores é portanto a faculdade de se adaptar imediatamente às diversas situações de jogo, sempre novas. Isto supõe que a preparação do jogador deva ser compreendida segundo uma conceção totalmente diferente daquela tradicionalmente expressa.

2.- PARA UMA VERDADEIRA “EDUCAÇÃO” DOS JOGADORES

O ensino desportivo pode e deve inscrever-se no conjunto de técnicas educativas que participam na educação geral. Para o fazer ele não pode afastar-se dos princípios fundamentais da pedagogia, ela mesma repousando nos dados recentes da psicologia e sociologia.

Ora a psicologia moderna ensina-nos que o indivíduo é um todo e um todo extremamente complexo, e que não é possível considerar um jogador de basquetebol como um ser essencialmente físico: daí a necessidade de se dirigir ao ser total, não somente na sua natureza anátomo-fisiológica, mas igualmente na sua natureza psicológica.

Por outro lado nós sabemos por intermédio da sociologia que o homem, por essência, é um ser  social. É homem exatamente porque vive em relação com os seus semelhantes: daí a necessidade de considerar o jogador não somente como um indivíduo isolado mas como sendo um elemento vivendo uma unidade social, a equipa.

Enfim os pedagogos contemporâneos estão de acordo com o facto de que a educação não visa só “a aquisição de conhecimentos novos, mas também o desenvolvimento de um comportamento novo com vista a realizar um trabalho exterior bem definido ou de procurar um florescimento interior”.

A noção de treino não deve limitar-se à aprendizagem de um certo número de gestos técnicos estereotipados e de combinações rígidas, mas compreender-se como o desenvolvimento progressivo do complexo psicomotor do jogador com vista à sua adaptação aos problemas que ele deverá resolver em jogo, em harmonia com os seus companheiros de equipa, face a uma equipa adversa.

O desenvolvimento de um comportamento novo não pode conceber-se unicamente pela ação do treinador sobre os seus alunos: ele está sobretudo condicionado pelo esforço pessoal do jogador para modificar o seu comportamento anterior. Esta modificação realizar-se-á tanto mais facilmente quanto o treinador saiba associar em permanência à atividade física o esforço de inteligência, de compreensão e julgamento do aluno e suscitar nele a faculdade de analisar ele mesmo as suas atitudes para reconhecer as suas forças e as suas fraquezas.

Para isso é necessário que o aluno aja realmente, que ele seja colocado em situações onde se envolva inteiramente e que participe ativamente nas ações em que esteja particularmente motivado.

Justin Teissié foi ao ponto de dizer: “ não esquecer jamais que o melhor professor é o JOGO mesmo, porque é o mais interessante para o jogador, o mais CONCRETO, o mais VERDADEIRO, aquele que faz apelo à INICIATIVA, à ADAPTAÇÃO, à INTELIGÊNCIA.”

Sem ir ao ponto de dizer que o jogo pode constituir em si só a solução ideal aos problemas da educação dos jogadores, nós devemos convir que ele é um elemento particularmente importante nesta perspetiva e que, contrariamente aos princípios do método tradicional que não fazia dele senão um desfecho, ele deve ser considerado como um meio eficaz de treino e sem nenhuma dúvida ser à vez o ponto de partida e o ponto de chegada.

Nós pedimos emprestada novamente a Justin Teissié esta fórmula que resume bem o espírito no qual convém conceber o treino: “O fim fundamental é de LIBERAR os jogadores. O jogo é destinado aos jogadores, não ao Treinador ou ao Professor que deve considerar-se como um EDUCADOR e não como um jogador de xadrez.”

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE TREINO

Parece-nos essencial antes de estudar as modalidades de treino próprios ao basquetebol sublinhar os princípios gerais nos quais nos devemos inspirar, princípios que decorrem da conceção geral do jogo tal como a expusemos antes.

Nós não cremos que seja inútil relembrar os três pontos essenciais da nossa conceção:

  • O basquetebol, cuja expressão mais significativa é o match (jogo), é essencialmente uma luta entre duas equipas pela atribuição da vitória;
  • O basquetebol é uma atividade coletiva e, a este título, a definição de um fim comum e a organização racional da equipa para atingir este fim são primordiais;
  • Em basquetebol as ações individuais dos jogadores não são realizadas a não ser com o fim de participar ativamente a uma ação comum e só se revelam eficazes quando estão intimamente ligadas às dos seus companheiros.

1. ATUALIZAÇÃO DO TREINO.

É preciso entender por isso a orientação do treino na sua natureza e no seu conteúdo, segundo as necessidades reais e prioridades da equipa em relação à competição na qual está envolvida.

Na nossa opinião demasiados treinadores têm tendência a seguir nas sessões de treino que dirigem um plano de trabalho fixado uma vez por todas e uma ordem aparentemente racional e progressiva desses mesmos exercícios a fazer executar pelos seus jogadores. Certos vão mesmo até fazer repetir a mesma sessão, com os mesmos exercícios e seguindo um desenrolar sempre idêntico.

Além do facto de tais sessões se revelarem muito rapidamente monótonas para os jogadores nós pensamos que uma tal maneira de proceder não permite grande eficácia.

Para nós, o treino deve estar ligado intimamente à competição. O seu conteúdo e aparência geral deve estar determinado pelas constatações feitas sobre o comportamento da equipa aquando dos encontros passados e pelas circunstâncias previsíveis do ou dos encontros futuros (o que supõe um conhecimento ao menos parcial das caraterísticas essenciais do jogo das equipas a encontrar).

O treino consiste então em melhorar o nível de jogo da equipa – por uma melhor assimilação das componentes desse nível de jogo (organização coletiva, integração de todos os jogadores num sistema de jogo e melhoria do comportamento individual de cada jogador) – e a preparar a equipa numa adaptação conveniente à futura equipa adversa.

A determinação dos temas de treino a partir de um nível de jogo observado em jogos e com o fim de elevar este nível de jogo, constitui o verdadeiro trabalho do treinador, trabalho delicado que supõe para além de um conhecimento perfeito das técnicas a faculdade de situar tão exatamente quanto possível o grau de assimilação atingido pelos jogadores e de conceber os meios de modificar o comportamento individual e coletivo para atingir um nível superior.

2. – TOTALIDADE E UNIDADE DO TREINO.

O jogo de uma equipa constituindo um conjunto de elementos que não devem ser dissociados a não ser pelas necessidades de análise teórica, é desejável que o treino apresente igualmente esta caraterística de “totalidade” e de unidade.

É necessário rejeitar definitivamente a fragmentação do treino tal qual ela se apresenta no método tradicional, isto é, justapondo, sem o cuidado de interpenetração, as três partes comummente admitidas: preparação física, preparação técnica e preparação tática.

É preciso pelo contrário procurar ligar constantemente estes três aspetos do comportamento dos jogadores no treino, entendo que não está excluída a possibilidade de insistir sobre um ponto particular deste conjunto na condição de o apresentar como fazendo parte de um todo.

3. PROGRESSIVIDADE DO TREINO.

Se nós consideramos que o comportamento de um jogador em jogo não é somente a soma de ações musculares mas um conjunto organizado de reações em face de situações concretas, é evidente que a progressividade do treino não pode conceber-se sob a forma de uma simples adição de gestos, do mais simples ao mais complicado, mas antes como melhoramento lento e contínuo da compreensão do jogo e dos meios individuais para concretizar essa compreensão.

“É possível afirmar que o processo de assimilação do jogador faz-se do geral para o particular. O ponto de vista geral aparece não somente como uma base de compreensão indispensável mas ainda como o ponto de partida necessário para agir sobre os jogadores.”

A progressão aparece então como uma assimilação cada vez mais precisa da parte dos jogadores do conjunto de elementos que formam a conceção geral do jogo.

DÉMARCHE PEDAGÓGICA

A noção de um ensino fechado sobre si mesmo baseado unicamente sobre uma aprendizagem de gestos e movimentos concebidos a partir de um modelo e separado dos problemas que põe a prática do jogo em si mesmo está ultrapassada.

É indispensável, de facto, ligar o treino e a aquisição dos meios técnicos às realidades da competição. E é também indispensável não se fechar numa forma única e definitiva de ensino e de permitir, pelo contrário, a partir de uma ideia geral, aos jogadores de se exprimirem totalmente, sem constrangimento, mas com o cuidado de melhor realizar as suas intenções.

Nós temos sempre na memória a célebre exposição de Loisel, diretor honorário do ENSEP, da qual nós extraímos as seguintes frases:

“Conheceram vocês algures professores de desenho que interditavam aos seus alunos toda a execução livre antes de acabarem com o estudo da perspetiva? ...

… Não existem também professores de Educação Física que proíbem aos seus alunos a prática da corrida antes de terem estudado da passada e a execução de um salto em altura antes de terem esgotado a série de educativos que o preparam.

A ordem lógica dizem-nos eles, exige que a análise precede a síntese e que – por consequência – estudemos os elementos do salto antes de permitir a execução integral.

A isto nós respondemos que a criança se borrifa totalmente da ordem lógica.

Acrescentemos que a criança tem razão e o professor se engana, pois a educação faz-se seguindo a ordem natural e não a ordem lógica, ou antes a ordem natural precede a ordem lógica. A vida comanda. É o que ensina a pedagogia moderna…

… Mas, replicará o homem de ciência, já viram todos os maus hábitos assim contraídos pela criança, que virão inserir-se no seu automatismo e dos quais será necessário depois desembaraçar-se. Exijamos movimentos corretos.

Eis-nos aqui no coração da questão. Nós queremos que um movimento seja desde a abordagem correto, como se a correção fosse um ponto de partida e não um fim, como se o mestre não tivesse a tarefa de ensinar, ao mesmo título que outras qualidades tão necessárias…

… O élan vital não se deixa cortar em pedaços, sob pena se se ver privado à vez de élan e de vida. A primeira aprendizagem de um movimento vivo, ou dito de outra forma o primeiro tempo do treino consiste portanto em executar o movimento diante do sujeito com todo o cuidado e perfeição possível, dizendo-lhe: olha e de seguida, faz como eu.

A criança observa com os seus olhos, com o seu sentido muscular, com a sua inteligência. E lança-se.

Com essa primeira execução a aprendizagem começa. Corrijam de passagem tal erro grosseiro que salta aos olhos, foquem a atenção sobre esse defeito evidente. E deixem agir o vosso aluno. Estabeleçam uma curva de performance e vocês a verão subir em flecha, depois abrandar e ao fim de um certo tempo mais ou menos longo, tornar-se plana…

O primeiro período de aprendizagem, o do empirismo natural finalizou-se. É nesse momento que a lógica, a análise, a síntese, tomam os seus direitos. Se vocês foram hábeis, vocês criaram nos vossos alunos o desejo de se aperfeiçoarem, de melhorarem o rendimento dos seus gestos. Ele provará a necessidade da técnica como tinha provado anteriormente a necessidade de movimento espontâneo! E o interesse nasce da necessidade. Ele vai portanto estar interessado pelos exercícios educativos, porque aí já compreendeu então o sentido, ele conhece o seu fim.

… Podemos dividir os movimentos nas suas partes diferentes, isolar cada uma dessas partes e preparar o aluno, isto é, o educativo analítico. Ele tem a sua utilidade, ele ensina a forma, mas mais nada do que a forma pois ele é vazio de dinamismo…”

Sem querer acrescentar ao pensamento deste grande pedagogo, nós diremos que o que ele exprime nestas linhas apresentando exemplos entre os exercícios desportivos “individuais” revela-se ainda mais verdadeiro quando se trata de uma atividade coletiva e sobretudo de uma luta coletiva contra uma equipa adversa.

Sem querer pretender definir um “método de ensino” nós pensamos que a démarche pedagógica para o treino do basquetebol deve ser a seguinte:

1.º- Partir do concreto, isto é, da prática do jogo em si mesmo, sob forma global, e sobretudo na sua expressão mais rica: o encontro.

2.º- Observar o comportamento coletivo e individual dos jogadores de equipa durante o encontro, tendo em conta todos os elementos da competição e particularmente as caraterísticas da equipa adversa. Esta observação – da qual nós tratámos as formas e os meios num capítulo precedente – deve permitir ao treinador destacar os pontos essenciais sobre os quais ele fará incidir o seu ensino.

3.º- Ir do geral ao particular, isto é, recolocar todo o exercício num quadro muito geral para fazer compreender aos jogadores todo o valor e suscitar assim o interesse antes de ir para o aperfeiçoamento da forma e do ritmo. Na mesma ordem de ideias nós pensamos que, contrariamente ao método tradicional, a organização coletiva da equipa deve ser estudada em primeiro lugar, já que ela constitui o suporte e o quadro das ações individuais e ela preside ao comportamento de cada jogador.

4.º-Incluir, o mais frequentemente possível, a noção de adversário, o que pode realizar-se tão bem quando se trate de precisar o sistema de jogo coletivo a adotar pela equipa, em defesa ou em ataque, que quando se trate de aperfeiçoar as aptidões individuais dos jogadores. Esta maneira de proceder é indispensável, pensamos nós, para provocar nos jogadores o interesse pelos exercícios de treino e também para lhe permitirem a aquisição mais rápida e mais segura de respostas motoras suficientemente flexíveis e evitar uma mecanização nefasta.

5.º- Dar a cada exercício um fim preciso, fim que deve estar em relação estreita com o tema geral da sessão de treino e que deve permitir aos jogadores concentrarem-se sobretudo na sua execução.

6.º- Controlar a evolução do comportamento coletivo e individual na prática do jogo real, isto é no decurso dos encontros seguintes, e constatar assim que os temas de treino foram convenientemente escolhidos e que deram lugar a uma assimilação progressiva da parte dos jovens.

MEIOS

1.º - O JOGO

a) O jogo em competição

O jogo em competição deve ser considerado como um meio fundamental para a procura da evolução dos jogadores, pois o match comporta TODOS OS ELEMENTOS DO BASQUETEBOL na sua realidade concreta.

Ele permite sobretudo aos jogadores tomar consciência das dificuldades reais do jogo ao mesmo tempo que responde às suas aspirações profundas.

b) O jogo dirigido.

Trata-se do jogo real no decurso do qual o treinador orienta, seja durante o desenrolar do jogo, seja na ocasião de paragens mais ou menos frequentes, as ações coletivas e individuais dos jogadores.

Este procedimento permite aos jogadores de prestarem uma melhor atenção às ligações das suas ações e de discernir mais rapidamente, graças à intervenção do treinador, os problemas do jogo.

c) Jogo condicionado.

O jogo condicionado muito utilizado no treino moderno permite ao treinador colocar os seus jogadores em face de situações de jogo típicas e assim de lhes fazer compreender, a partir dessas situações, a necessidade de uma organização coletiva racional dos diversos aspetos dessa organização e os imperativos de uma coordenação das suas ações individuais.

O jogo condicionado pode ser um meio eficaz de preparar um match contra uma equipa da qual nós conhecemos, por observação, as características do seu jogo. Propondo a uma parte da equipa de assumir os papéis da equipa adversária e de adotar as formas de jogo mais utilizadas pela equipa adversa, permitimos aos jogadores que participarão no futuro encontro de tomarem consciência das situações de jogo supostamente idênticas às quais encontrarão no curso desse match.

Assim podem ser determinados os sistemas de ataque e de defesa respondendo aos sistemas adotados pela equipa adversa, os esquemas táticos suscetíveis de serem utilizados no match, por vezes mesmo as combinações que se desenrolarão e os princípios gerais aos quais deverão referir-se constantemente os jogadores nos seus movimentos e ações individuais.

O jogo condicionado deve permitir uma adaptação mais fácil e mais rápida da equipa às condições de jogo impostas pelo adversário e assim contribui na preparação psicológica dos jogadores.

2.º OS EXERCÍCIOS TÉCNICOS

a) Os exercícios jogados.

São os exercícios concebidos a partir do jogo em si mesmo, mas limitando o número de jogadores a fim de reduzir as dificuldades inerentes ao jogo real.

Os exercícios mais correntes são os jogos de 3 contra 3, 2 contra 2, 1 contra 1 (com e sem passador) e os jogos de 3 contra 2 e a 2 contra 1.

Apesar do inconveniente maior que apresentam estes exercícios, a saber que eles não constituem a não ser elementos parciais do jogo, estes procedimentos de treino têm a vantagem de desenvolver a educação percetiva dos jogadores em situações próximas do jogo real e de poderem familiarizar os jogadores com os problemas postos pela presença do adversário. Eles permitem igualmente uma aprendizagem mais rápida e mais precisa das combinações de ataque a dois e a três jogadores e das combinações de defesa suscetíveis de se oporem eficazmente.

Por outro lado, a forma jogada, por vezes mesmo a forma competitiva destes procedimentos cria nos jogadores um atrativo suplementar que o treinador não deve deixar de utilizar.

b) Os exercícios de habilidade técnica.

São os exercícios que alguns ainda chamam de “exercícios de técnica individual” ou “exercícios de ginástica técnica”.
Eles visam essencialmente a fazer adquirir aos jogadores o domínio dos deslocamentos e o domínio da bola, isto é, a melhorar na sua forma, as possibilidades motoras dos jogadores no que eles têm de particular para participarem eficazmente no jogo.

Nós pensamos no entanto que estes exercícios não devem ser concebidos como a repetição de gestos definidos uniformemente na sua forma e no seu ritmo, mas como a procura da maior disponibilidade na realização pessoal mais eficaz (criação de automatismos plásticos e aquisição de uma coordenação motora cada vez mais ajustada). Eles devem permitir aos jogadores, não limitar as suas faculdades à execução de UMA técnica, mas pelo contrário de se poderem exprimir livremente a pessoalmente.

Entre os principais exercícios deste género é conveniente colocar: as atitudes e os deslocamentos em ataque e em defesa; as receções de bola, os passes, os dribles e os lançamentos.

Nestes exercícios o treinador deve esforçar-se por fazer encontrar a cada jogador a sua expressão pessoal.

3.º- A MELHORIA DAS CAPACIDADES ATLÉTICAS.

Todo o gesto humano realizando-se por uma atividade muscular, é evidente que o treino deve também procurar desenvolver e manter as qualidades fisiológicas indispensáveis que designámos ainda frequentemente pelo vocábulo “qualidades físicas”.

Ao nível de jogo mais elevado (encontros internacionais), as capacidades morfo-atléticas têm uma importância capital e os métodos modernos de treino dão um grande lugar à procura da “condição atlética” dos jogadores.

Entre as capacidades atléticas mais importantes para os jogadores sublinhamos a VELOCIDADE, a trabalhar essencialmente sob o aspeto da rapidez de intervenção, a POTÊNCIA, isto é a conjugação da FORÇA MUSCULAR e da VELOCIDADE de execução, a RESISTÊNCIA, sob a forma de adaptação geral aos esforços violentos e repetidos.
É à educação física orientada que o treinador fará apelo para melhorar e manter estas capacidades atléticas.”

 

 


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