Dèjá vu. Se alguém só agora acordou para a nova temporada da NBA é essa a sensação que vai ter.
Parece que estamos de novo em 2005, quando os Spurs eram a melhor equipa da liga e Tim Duncan, Manu Ginobili e Tony Parker dominavam as restantes equipas dia sim, dia não.
E, no entanto, algo está diferente. Os Spurs detêm actualmente o melhor recorde da NBA (13-1, o melhor começo da sua história), mas estão a fazê-lo duma forma nunca antes vista. Muitas coisas parecem iguais: Gregg Popovich continua a comandar as tropas na linha lateral, Ginobili e Parker continuam a desmontar defesas com as suas penetrações e lançamentos exteriores e a defesa continua lá (102.5 pts/jogo, 7ª melhor da liga). Mas os Spurs estão com o segundo melhor ataque da NBA (108 pts/jogo, 2º melhor), Tim Duncan está a jogar apenas 29.8 minutos/jogo (o seu mínimo de carreira) e é o quarto melhor marcador da equipa.
De facto, esta época a equipa de San António está a ganhar como nos seus melhores tempos, mas está a fazê-lo de forma ainda mais colectiva e eficaz. Quando, no início da época, se falava das equipas mais profundas surgiam quase por unanimidade equipas como os Lakers, os Magic ou os Celtics. Os Spurs nem sequer eram apontados como a equipa mais profunda do Texas (esse papel estava reservado aos Mavericks). Mas é altura de rever essas avaliações.
Depois duma época intermitente e limitada por várias lesões, Ginobili abdicou da competição internacional este verão, não foi ao Campeonato do Mundo e está o mais fresco que o vimos nos últimos anos e a jogar melhor que nunca (20.8 pts, 4.9 ass e 3.4 res; máximos de carreira em pontos e assistências). Parker idem. Descansou este verão, recuperou a sua velocidade e está a jogar melhor que na temporada de 2006-07, em que foi MVP das Finais (19.4 pts e 7.7 ass).
Richard Jefferson, na segunda época na equipa, está mais familiarizado com o sistema e a jogar ao nível que se esperava (15.9 pts e 3.7 res). A sua contratação afinal não foi um flop, só tínhamos de esperar um ano.
No banco, veteranos como António McDyess e Matt Bonner estão a ter contribuições valiosas e Popovich ainda tirou mais alguns coelhos da cartola para juntar aos achados do ano passado, DeJuan Blair e George Hill. Este ano tem tido boas contribuições do pouco conhecido Gary Neal (bom atirador; 5.6 pts e 2.1 res, em 14 min/jogo) e também de Tiago Splitter, que ainda se está a adaptar ao sistema e só vai melhorar.
E Tim Duncan? O melhor marcador da história dos Spurs continua a liderar a defesa da equipa. As suas estatísticas defensivas (ressaltos, desarmes, roubos de bola) estão no máximo dos últimos quatro anos e as faltas no mínimo dos últimos quatro anos. E ofensivamente, embora os números tenham baixado, a eficácia continua. Timmy tem um PER de 19.9, 4º entre os postes da NBA. E os seus baixos totais ofensivos são não só sinal que Poppovich o está resguardar para os playoffs (final ele já tem 34 anos), mas também que os Spurs têm muitas armas ofensivas à sua disposição e conseguem ganhar mesmo com menos Duncan no ataque, porque têm marcadores de pontos em todas as posições. Ele continua a liderar a equipa, apenas num papel um pouco diferente.
Afinal nunca os vimos jogar assim. Mas se continuarem a jogar desta forma até Junho poderemos mesmo ter um dèjá vu. Daqueles em que Tim Duncan levanta um troféu. Acho que já vimos isso antes.