A novela “O Destino de Carmelo” já terminou. Mas (não estivesse ele a jogar numa das capitais mundiais do showbiz) há uma nova para a substituir. Esta chama-se “O Brinde e a Fava”.

Neste nova trama recheada de acção e suspense, os espectadores de todo o mundo tentam descobrir qual dos dois conjuntos conseguiu o melhor negócio.

Do lado de Nova Iorque, o balanço não é para já aquilo que os fãs da Big Apple esperavam. Uma vitória frente aos Heat, vitórias folgadas frente aos Hornets e aos Jazz, duas derrotas consecutivas com os Pacers, uma derrota com os Pistons. Tem sido um percurso irregular, este dos Knicks com Carmelo. Desde que adquiriram o extremo All-Star têm oscilado entre ser uma equipa que ninguém quer encontrar na primeira ronda e uma que pode ser varrida logo nessa primeira ronda.

E de facto, é isso que os Knicks parecem: uma equipa que pode ganhar a qualquer outra e também uma que pode perder com qualquer equipa. Como explicar esta irregularidade? Bem, desde a troca têm o melhor ataque da liga. E a pior defesa. Nas duas metades do campo estão exactamente nos extremos, algo que deve ser único para uma equipa. O seu Off Rtg era de 107.6 (7º) até à chegada de Melo. E nos jogos com Melo? 111.5 (o melhor da liga). E o Def Rtg? Era 107.1 (23º) e nos jogos com Melo é 110 (30º). Melhores no ataque e piores na defesa. Surpresa para alguém?

Sim, as equipas de Mike D'Antoni sempre foram conhecidas por marcar mais pontos que o adversário, foi sempre esse o seu lema e objectivo. Pois, mas as equipas de Mike D'antoni sempre foram conhecidas também por não chegar a nenhuma final da NBA ou ganhar qualquer título. E na verdade, apesar da crença que os Suns (a anterior equipa de D'Antoni) apostavam tudo no jogo ofensivo, a sua defesa não era tão má como se pensa. É uma facto incontestável que os seus trunfos eram na metade ofensiva do campo (sempre no top 5 em Off Rtg), mas na defesa eram pelo menos médios (estavam sempre pelo meio da tabela em Def Rtg). E com um ataque de topo e uma defesa média conseguiram chegar à final de conferência, nunca conseguindo provar que isso era suficiente para vencer um campeonato.

Também é verdade que a amostra de jogos para estes números dos Knicks ainda é reduzida, mas a tendência é preocupante. Embora com mais jogos a diferença possa diluir-se e não ser tão grande entre os dois lados do campo, vão ter um ataque de topo (que não baixará do top 5, provavelmente) e uma defesa do fundo da tabela (que nunca passará dos 20ºs e muitos lugares). E esse é um quadro mais preocupante do que algum que os Suns alguma vez tiveram: um ataque de topo e uma defesa má.

E o estado em que ficaram os Nuggets com a saída de Melo só aumenta o número das vozes que dizem terem sido estes os vencedores do negócio. Ou melhor, o estado em que não ficaram. Ao contrário do que aconteceu em Cleveland ou Toronto, em Denver a saída da sua estrela pode mesmo ter sido o melhor que lhes aconteceu.

Desde que Melo saiu, estão com um recorde de 10-5 e não parecem estar a ter grandes problemas de adaptação a uma nova equipa. E ao contrário dos Knicks, tanto os seus números ofensivos como defensivos melhoraram. O Off Rtg nestes 15 jogos é de 110.6 (era 109.9 antes) e o Def Rtg 96.9 (era 105.7). A diferença no ataque é mínima, mas revela um facto importante: não se ressentiram da perda do seu melhor marcador. E na defesa estão a milhas do número anterior. Estão a defender muito melhor e conseguiram manter-se tão bons ofensivamente como eram. Os pontos que Melo marcava têm sido assegurados por vários jogadores e o jogo dos Nuggets está mais colectivo.

Os próprios jogadores confirmam-no e parecem mais felizes a jogar desta forma. Ty Lawson já disse que nunca jogaram como estão a fazer e que estão a partilhar a bola muito mais. Wilson Chandler defendeu também este estilo colectivo sem super-estrelas, dizendo que “nos scouting reports antes dos jogos tens normalmente uma super-estrela ou duas super-estrelas que são as maiores ameaças. Mas quando tens de este que pode marcar e aquele ou aquele, quando não sabes donde vem a ameaça ou pode vir de vários lados, é mais difícil de defender”.

Os Nuggets ficaram com um bom grupo de jogadores e têm várias posições em que têm mais que um jogador com capacidade para ser titular, o que lhes dá flexibilidade para escolher entre jogadores que querem manter e outros que podem usar para trocar e conseguir novos jogadores (Lawson/Felton, Chandler/Gallinari, Afflalo/Smith). Não parece assim tão mau o futuro sem Carmelo.

E então? Que vos parece? Quem ficou a ganhar?