Gdynia (Polónia) – No seu primeiro jogo de preparação para a fase de qualificação do Europeu que começa no dia 7 de Junho em Israel, frente à Macedónia,
Portugal defrontou a congénere da Polónia naquele que foi a estreia das selecção das quinas em solo polaco, no escalão sénior. A exibição excedeu as expectativas, não só pela diferença existente entre o basquetebol dos dois países, nomeadamente no feminino, mas também devido ao escasso tempo de preparação (3 semanas de treinos, desde 6 de Maio).
A derrota por 10 pontos não deslustra porque não fomos esmagados. Nada disso. Vencemos dois dos 4 períodos (o inicial e o último) e mantivemos o jogo em aberto durante mais de 30 minutos. A diferença fez-se no 3º quarto (23-10), particularmente a partir da entrada do minuto 26, quando perdíamos por 1 ponto (40-39), após o 1º triplo de Ana Oliveira. A mão quente das atiradoras lusas (12 triplos distribuídos equitativamente, 6+6) foi sempre uma arma letal, para a qual a estratégia defensiva da Polónia nunca encontrou soluções eficazes. Um parcial de 15-2 em 5 minutos cavou um fosso de 14 pontos (55-41) no final do 3º período, que pese a vontade das nossas representantes foi impossível de anular.
A superioridade de estatura das polacas foi um handicap que as comandadas de Ricardo Vasconcelos nunca conseguiram contrariar. Vejamos a diferença nos 2 cincos iniciais: Polónia (média de 1,85m) contra Portugal (média de 1,77m). As duas jogadoras interiores polacas (Majewska e Leciejewska) tinham respectivamente 1,95m e 1,91m, enquanto as nossas (Sofia Carolina e Vera Correia) medem 1,90m e 1,80m. Significativa a diferença, que se acentuava nas restantes posições: extremos (1,85m-1,77m), 2ºs bases (1,80m-1,69m) e bases (1,75m-1,70m).
Foi portanto por aí que se fez a diferença. Enquanto houve pernas e caixa, as coisas aguentaram-se. Depois vincou-se a supremacia das anfitriãs que ainda apresentaram mais duas jogadoras na casa do 1,90m (1,92m 1 1,89m) e 4 na casa do 1,80m. Tinham apenas uma atleta abaixo do 1,70m, a triplista Owczarzak (3/4 nos triplos) que esteve em foco no 3º período, onde marcou 3 bombas em menos de 5 minutos, aproveitando da melhor maneira algumas falhas de marcação da defensiva lusa.
O equilíbrio foi uma constante ao longo da 1ª parte (32-31), repartida pelo 1º (15-16) e 2º quartos (17-15). Na etapa complementar o jogo desequilibrou-se apenas naquele parcial de 15-1 já referido, que foi na verdade fatídico para as aspirações lusas.
No final registámos a opinião de seleccionador nacional, Ricardo Vasconcelos: “ Isto foi um primeiro teste, o nosso 1º jogo para podermos entender aquilo que foi trabalhado e onde realmente estamos. A resposta trouxe-nos coisas boas. Jogámos de igual para igual durante 30/32 minutos de jogo. Ficou claro que há muitos pequenos detalhes a trabalhar, o tempo não é muito, mas necessitamos de rentabilizar a informação, porque os próximos 3 jogos de preparação vão ser decisivos na forma como vamos estar no arranque da fase de qualificação do Europeu, frente à Macedónia (que se apresenta com uma jogadora norte-americana naturalizada). De referir ainda numa análise ao jogo que é necessário baixar o número de turnovers não forçados, bem como ganhar mais ressaltos ofensivos (hoje só fizemos 5), principalmente através das jogadoras exteriores.”.
Resultado final: Polónia 69-59 Portugal
Destaque nas vencedoras para a poste (1,95 m) Agnieszka Majewska, MVP do encontro (19,0 de valorização) que, em cerca de 18 minutos e meio de utilização, contabilizou 7 pontos, 3/4 nos duplos, 7 ressaltos sendo 1 ofensivo, 3 assistências, 1 roubo, 2 desarmes de lançamento e uma falta provocada, com 1/1 nos lances livres, muito bem acompanhada pela extremo/poste (1,91m) Magdalena Leciejewska (18,0 de valorização) que foi a melhor marcadora da equipa (11 pontos, 4/4 nos duplos, 6 ressaltos defensivos, duas assistências e 3 faltas provocadas, com 3/4 nos lances livres). Seguiram-se-lhes a extremo (1,85m) Agnieszka Szott-Hejmej (9 pontos, 3 ressaltos sendo 1 ofensivo, 6 assistências, 2 roubos, 1 desarme de lançamento e 3 faltas provocadas, com 5/6 nos lances livres) e Joanna Walich (9 pontos, 3/4 nos duplos, 4 ressaltos sendo metade ofensivos, 3 roubos e duas faltas provocadas, com 3/4 nos lances livres).
Na selecção portuguesa a mais valiosa (14,5 de valorização) foi a base Carla Nascimento (estreia como capitã de equipa) que fez uma exibição tremenda de garra e querer, pressionando de forma asfixiante a base adversária (Weronika Idczak) que cometeu 7 turnovers. Em 33,04 minutos de utilização terminou com 6 pontos, 3/3 nos duplos, 4 ressaltos sendo metade ofensivos, 9 assistências, 1 roubo, 1 desarme de lançamento e duas faltas provocadas. Revelou uma excelente condição física, a par da já habitual boa leitura de jogo. Foi bem secundada pela poste Sofia Carolina (9 pontos, 7 ressaltos sendo 2 ofensivos, duas assistências, 3 roubos, 1 desarme de lançamento e duas faltas provocadas, com 1/1 nos lances livres) e pelas atiradoras Carla Freitas, a melhor marcadora do jogo (14 pontos, 4/9 nos triplos, 2 ressaltos defensivos, uma assistência, 2 roubos, e uma falta provocada) e Mª João Correia (9 pontos, 2/3 nos triplos, 1 ressalto defensivo, duas assistências, 3 roubos e 4 faltas provocadas, com 1/4 nos lances livres). Vera Correia, que regressou à selecção após 7 anos de ausência, cumpriu o que lhe era exigido jogando dentro (extremo/poste), contabilizando 9 pontos, 3/6 nos triplos, 3 ressaltos sendo 1 ofensivo e 3 roubos. Foi penalizada na sua valorização por ter sido desqualificada… mas a 5ª falta que lhe assinalaram foi quanto a nós inacreditável.
Em termos globais a vitória polaca assentou fundamentalmente na superioridade exercida na luta das tabelas (39 -26 ressaltos), tanto na tabela defensiva (29-21 ressaltos) como na ofensiva, em que alcançou o dobro dos ressaltos (10-5). Teve ainda uma maior eficácia nos lançamentos de campo (45%-39%) e nos lançamentos de 2 pontos (48%-37%), além de ter provocado mais faltas (19-10) com melhor percentagem da linha de lance livre (71%-43%), beneficiando naturalmente do facto de ter usufruído de 24 tentativas (falhou 7) contra apenas 7 tentados pela nossa equipa (apenas 3 convertidos). Nos restantes indicadores as coisas estiveram muito equilibradas: assistências (16 para cada lado), roubos de bola (15-14), turnovers (24-23) e desarmes de lançamento (3-2).
Por seu turno Portugal esteve com a pontaria mais afinada nos tiros do perímetro (36%-41%), ao converter 12 triplos em 29 tentativas, contra apenas 4 do adversário, em 11 tentados.
Ficha de jogo
Gdynia Sports Hal, em Gdynia (Polónia)
Polónia (69) – Weronika Idczak (9), Magdalena Skorek (8), Agnieszka Szott-Hejmej (9), Magdalena Leciejewska (11) e Agnieszka Majewska (7); Joanna Walich (9), Martyna Koc (3), Magdalena Zietara, Agnieszka Skobel (4), Dominika Owczarzak (9), Aleksandra Pawlak e Paulina Misiek
Portugal (59) – Carla Nascimento (6), Carla Freitas (14), Ana Oliveira (6), Vera Correia (9) e Sofia Carolina (9); Mª João Correia (9), Lavínia Silva (1), Dora Duarte, Inês Faustino (2), Mª João Andrade, Joana Jesus (3) e Francisca Braga
Por períodos: 15-16, 17-15, 23-10, 14-18
Árbitros: Tomasz Kudlicki, Krzysztof Tunski e Ewa Matuszewska
Amanhã realiza-se o 2º jogo entre as duas selecções, a partir das 11H00, no mesmo recinto.