Está em Portugal há vários anos, onde durante cerca de 7/8 anos foi adjunto de Orlando Simões. O que aprendeu com ele?
Estou em Portugal há exactamente 25 anos sem interrupção, tenho a nacionalidade portuguesa há 18 anos, e conheço o Orlando desde os primórdios, foi meu treinador enquanto jogador, e depois tive a oportunidade de fazer a transição, jogador-treinador, também com ele, com quem aprendi muito.
Entretanto passou a treinador principal do Casino Figueira Ginásio, cargo que ocupa desde há três anos. O que mudou na sua vida desde que ocupou o cargo?
Fora de campo não mudou nada, continuo sendo a mesma pessoa que sempre fui. Com a mudança para treinador principal as situações ficaram diferentes, porque, embora exista a colaboração de mais pessoas, gerir o grupo e tomar decisões é responsabilidade do treinador principal.
O ponto alto da história recente do Ginásio foi, sem dúvida, a presença na final do play-off da LCB há duas épocas atrás. Como foi conduzir uma equipa, à partida não favorita, a essa final?
Tínhamos um grupo de jogadores que queriam e acreditavam que era possível fazer algo diferente, sempre lhes passei a mensagem de que éramos um grupo novo e que cresceríamos durante a competição, mas era preciso trabalhar muito e não deixar de acreditar. Tivemos algumas dificuldades na primeira parte da prova mas depois acabamos bem. Os jogadores conheciam o jogo e para mim foi motivante porque, de jogo para jogo, a nossa equipa apresentava alguma situação diferente, mínima, mas diferente e os jogadores encaixavam estas mudanças muito bem. No meio disso tudo, foi importante a colaboração do Miguel Faria e Valdemar Ferreira, meus treinadores-adjuntos.
Nas últimas épocas, o Ginásio tem conseguido surpreender conjuntos, à partida considerados favoritos, como AD Ovarense, FC Porto e SL Benfica. Qual o segredo para derrotar estas equipas?
Nós preparamos os jogos sempre da mesma maneira, seja com quem for, respeitamos todos de igual modo como queremos ser respeitados, sempre tendo como objectivo a velha "máxima" de deixar tudo dentro de campo, porque fora dele já não interessa nada. Ganhar a qualquer uma dessas equipas não é nada fácil e depende da conjugação de diversos factores.
As suas equipas apresentam-se sempre muito bem preparadas tacticamente, tirando todo o partido dos atletas à sua disposição. É esta uma das bases da sua filosofia de jogo?
Eu gosto muito de jogar com organização, tanto ofensiva, como defensivamente, e isso implica muito trabalho táctico, que os jogadores assimilam e acabam transferindo para os jogos, mas hoje em dia como as equipas mudam muito de ano para ano, essa organização demora algum tempo a conseguir, porque o treinador e os próprios jogadores têm que se conhecer ao máximo para daí tirar partido do potencial do grupo.
O plantel do Ginásio para a próxima época está definido? Quais os jogadores com contrato para 2008/09?
O plantel ainda não está fechado faltando ainda a contratação de 2 jogadores portugueses, situação que pode ser resolvida a qualquer momento. Com contrato temos o José Costa, João Manuel, Joaquim Soares, Bento Cardoso, Marco Rosa, José Doria, Josimar Vieira e 3 jogadores estrangeiros que devem chegar no começo da próxima semana.
O regresso de José Costa à Figueira da Foz é uma grande mais valia, apesar dos seus 34 anos de idade. O que espera do seu experiente base para a época que se avizinha?
O regresso do José Costa à Figueira é sempre de se saudar, porque, foi aqui que fez toda a sua formação e como sénior foi o clube que mais tempo representou. Pode transmitir toda a sua experiência aos mais jovens e ajudá-los a crescer como jogador. Espero que continue a ter prazer em jogar, e se assim for, tenho a certeza que vai fazer mais uma grande época.
Qual o jogador com quem mais gostou de trabalhar?
Seria, ou poderia cometer algum tipo de injustiça caso referenciasse algum nome, nesses três anos, embora a ultima época tenha sido a mais complicada nesse sentido, os jogadores sempre corresponderam, ou pelo menos tentaram, àquilo que lhes era pedido.
Qual é a equipa Europeia que mais gosta de ver actuar? Porquê?
CSKA de Moscovo, mas também gosto muito de ver jogar o Joventud Badalona e Real Madrid, porque são equipas de elevado potencial, e cada jogo é um verdadeiro "clinic" de basquetebol. CSKA e Real Madrid pela inteligência e cultura táctica e J. Badalona pela irreverência que põem em jogo.
Quais os seus objectivos para a sua carreira enquanto treinador?
Para já espero contribuir, com o que me é possível, para que o basquetebol volte, a curto prazo, a ter o prestígio que teve a uns anos atrás. Pôr a minha equipa a praticar um basquetebol de qualidade, ajudando assim os jogadores a evoluírem nas suas carreiras.
O que pode aconselhar aos jovens treinadores que estejam a dar os primeiros passos nas suas carreiras?
Que se dediquem de corpo e alma, que nunca se acomodem e renovem sempre os seus conhecimentos sobre tudo de novo que acontece na modalidade, seja em que escalão for.
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