Porquê pai?
 
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Porquê pai?

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Porquê pai?Quanto mais tempo iremos ignorar o facto que o basquetebol português precisa de resolver urgentemente dois aspectos: a falta de árbitros nos escalões de formação e a mensagem que a mesma falta de árbitros tem para os atletas e os pais.

Portugal é um pais com uma população de 10 milhões, sendo um pais onde o futebol é o principal desporto, as outras modalidades estarão sempre um patamar a baixo em termos de seguidores, apoios, patrocínios e até infra-estruturas.

Sendo alguém que já trabalhou 6 anos fora do pais na modalidade, consigo entender que temos menos recursos para lutar contra outros países onde as condições são maiores, melhores e com mais hipótese de sucesso.

Como treinador e adepto entendo a dificuldade em termos uma equipa na Euroliga ou a selecção nacional nos jogos olímpicos, aquilo que continuo sem entender e a “apontar o dedo” às instancias que gerem o basquetebol português é a continua falta de investimento em sectores que são fundamentais para estarmos um pouco mais próximos de um patamar onde começamos a ter condições para construir projectos com outras ambições. Estou a falar concretamente do estado da arbitragem em Portugal no que diz à falta de árbitros para os escalões de formação.

Como “outsider” neste momento (pois 3 anos, 2 do qual como coordenador técnico do Clube Futebol “Os Belenenses” estive bem por dentro do problema) dou como culpado todos os intervenientes, a federação, as associações distritais, a associação de árbitros, os clubes, os treinadores e os pais. Todos tem a sua culpa em permitir que continuemos a ter jogos de sub13, sub14, sub16 e até sub18 sem pelo menos 1 árbitros.

Em funções no Belenenses, sempre apoiei e votei em termos 1 arbitro nos jogos de formação, quando não seria possível ter nenhum. Mas também sempre estive do lado da associação de árbitros quando ouvia que o argumento das entidades responsáveis pela organização de campeonatos dizia (ou diz) que o argumento de ter 1 árbitro é apenas para ter redução de custo, o que considero totalmente errado.

O que continua cinzento em Portugal é que o investimento na arbitragem é, na realidade, o investimento no jogador português. Quanto mais cedo colocamos o jogador num contexto de competição com arbitragem, mais cedo o jogador entende que o seu papel é apenas jogar e pode-se focar apenas nisso.

Mais, o investimento na arbitragem é um investimento na evolução da cultura desportiva de uma modalidade, que vai para alem da falta em acto de lançamento ou atacante, mas sim a educação de quem vê os jogos, especialmente os pais, que têm que perceber que um arbitro que ganha 10 euros para arbitrar um jogo de sub14, não está ali para prejudicar ninguém, muito pelo contrario, está ali para tornar a modalidade melhor em termos da construção da cultura desportiva e da evolução do atleta.

Ganhar 10 euros para arbitrar um jogo e ainda ouvir coisas menos próprias da bancada, é um trabalho que possivelmente poucos gostariam de fazer e, com o passar dos anos, cada vez mais dou valor à arbitragem e ao papel invisível que são obrigados a fazer, sendo que quando um jogador falha um lançamento na passada sozinho, o jogo não pára para o “insultar”, mas quando um árbitro falha o não chamar de uma falta, passa a ser automaticamente o responsável de todos os erros técnicos e tácticos que a equipa vinha a fazer até agora.

Em 4 países que já trabalhei, sempre se contestou os árbitros, isso não muda, o que muda sim é perceber que mesmo errando, o trabalho dos árbitros é fundamental nos escalões de formação, e jogos sem árbitros simplestamente não pode acontecer por sistema.

Por fim, temos os jogadores, o principal agende da modalidade, crescendo numa cultura de não arbitragem, onde assiste todos os jogos os protesto dos treinadores, pais, adultos à figura do árbitro que, muitas vezes, é um outro treinador, um pai ou pior, um colega de equipa de um outro escalão.

Para os jogadores, especialmente os mais novos, devem dizer urgentemente aos seus encarregados de educação “Porquê Pai????”, porquê que continuamos a não ter árbitros, porquê que os jogos continuam sempre com tanto tempo de contestação e insultos, porquê que chega a uma altura que deixo de ter vontade de ir treinar e jogar, simplesmente deixando a modalidade, porquê?

Nuno Tavares
+351 968 341 414
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M&M

Comentários 

 
0 #1 anonimo 22-03-2018 11:43
bom artigo.
mais uma verdade a acrescentar a muitas outras
ainda posso melhora-lo e enfatizar a mensagem,esses 10 euros é actualmente para um jogo de sub 18 masculino.....
cumps
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