Eduardo Galeano* dizia que quando o medo e a dúvida se acercavam da sua vida, refugiava-se nas memórias. Nas memórias das ruas de Montevidéu que se enchiam de miúdos a dar chutos nas bolas. Nas memórias das tascas de Montevidéu, onde, mais tarde, com os mesmos miúdos com quem deu chutos nas bolas, se divertia, lia, ou pensava a sua sociedade.
O Basquetebol transporta-me para as palavras de Galeano. Porque o meu percurso nele foi intenso e prolongado, as minhas memórias de infância e juventude nunca conseguem fugir-lhe. E como são boas e consequentes, voltar a elas é sempre um prazer. Constituem uma forma de achar que lhes devo (à modalidade e aos clubes por onde passei) um favor.
Um dia, acredito, para sabermos se tivémos sucesso como formadores e educadores de jovens em Basquetebol basta avaliarmos as memórias daqueles que nos passaram pelas mãos. Quando o Jogo acaba, o que fica do Jogo são memórias e pessoas.
*Eduardo Hughes Galeano (Montevideu, 3 de Setembro de 1940) é um jornalista e escritor uruguaio. É autor de mais de quarenta livros, que já foram traduzidos em diversos idiomas. Suas obras transcendem gêneros ortodoxos, combinando ficção, jornalismo, análise política e história.
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