Há cerca de um ano atrás, os Cleveland Cavaliers viajaram até Los Angeles para enfrentar os Lakers, num dos mais aguardados embates da época até então.

Na noite de 21 de Janeiro de 2010, os Cavs liderados então por LeBron James levaram a melhor sobre os campeões e bateram Kobe Bryant e companhia por 93-87. Mas mais do que um confronto entre dois candidatos ao título, este foi tambem um embate entre dois dos melhores jogadores da actualidade. E neste particular, também James levou vantagem, ao acabar o jogo com 37 pontos, 9 assistências e 5 ressaltos, enquanto do outro lado, Kobe se "contentava" com 31 pontos e 4 assistências.

Naquele dia, os sorrisos estavam todos do lado dos Cavs, até porque cerca de um mês antes, no dia de natal de 2009, os Cavs haviam vencido em Cleveland o primeiro desafio da época contra os Lakers. Ora, com o triunfo na casa do adversário e numa altura em que muito se especulava acerca da possibilidade destes dois conjuntos se voltarem a encontrar na final do campeonato, tudo parecia bem no reino dos Cavaliers.

Mas um ano é muito tempo e bastaram alguns meses para o reino se desmoronar.

Uns meses mais tarde chegaram os playoffs e na primeira eliminatória, o duelo com os Bulls. O jovem conjunto de Chicago foi presa fácil para uns Cavaliers que entraram no playoff a todo o gás, acabando por passar à fase seguinte, ao vencer a eliminatória por 4-1.

Mas na segunda ronda, o adversário eram os Boston Celtics. E depois de 3 jogos normais, chegou-se ao jogo 4, com Cleveland em vantagem por 2-1.

Quem diria neste momento que LeBron James não voltaria a festejar um triunfo com a camisola dos Cavs? Certamente poucos conseguiriam prever tal desfecho. Mas foi o que aconteceu. Os Celtics de Rondo, Pierce, Garnett e Allen venceram os 3 jogos seguintes e eliminaram os Cavs por 4-2, enquanto os adeptos de Cleveland assistiam incrédulos ao apagão de LeBron James.

Já os Celtics viriam a chegar às finais da prova, onde os aguardavam os ... L.A.Lakers. Naquela que acabaria por ser uma das mais espectaculares Finais dos últimos anos, os Lakers superaram os seus eternos rivais por 4-3.

Mas em Cleveland as férias chegaram mais cedo do que o esperado e com isso ganhou força a possibilidade de James e Cavs seguirem caminhos distintos.

É certo que os Cavaliers tudo fizeram para tentar manter a sua grande estrela no plantel, mas este viria a optar por "levar os seus talentos para South Beach", num dos mais controversos e esperados programas televisivos do ano passado,"The Decision" transmitido em directo pela ESPN.

LeBron saiu e deixou um vazio. Alem dele saíram também Shaquille O'Neal e Ilgauskas, mas ainda assim, os Cavs mantinham alguns bons valores como Mo Williams, Antawn Jamison, J.J. Hickson ou Anderson Varejão. Com um novo técnico no banco, Byron Scott, esperava-se que o conjunto de Cleveland conseguisse continuar a lutar pelos playoffs, mas por enquanto, esse cenário está bem distante da realidade.

Os Cavs são actualmente a pior equipa da liga, com o recorde de 8 vitórias e 30 derrotas e na madrugada de segunda para terça-feira sofreram a pior derrota da época. De regresso a Los Angeles, praticamente um ano depois de um saboroso triunfo, os Cavs marcaram metade dos pontos dos Lakers e perderam por 55 pontos de diferença (112-57). As percentagens de lançamento foram paupérrimas, como é natural, 30% (23-77) de 2 pontos e 7% (1-14) de 3 pontos, ao que se juntou a desvantagem nas tabelas (42 vs 53 ressaltos), assistências (12 vs 25) e perdas de bola (19 vs 12).

Em suma, foi a menor pontuação alguma vez obtida pelos Cavaliers e ao mesmo tempo a menor pontuação sofrida pelos Lakers, desde que foi implementada a regra do tempo de ataque.

Muito mudou em apenas um ano e apesar das mais recentes provocações (via Twitter) de King James, atrevo-me a dizer que alguns adeptos dos Cleveland Cavaliers gostariam de poder regressar atrás no tempo e voltar a ver LeBron com a camisola 23 vestida. No entanto, a grande maioria estará certamente muito mais interessada e motivada em o receber com um coro de assobios e apupos no seu próximo regresso ao Ohio com os Heat. 

Mas se em Miami tudo corre sobre rodas, numa cidade amaldiçoada como Cleveland, a realidade é diferente e bem mais dura. LeBron partiu e não vai voltar, mas o espectáculo tem de continuar. Resta à equipa de Cleveland continuar a jogar com as armas que tem, recuperar alguns dos seus atletas, adaptar-se ao estilo do seu treinador e esperar que o próximo draft traga algo de novo.