A escola e o basquete
 
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A escola e o basquete

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A escola e o basqueteO basquetebol já me deu mais do que eu alguma vez podia imaginar, mas por norma costumo dizer que das coisas menos importantes da minha vida, o basquetebol é a mais!

Estando a trabalhar em basquetebol universitário permite-me poder conhecer bem o sistema desportivo universitário e faz-me voltar à frase que iniciei o artigo, das coisas menos importantes da minha vida o basquetebol é a mais, pois existem coisas bem mais importantes como a minha família, os valores que defendo, a maneira como contribuo para a sociedade, entre outros. Com isto quero dizer que no desporto devemos por vezes olhar para aspectos mais importantes que o resultado, o número de pontos que marcamos, as vitórias e as derrotas.

Uma das minhas funções como treinador da Universidade de Northwood, fora do campo de basquetebol, é fazer a ligação entre os professores e o departamento de basquetebol, e esta ligação é feita de regras muito rígidas e bem definidas. Começa logo com o processo de aceitação de um jogador numa universidade, que é feito via dois caminhos, vindo directamente do liceu, onde tem que ter uma média de notas de 2,5 (numa escala de 0 a 5) ou se transferir de outra universidade, tem que ter pelo menos 24 horas de aulas concluídas, nos dois semestres anteriores. Caso estas regras não se cumpram, o atleta pode frequentar as aulas, mas não pode jogar e, em algumas universidades, não pode nem treinar.

Mas as regras não acabam por aqui, durante o decorrer do ano lectivo/época desportiva, se o atleta não atingir as notas definidas pela instituição não poderá competir e/ou treinar, fazendo com que o atleta tenha que, não só produzir dentro do campo, como na sala de aula. Muitos podem questionar-se que estes jovem em muitas universidades têm as notas dadas e não têm que preocupar, acredito que possa acontecer, mas a NCAA é muito rígida e as próprias universidades nos últimos largos anos fazem questão de mostrar que o seu programa desportivo anda lado a lado com uma forte componente académica.

Num programa que a ESPN transmite todas as semanas chamado “All Acess Kentucky”, onde acompanha a presente época da Universidade de Kentucky, campeão universitária no ano passado, o seu treinador principal John Calipari referia que toda a equipa tinha acabado a época passada com uma média de 3,2, em 5 valores, algo inédito e que ajuda muito a recrutar jogadores novos devido à grande importância académica dada pelo departamento de basquetebol e muito apreciado pelos pais.

Sendo assim, de 15 em 15 dias entrego relatórios de presença de aulas e notas a cada jogador, que por sua vez têm que entregar aos seus professores para estes fazerem as avaliações e entregar-me preenchido, um mecanismo que me agrada muito e faz os atletas perceberem que um dia, quando a modalidade acabar, possam ter algo para prosseguir na sua vida.

Estas regras não são só das universidades, vêm dos liceus também, pois ainda a semana passada tivemos um atleta no Liceu de Trinity que só lhe foi permitido treinar metade do treino porque teve um 55% num teste de matemática em vez dos 70% mínimos definidos pelo liceu em todas as disciplinas.

Sinto-me um privilegiado por poder participar num sistema que, por mais defeitos que possa ter, enquadra-se naquilo que acredito, o desporto ao lado da escola, um ajudando o outro, um puxando pelo outro, será possível em Portugal começarmos a pensar em mecanismos parecidos? Sim!!! E tal como aqui, também existem professores que não gostam muito de perder tempo a preencher relatórios para atletas, pois é trabalho extra, mas no geral todos entendem o objectivo, sendo este ajudar a estruturar melhor estes jovens, de modo que a médio longo prazo possam tornar-se melhor pessoas, mais equilibradas e com um futuro mais seguro.

Eu Vejo-te...
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Comentários 

 
+2 #10 João Ribeiro 23-12-2012 18:58
Nuno, em primeiro lugar deixa-me expressar a minha satisfação pela tua sensibilidade a esta questão da relação Escola-Desporto.
Não obstante todos os defeitos que um sistema educativo-desportivo como o do EUA possa ter, há uma ideia base subjacente a todo o mecanismo: o Desporto é uma mais valia no processo de formação do indivíduo. A partir daí, sejamos realistas, todos os interesses podem ser satisfeitos: os económicos, os académicos e os desportivos. Como o fazem? De forma organizada e meticulosa. Se o subvertem? Acredito que sim, sendo esta sociedade altamente competitiva e não querendo perder por nada deste mundo. Se este sistema teria aplicabilidade em Portugal? Acredito que sim, mas garantida uma ideia base - O que queremos para o nosso desporto Infanto-juvenil - e ultrapassada uma falta completa de cultura desportiva. O que o nosso colega treinador João Oliveira escreveu e definiu um dia como provincianismo competitivo.
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+5 #9 José Almeida 31-10-2012 16:32
Caro Nuno Tavares,
Este seu artigo é uma lufada de ar fresco pois aponta caminhos que valem a pena serem pensados e discutidos. Espero que continue a publicar estas interessantes informações, pelo menos para quem se interessa pela problemática do modelo de formação e competição desportiva em Portugal sem nenhum preconceito.
O que refere leva a concluir que nesse modelo os jovens são considerados estudantes/atletas, pelo menos as regras são nesse sentido. Devo dizer que muita gente aqui em Portugal aprecia mais o conceito de atleta/estudante, se é que me faço entender.
Um abraço.
José Almeida - treinador de basquetebol
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+4 #8 Nuno Tavares 31-10-2012 16:10
Ricardo,

Obrigado pelo comentário. Cada universidade tem regras diferentes conforme o plano académico, enquanto no liceu faz-se testes semanalmente, nas universidades eles têm o que se chama "mid terms" ou seja, testes de avaliação a meio dos semestres. Caso um aluno/atleta não cumpra a média definida pela universidade, até aos próximos "mid terms" não poderá jogar e/ou treinar. Não fazemos testes semanalmente mas como disse, existem vários critérios em diferentes universidades. O que temos que realçar, independentemen te dos critérios, é que os atletas têm que manter uma média de notas pré-definida de modo a que posso continuar a jogar, o que faz com que perceba que só pode alcançar uma coisa se cumprir na outra. Todos os sistemas tem lacunas e perversões mas eu aprecio muito um sistema que faça a parte académica estar sempre presente.
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+3 #7 Ricardo 31-10-2012 15:41
Boas.
Caro Nuno, li o seu texto e é de facto uma leitura interessante, mas deixou-me uma simples dúvida. Por exemplo, jogo na NCAA e tiro 63% numa disciplina, sou barrado de treinar. Na semana seguinte, faço um teste e tiro 74%, posso voltar à equipa? Como é que funciona? Um abraço e boa sorte nos ''States''.
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+5 #6 Bruno Cazeiro 31-10-2012 13:37
Sr. João Videira, sou Professor de Educação Física e Sou treinador de Basquetebol, é com alguma tristeza que o vejo num site, ligado ao basquetebol, vir manchar o nome dos profissionais de Educação Física. Se conhece o ambiente escolar, os muidos sofrem de uma doença que se chama futebolite, na esperaça de serem o futuro CR7, ou figo ou messi pois é isto que lhes entra todos os dias em casa.
Quanto á cópia ou não de algum modelo, acho imperativo avaliar bem o estado da nação, pois o que serve para uma associação pode não servir para outra. não tenho qq cargo directivo sou simplesmente treinador e professor de educação física, por isso não estou a defender qq tacho, como dizem em cometários anteriores, nem sou professor no estado, sou avaliado por aquilo que produzo e acho que sou bom profissional das duas áreas que ensino.
desculpe a modestia mas da Europa somos dos melhores cursos de Educação Física.
um abraço
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+5 #5 Nuno Tavares 30-10-2012 15:31
João Videira,

Respeito a sua opinião, posso concordar em alguns pontos mas discordo completamente da maneira como se dirige aos treinadores portugueses e aos professores de educação física. Tenho o maior respeito pelos treinadores portugueses pois eu sou um deles e dei o salto para o basquetebol universitário americano (valendo o que vale) e talvez antes estivesse incluído na categoria dos "podres" e que ensina o jogo com uma qualidade média muito baixa. O problema não está nas pessoas mas sim no sistema que existe à volta para os fazer evoluir. Penso que temos que mudar algumas coisas mas não devemos por começar por pisar as partes negativas e nem olhar para o positivo. A nova classe de treinadores jovens é a mais bem preparada dos últimos anos devido à cultura global que estão inseridos e ao acesso que têm à informação. Eu sou daquelas pessoas que vê sempre o copo meio cheio mesmo sendo um treinador "podre"...
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-9 #4 João Videira 30-10-2012 00:13
parte II,

Há que encarar a realidade, das pessoas que você conhece que mais percebem de basket quantas são professores? É assim no basket mas também em todos os outros desportos, a realidade é que os carolas que tem outros empregos e que se privam de estar com a familia a horas decentes andam a ensinar desporto em excelência e os profs andam a passear fatos de treino na sua maioria. Muitos agarrados ao desporto escolar para terem horário completo, se calhar passariamos a situações como algumas que eu conheço, onde carolas vão dar treinos do desporto escolar porque é a única forma do professor de educação fisica que não percebe um boi de basket deixar que os seus melhores miúdos joguem no federado. Nos Estados Unidos o padre e o porteiro do hotel percebem mais de basket do que alguns treinadores famosos por cá.

Cumps
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-9 #3 João Videira 30-10-2012 00:10
Caro Nuno,
Se conhece Portugal sabe que a qualidade média dos treinadores aqui é muito pobre, e que a qualidade média do ensino do basquetebol na escola é ainda muito mais baixa, por vários motivos o principal a fraca popularidade da modalidade. No seu modelo levariamos as equipas para onde o ensino do jogo é quase ultrajante.
Os clubes existem e devem continuar a existir o que tem que acontecer é os conselhos directivos deixarem entrar os clubes nas escolas, e deixarem os clubes recrutarem e usufruirem das instalações construidas com dinheiro público.
A seguir temos um problema, os milhares de incompetentes de educação fisica que não sabem explicar desporto nenhum em condições mas explicam todos por alto, vão para o desemprego?
O desporto escolar é um cancro, não serve para nada e as aulas de educação fisica não ensinam rigorosamente nada a quem já faz desporto nos clubes.
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+2 #2 Nuno Tavares 29-10-2012 14:05
João Videira,

Os seu comentários são sempre bemvindos e por isso agradeço...nunca em nenhum dos meus artigos neste site disse que devíamos copiar seja que modelo, aliás o "copiar" é totalmente errado porque o pais, a cultura, a população, entre outros é completamente diferente.Não entendeu a razão porque não se faz campeonatos nacionais, não tem haver com o tamanho do pais, porque o único modelo de campeonato nacional que existe no mundo não é o nosso onde nos obriga a deslocações constantes (e aqui se eles quisessem fariam), eles simplesmente preferem jogar mais jogos do que andar a perder tempo a esperar que acabe regionais de um lado para fazer jogos com outros estados, este é um dos conceitos. A % de professores de educação física que são treinadores aqui é mínima (talvez como em Portugal).Apenas relato o que aqui vejo, existem coisas boas, existem coisas más. Se cada escola tivesse uma equipa de sub-14 em Portugal...basta fazer as contas...
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-6 #1 João Videira 29-10-2012 02:56
E em vez de copiarmos o programa americano que é de uma outra galáxia, que tal copiarmos o modelo espanhol que por sinal está bem aqui ao nosso lado.
Parece-lhe mal? É que os moços nos ultimos anos vão sempre á final com os americanos. Assim em vez de mudarmos tudo, mudamos só pequenas coisas que nos aproximarão do patamar superior. No outro artigo disse que nos Estados Unidos eles não se preocupam com finais nacionais, ok tudo bem está correcto!
Agora podemos falar da outra parte? Daquela parte onde os Estados Unidos são um continente e que viajar de Boston a Los Angeles é mais longe do que Lisboa Kiev.
Porque não dizer que alguns estados são bem maiores do que alguns paises da União Europeia?
Convém sempre ver os dois lados. Já agora quem é que treinava as equipas em Portugal no seu modelo, os nossos "bem preparados" professores de educação fisica?

Abraço
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