O nosso basquetebol está dividido em 21 associações, que compõem o mapa geográfico da nossa modalidade, mas até que ponto estas associações estão trabalhando em conjunto?

O basquetebol é um jogo de equipa, que suporta valores estruturais fundamentais para o desenvolvimento do jovem atleta, e este jogo de equipa faz com que todos os elementos, do jogador ao treinador, do seccionista ao pai, trabalhem de modo a que todos estejam a rumar na mesma direcção, com objectivos bem definidos e com metas reais de modo a que no final haja uma sensação de cumprimento e realização. Mas estes aspectos deverão transpor as equipas e devem começar pelas entidades que regulam e suportam a modalidade.

O trabalho das associações são importantes para o desenrolar do jogo, não só pela organização dos campeonatos distritais, selecções regionais, concelhos de arbitragem entre outros, mas até que ponto é que existe um plano delineado onde todas as associações trabalhem em conjunto de modo a que uma grande parte das suas medidas sejam transversais do Algarve ao Minho?

Dando o exemplo das selecções nacionais de formação, seria interessante se fosse criada uma rede entre todas as associações com supervisão do director técnico nacional (e o coordenador das selecções mais os seus treinadores) de modo a que fosse criado centros de talentos onde fossem acompanhados os jogadores com maior potencial a médio/longo prazo. Estes centros de talento não teriam que ser estruturas físicas mas sim a criação de um gabinete regional que acompanhavam os jogadores com mais potencial, realizando treinos com regularidade, envolvendo os treinadores e clubes da região. Algo do tipo já é feito, por exemplo, em associações como Coimbra e o Lisboa (entre outras) mas por sua iniciativa e não como um trabalho de desenvolvimento a nível nacional. As selecções regionais não são criadas ou reunidas com este intuito, são escolhidos os jogadores com mais qualidade no momento o que muitas vezes não significa que sejam, a médio/longo prazo, matéria de selecção nacional. Outra vantagem seria observar jogadores no pais todo e não tendo apenas convocatórias para estágios entre Setúbal e o Porto, precisamos de um pais todo envolvido e não apenas um parte dele, estando a cometer o mesmo erro de outras partes da sociedade onde concentrou tudo no litoral e numa extensão de território reduzida, desertificando todo o resto.

Sendo da opinião que temos associações a mais e mal distribuídas ( como referia San Payo Araújo em alguns dos seus artigos), estas associações tem um valor tremendo, tendo já estruturas montadas e com alguns automatismos criados prontos para ajudar a desenvolver o basquetebol a nível nacional mas para isso a federação precisa de assumir o seu papel de órgão máximo e unificar todas as associações e os seus directores técnicos num projecto nacional a médio/longo prazo (nada se faz de um ano para o outro, temos que dar tempo ao tempo),envolvendo clubes, árbitros, escolas, autarquias, associações de solidariedade, entidades privadas, entre outros.

A primeira pergunta que deveremos fazer é: o que queremos daqui a 10 anos? Onde queremos estar? Que objectivos temos? Queremos construir de baixo para cima?

Deveremos ouvir todas as associações, DTR´s, clubes, treinadores, árbitros, saber o que todos pensam sobre o jogo, as estruturas, o que está bem e mal, o que se pode potencializar e o que se pode anular, sem olhar para baixo mas sim para a frente.

Temos um pais ao nosso lado que já percebeu como se faz à muito tempo, não temos que o copiar, e não podemos usar sempre o argumento que tem mais população, que são mais altos, mais ricos, não temos que os imitar, não devemos imita-los mas sim ouvi-los, pedir conselhos e depois decidir o que devemos fazer para nós. Existem jovens altos em Portugal, eles estão nas escolas de todo o pais, mas é preciso realizar um trabalho de base de modo a que possamos traze-los para a nossa modalidade, já que não podemos acabar com a formação dos clubes e passa-la para as escolas, então devemos ir às escolas procurá-los, mas mais uma vez, todos envolvidos num projecto nacional e não o trabalho de alguns clubes ou associações.

São tudo uma questão de prioridades.

You know!

Este texto está redigido segundo o novo acordo ortográfico